2005-12-28

Galileu ao cubo

Aos céus subiu hoje um cubo recheado de sensores e equipamentos para experiências científicas no âmbito o projecto Galileu, um sistema europeu de localização, mais rigoroso que o GPS e que terá finalidades comerciais mas também de busca e salvamento e sinal aberto.

Será talvez o mais exacto referencial de localização terrestre, com base num sistema de 30 satélites artificiais em órbita e no mais exacto relógio atómico construído pelo homem.

É também um projecto de desenvolvimento da indústria espacial europeia, agregando universidades e empresas, governos e cientistas de vários países, num gigantesco esforço financeiro, tecnológico e de cooperação internacional.

Boa sorte então para este Galileu, já que o físico, matemático e filósofo que o inspira teve que negar a realidade em que acreditava para poder sobreviver à tirania da ignorância.

Para além dos avanços científicos que realizou a partir da utilização da luneta, Galileu instituiu um novo sistema de pensar o mundo, criando novos conceitos para o explicar, como o “sistema de inércia” que permite compreender o movimento relativo de objectos na superfície de um corpo maior, admitindo a hipótese já defendida por Nicolau Copérnico e Giordano Bruno, mas também por Aristarco, trezentos anos antes de Cristo.

E à luz do que sabemos hoje, talvez os construtores das pirâmides e mesmo povos mais antigos conhecessem já o movimento da Terra em volta do Sol, facto apreensível pela experiência (um momento segundo, para Galileu) mas, sobretudo, pela racionalidade humana.

Glória ainda a Galileu, que jametinhadito: "A filosofia está escrita nesse vasto livro permanentemente aberto aos nossos olhos (quer dizer, o Universo), livro que não poderemos compreender senão começarmos por aprender a conhecer a língua e os caracteres em que está escrito. Ora, ele está escrito em linguagem matemática e os seus caracteres são o triângulo e o círculo, e outras figuras geométricas, sem as quais é humanamente imposível compreender-lhe uma só palavra.

Oxalá o primeiro cubo hoje lançado ao espaço semeie a decifração das linguagens de que é feito o universo... !!!
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2005-12-24

anjos

O Público, os Bombeiros e a Emergência Médica dão-nos hoje, véspera de Natal, a terrível notícia do falecimento de duas meninas, de três anos e seis anos, devido a inalação de fumo durante o incêndio do seu quarto.

Segundo a terrível notícia, estariam sozinhas em casa, que não dispõe de água nem electrricidade.

A terrível notícia jametinhadito que causas ainda estão por apurar...

Mas apurar o quê ?

A solidão, o desamparo, a falta de condições condignas ?

É muito triste e a dor cola-se à pele e ao coração, de nada podermos, de nada fazermos, de nada sabermos, nem os nomes das crianças...

Resta-nos a prece, para que Deus as receba em paz e as reconforte como merecem.

Mas tem havido uma sucessão de casos de carência, indiferença ou mesmo deliberada maldade sobre crianças, que inquieta e cala fundo a interrogação de quantas crianças correm perigo...

Ao menos no Natal, tempo de memória, entreajuda e concórdia, lembremo-nos de que a celebração é precisamente para lembrar e agir pelos mais carecidos, pelas crianças, pelo próximo !

E, como em boa hora diz mensagem amiga, façamos do resto do ano e do ano 2006, uma extensão daquilo que só lembramos nesta quadra: os outros...



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2005-12-19

pre-censura

Luís Botelho Ribeiro, cidadão português, professor, conhecido na aula de electrónica da faculdade de engenharia da Universidade do Minho, em Guimarães, jametinhadito:
a) vai pre-candidatar-se a Presidente da República, de Portugal!
b) vai entregar as assinaturas para a semana, com adiantamento de um terço a título de sinal!!
c) vai fazer greve de fome a seguir ao almoço, vitimizado de censura, por via de omissão televisiva, à sua pre-candidatura!!!

a censura, hoje censurada, esconde-se e actua na clandestinidade, mascarada em várias modalidades como a pre-censura, a censura disfarçada ou a censura antecipada

mas a censura vai mais adiante e tenta mesmo eliminar candidatos: é o caso da lamentável atitude do PS, interpostamente pela voz dos autorizados dirigentes Jorge Coelho, António Costa e António Vitorino, apelando à desistência dos “outros” (???) candidatos de esquerda; aqui pode haver uma estratégia, coerente com a escolha de Mário Soares para candidato oficial – o objectivo pode ser garantir a eleição de Cavaco Silva, eventualmente por compromissos não explicitados mas hoje na vox populi

é assim que entendem defender, exemplificar e promover a democracia ? consideram que a democracia se reforça pela desistência dos titulares de ideias diferentes ? então e tudo quanto estipula a Constituição da República sobre os direitos fundamentais, os direitos políticos e de cidadania, a liberdade de expressão e opinião ?

a mesma censura age ainda por modo mais subtil, tentando fazer crer já eleito certo candidato, em pose de facto consumado e arreliado por ter que ir a votos, ao ponto de se incomodar com debates, interpelações e perguntas e de se mostrar aborrecido de morte com a hipótese – porém cada vez mais provável – de haver segunda volta eleitoral

tanto chegaria para demonstrar que é redutora e mesmo insuficiente a análise esquerda/direita quanto às próximas eleições presidenciais, pese embora a valia das respectivas diferenças

a verdade é que há muito mais, estão mais dicotomias em jogo: por exemplo, candidatos partidários/não partidários; candidatos com/sem apoio partidário, incluindo um com o próprio partido contra

a partir daqui, com o devido registo de interesses: o Ditos apoia a candidatura de Manuel Alegre!

por razões simples:
- é um político no activo e não um ex-político ambicioso ou calculista;
- é o que fala de temas que podem gerar entusiasmo pelo exercício da função presidencial
. igualdade de oportunidades, incluindo entre mulheres e homens;
. aposta na educação, formação e qualificação das pessoas como via de assegurar a realização das mudanças de que o país precisa;
. ética e valores da cidadania, do seu livre exercício e dignificação;
. afirmação da identidade nacional e da lusofonia;
. afirmou concorrer pelo país e contra a crise, não contra outros candidatos;
. é o único que fala do 25 de Abril;
. é o único que recorre a uma linguagem cultural para exprimir os seus conceitos e entusiasmar os seus apoiantes ou para tentar cativar hesitantes - para a competitividade, a economia e a tecnocracia está lá o governo...;
. é corajoso, vem da resistência e luta pelos seus ideais

- tem o dom da palavra - e a palavra é fundamental na magistratura presidencial: é fundamental que o Presidente fale e conquiste o coração dos portugueses e como tal é fundamental que os candidatos falem do que pensam, debatam com todos abertamente e exprimam fundamentadamente o que pensam, não chega a pretensa obra feita no passado nem chega pedir carta branca e cega confiança
- tem mensagens inteligíveis e interessantes, dirigida aos cidadãos e não apenas aos opinion makers
- tem uma divisa admirável: liberdade, justiça, fraternidade

são razões, umas valerão mais outras menos, mas são razões que impressionam positivamente

e também por um sentimento: Manuel Alegre surge nesta eleição como um D. Quixote, vogando em ventos alterosos, radicalizados, enfrentando poderosos (disfarçados de) moinhos de vento a que ética e elegantemente atribuiu o estatuto de adversários políticos, mesmo quando alguns se comportam como inimigos, ainda que estejam precisamente no lado do campo onde se esperava encontrar amigos; apresta-se a bater-se contra máquinas partidárias, preconceitos vários, sondagens perniciosas, desconsiderações diversas, muita batota, cinismo, interesses que tentam ocultar-se...

mas prossegue o seu caminho, tem gerado muitas simpatias, até as sondagens têm melhorado, sobretudo as que davam grande folga a Cavaco Silva para uma vitória à primeira volta e que sondagem após sondagem têm vindo a perder folga, havendo já uma ou outra que admitem a hipótese de segunda volta

a ver vamos e o facto de se não atemorizar perante os cenários iniciais tão deliberadamente enegrecidos por muita esquerda e por toda a direita - hoje já menos tenebrosos, começando a dúvida a insinuar-se junto dos que anunciavam votar Cavaco apenas pela convicção generalizada de que ganharia de certeza... e não havendo certeza, cai uma forte afinidade para os se limitam a tentar acertar no vencedor, providencial

e a dúvida já se instalou, pelo menos quanto à suficiência da primeira volta

mas o Ditos não é político nem fará campanha nem argumentará que um candidato é melhor que os outros nem recorrerá a cartilhas, para o que de todo em todo seria inábil

mas não deixará de tentar refutar-se demagogias, sapos, desistências trambolhistas, dirigentes partidários palavrosos e afoitos em busca de tempo de antena gratuito e subsídios do Estado e dos contribuintes para eternos participantes profissionais em todos os escrutínios, comentadores sectários, políticos interpostos, jornalistas demasiado próximos de facções e o que mais se espera de tão costumeiro e vezeiro

e, se se proporcionar, o Ditos procurará contribuir para esclarecimento de temas relacionados com a campanha

sem censuras nem vencedores antecipados !



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2005-12-16

intelligence

embora sem link, o Financial Times de ontem, 15 de Dezembro de 2005, tem duas das suas enormes páginas (5 e 11) inteiras sobre as eleições no Iraque !

é evidente que se vota a melhor sorte ao povo do Iraque e o melhor sucesso do processo eleitoral, do processo parlamentar e do processo de democratização da nação, das comunidades e do estado iraquianos, o que a confirmar-se - oxalá ! - muito beneficiará as populações do país, da região e do mundo árabe - também para que não tenham sido em vão os milhares de mortos de várias nacionalidades que ensombram o passado recente do Iraque

mas além disso, na 1ª página, ao lado da foto central a 5 colunas do nosso Presidente europeu José Barroso, a 7ª coluna vai à boleia do processo eleitoral para o Parlamento iraquiano para noticiar que Bush admitiu ter decidido a guerra no Iraque com base em informações erradas !!!???

curiosamente, há um estranho emprego das aspas no título que anuncia a confissão de um estranho emprego das armas

de facto, a dita 1ª página do sempre salmático e habitualmente fleumático FT jametinhadito "wrong" intelligence

a difícil leitura não permite descortinar o porquê das aspas, talvez as aspas tenham origem no discurso assim respeitosamente noticiado... talvez lá estejam a conselho dos advogados do FT... ou porque o respectivo director, editor, titulador ou seja quem for, tenha ... digamos, medo, cautela, prudência

ou talvez as aspas estejam mal postas, seriam melhor empregues noutra expressão (intelligence?) ou não devessem de todo lá estar

mas também pode ser que, um dia, a progressividade das coisas e os tempos que virão depois de tempos tudo esclareça

por exemplo, pode ocorrer só a título de exemplo, virá um dia a saber-se (ou mesmo a reconhecer-se) que a dita intelligence foi mandada errar

abram aspas





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à espreita



esta é uma Ditosa do PREC - processo de recuperação em curso - pois vem lá de Outubro e não se farta de aprender...


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vamos!

em redor da Quadra Natalícia, talvez qualquer um se possa deparar com um pequeno volume de Contos, intitulado "Vésperas de Natal", em que a D. Quixote edita diversos textos de vários autores: Helena Marques, Inês Pedrosa, José Eduardo Agualusa, José Riço Direitinho, Lídia Jorge, Luís Cardoso, Manuel Alegre, Mário Cláudio e Rui Zink, inéditos uns, mais ou menos antigos outros

um exemplar da 2ª edição, de 2002, tem na página 74 a conclusão de um conto já publicado, em 2000, que jametinhadito assim:

"...
- E agora, perguntei a Baltazar ?
- Agora, respondeu o africano apontando a estrela, agora vamos para Belém."

vai um doce para quem votar no autor ?



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2005-11-21

GaivoTavira



esta tem crédito: Joana Vasconcelos, a quem peço desculpa pela transfiguração em gaivota de tal bezidróglio aéreo, em exposição no magnífico Palácio da Galeria; mas em Tavira, bem poderia ser mesmo uma gaivota, lá é tudo em grande, as águas multiplicam-se por quatro e as igrejas por trinta


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Santa

no âmbito do Congresso da Nova Evangelização (Cristo Vivo) a igreja católica jametinhadito que pretende valorizar o papel da mulher na Igreja

o tema é auspicioso e prometedor, merecendo algum cuidado e estudo

voltaremos, pois



PS - quanto se viu, andava mais pela exibição e adoração da imagem de Nossa Senhora de Fátima e das relíquias de Santa Teresinha...


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2005-11-15

Filhos da República

Pedro Lomba, no DN de 11.11.2005, jametinhadito que “A França é de momento um caso de polícia. Depois, sim, quando a violência acabar, será um caso de política social e de política de integração. Primeiro a ordem, depois o progresso.”

Já (ques) Chirac, o Presidente de França, acha que "Quaisquer que sejam as suas origens, as crianças dos bairros difíceis são todos filhos e filhas da República".

As duas perspectivas são claramente antagónicas: o cronista do Diário de Notícias pretende significar que há desordeiros a por na ordem imediatamente e depois então se verá de eventuais razões que lhes assistam ou se há especiais dificuldades atendíveis de que sejam titulares; mas o estadista francês sublinha que importa repor a prioridade política da igualdade de todos os cidadãos perante o Estado, sem prejuízo da necessidade de actuação contra os actos de violência.

Uma análise um pouco mais consequente permitiria ainda extrair do princípio enunciado por Chirac um outro corolário: o mal estar da sociedade francesa para com a discriminação a que votou os jovens dos subúrbios foi agudizado, na origem dos tumultos e perturbação da ordem pública, por um acto político irresponsável, até agora sem remorsos do “veneno” que espalhou sobre a comunidade, atribuindo descuidada ou deliberadamente o epíteto de “racaille” (escumalha) sobre grupos de jovens incluídos precisamente na injusta discriminação social que o Presidente francês reconhece.

Mas se a França ainda não extraiu o corolário devido, terá que aceitar prolongar o convívio com a consequência necessária, havendo porém o perigo de o consolidar e enraizar, fundando afinal a segregação antagónica e destruidora dos princípios republicanos da igualdade, justiça e fraternidade.

Caberá ao Governo e ao Presidente francês um papel decisivo na pacificação, porém incompatível com a manutenção do Ministro Sarkozy, de cuja actuação a França não se pode orgulhar nem agradecer.

A prevalecer a cegueira do primado da ordem sobre a justiça, nem se acaba com a desordem nem com a injustiça.










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2005-11-13

parentes

as conversas em família de Marcelo Rebelo de Sousa coincidem com os momentos mais intensos da angústia da semana que vem, o tempo em que a inevitabilidade da segunda-feira, mais uma, cresce até ao amargo

talvez por isso apetece sobremaneira culpar os serões marcelistas de toda a maléfica associada ao retomar da laboriosa rotina semanal

depois, começa a ser evidente o sectarismo a favor de Cavaco Silva, encontrando sempre o ardil mais rebuscado para propangandear Cavaco à viva força... vai um dos exemplos de hoje: referindo-se à sondagem do Expresso, considerou quanto à posição atribuída a Cavaco que será muito interessante comparar com sondagens ... futuras !?? dá-se o caso de haver uma descida contínua como o facto mais relevante face às folgadas maiorias absolutas com que vinha das sondagens anteriores, agora já no limiar da passagem à segunda volta

e o sectarismo expande-se à crítica ao Governo do Partido Socialista: pretendendo que Primeiro Ministro reconheça suposta violação do programa eleitoral, como se a desconformidade das contas dos Governos de Durão Barroso e de Santana Lopes fosse pressuposto obrigatório para a elaboração de programas eleitorias da então oposição !

mas Marcelo afirma que há um dever de reconhecimento de suposto erro de José Sócrates, por confiar nas contas do Estado apresentadas pelos Governos do PPD/PSD e do CDS/PP - e como tal, insiste que Sócrates deveria confessar e jametinhadito que "não lhe cairiam os parentes na lama"

o mesmo dito para o Ministro Manuel Pinho, que deveria também reconhecer o problema da retoma da Economia e patatipatatá...

e repete a patranha dos parentes na lama para com Marques Mendes, uma vez que os Governos do PSD também deram luz verde às construções do do TGV e do aeroporto na OTA

ora bem, embora tal seja de somenos no verdadeiro atropelo às regras do tempo de antena dado em condições abusivas ao apoiante de um dos candidatos em plena corrida das eleições presidenciais, certo é que já enfastia a deselegância dos "parentes na lama" de Marcelo

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2005-11-07

no seguro

uma jovem cidadã residente na periferia da capital francesa manifestava ontem o seu acordo aos actos violentos ocorridos nos arredores de Paris (entretanto alastrados a outros pontos de França) asseverando não haver prejuízos porque os carros incendiados estão ... no seguro !!!

a ignorância pode ser o pior dos inimigos e por vezes anda perto da vileza, se é que há de facto inegenuidade na afirmação da jovem residente do subúrbio parisiense

de todo o modo, causa um arrepio lembrar as manifestações de júbilo filmadas em Bagdad e noutros locais a propósito do ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque, ou a a resignada compreensão em tempos dedicada à condenação à morte de um escritor crítico de certas atitudes dos dirigentes de alguns países muçulmanos

vem sempre à memória o aviso lúcido de Bertold Brecht: parece que não é nada comigo e ...

e jametinhamdito que a atitude francesa de proibir os sinais religiosos ostensivos acendeu um rastilho e criou tensões

oxalá a normalidade e o bom senso prevaleçam, de modo a que todas as razões possam fazer-se ouvir de modo pacífico e elevado, evitando a perda de vidas e bens



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2005-10-31

Princesa

… e Leonor nasceu !

Bom dia, Leonor !!

Filipe Bourbon de Espanha, Príncipe das Astúrias, o pai babado, jametinhadito que este nascimento materializa a sucessão

com efeito, os socialistas que governam em Espanha dispõem-se a mudar a lei constitucional que rege a sucessão, ainda conferindo em exclusivo aos herdeiros varões o privilégio ao trono

a confirmar-se a superação desta bizarra e anquilosa condição, o nascimento de Leonor poderá simbolizar mais um passo no caminho da igualdade de direitos entre homens e mulheres !!!

fruto da união entre a plebeia Letícia Ortiz e o herdeiro da Coroa Real Espanhola, a novíssima Princesa poderá talvez ajudar a atalhar caminho à queda de outras barreiras infundadas que subsistem nas sociedades de hoje

oxalá


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2005-10-22

ACP 1 - ICEP 0

no rescaldo da apresentação do Orçamento de Estado, o Presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira jámetinhadito que o ICEP é um caso de utilidade reduzida para os custos que comporta, razão porque deveria deixar de existir

assim se fala claro em português e em Portugal

o nosso país dispõe de uma rede complexa e de uma tradição de asociativismo empresarial e as estruturas respectivas bem poderiam ser responsabilizadas e enobrecidas com um conjunto de funções relacionadas com a defesa de interesses próprios

do lado das vantagens inscrevem-se, pelo menos, a forte convicção de os interessados cumprirão melhor tais funções que o Estado, têm os conhecimentos, as competências e as vontades - em vez de se gastar dinheiro com serviços públicos, consultores, edifícios sede, despesas de representação, etc, etc, etc

e de uma vez por todas deixar-se-ia a sempiterna lamúria de que o Estado fez mal ou não fez ou não apoia ou não promove ou não defende ou não comparece ou não está onde é preciso ou não tem competência ou não sabe gerir - pois não ! que tratem disso os próprios interesados e que deixem de se queixar e de consumir recursos escassos

o Orçamento de Estado tem mais, muito mais, por onde se lhe diga, digo, por onde se lhe deite o Dito



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2005-10-21

bloqueio da esquerda

curioso o debate presidencial da RTP1, ontem ao serão

quem mais falou não estava lá, resguardou-se propositadamente no telejornal quando o maralhal ainda não está a tratar das crianças, da deita, da novela, da bola, do nimas, da bica e digestivo, da leitura, da abstração, da distração, do treino, do ensaio, da sessão, da arrumação, do almoço p'rámanhã, das horas extraordinárias (ah! Sérgio Godinho) ou diatribes várias que o final do dia reserva cansada ou evasivamente a quantos e tantos labutam pelo pão e pela nação

então parecia uma discussão dos pecanitos; os outros; não interessa quem; não lá estava quem interessa; eram segundos, terceiros, duplos, sósias; representantes; procuradores, uns com procuração e outros nem; de cartilha, uns; de pacotilha, outros; amigos, alguns; empregados, também, uns mal e outros bem; a mando; a pedido; voluntários; do partido; admiradores; ambiciosos; bajuladores; havia de tudo

mas ao que interessa: perguntada se desistia, Ana Drago disse não; e se percebia que com isso dividia; Ana Drago disse não; e se se importava que assim ganhava a direita; Ana Drago disse não

a repetição é mais que ritual, é estratégica

malgrado o nome enganador, o Bloco de Esquerda só existe para aumentar as chances da direita, jametinhadito

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2005-10-20

como na TV

muito depois de referenciado como um dos eleitos do Ditos, Miguel Gaspar foi galardoado pela Casa da Imprensa, vencendo o Prémio de Crónicas, por causa das que publica jornalmente no Diário de Notícias

humilde, na cerimónia de atribuição que decorreu no Casino Estoril, Miguel Gaspar jametinhadito que se trata do reconhecimento da crítica de televisão

de facto, desde Mário Castrim não havia nada assim na imprensa e na comunicação social portuguesa, sobre as diatribes da TV

e dá gosto ler Miguel Gaspar mas não é bem sobre TV que faz as suas crónicas: é mesmo sobre a vida

talvez aqui se aplique também a conclusão a que há dias chegou João Abrantes, Provedor do leitor no Diário de Notícias, perorando sobre os limites estipulados no respectivo estatuto para as suas atribuições: há que escrever sobre quase tudo !!!

sobretudo, muito sobre a sociedade portuguesa, política incluída

mas também sobre o mundo em geral: a vida está globalizada em grande parte justamente por força do fenómeno televisão e de outras tecnologias que oferecem o mundo inteiro a todo o mundo, multiplicando fragmentos e fragmentando instantes em simultâneo

tal sucede directamente e em tempo real mas também por mil formas de mediatização, que reflectem e em que se reflectem as escolhas televisivas, com responsabilidades repartidas pela influência dos políticos, pela omnipresença dos investidores detentores de interesses empresariais, incluindo publicitários e grupos de comunicação, bem como pelo público que faz as audiências, revelando e "vendendo" as suas preferências, não apenas televisivas mas opções de voto e de vida, senão mesmo de alma

como nos jogos de espelhos sobrepostos, vida e TV reflectem-se mutuamente, até ao infinito

tudo isso captam os profissionais do sector, como insiste em mostrar-nos - e interpelar-nos - Miguel Gaspar, em escritas prazenteiras, crónicas acertadas e críticas certeiras !






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2005-10-18

futebolês

as línguas em que nos entendemos são sempre benvindas e o futebol tem esse especial condão

de facto, jametinhamdito que há mais países na FIFA, a organização mundial do pontapé na bola, do que na ONU, uma colectividade de menor aderência de nações com as quotas em dia

há dias Timor Leste foi admitido à cidadania da bola, o 206º país a entrar; a ONU não chega a tanto

entretanto, as competições prosseguem o seu curso, sendo que as selecções nacionais do Brasil, de Portugal e de Angola (é difícil conceber outra ordem...) estão apuradas para o próximo campeonato do mundo, em 2006, na Alemanha

é festa lusa, concerteza, mais rija em Angola, desde logo pela novidade mas também pelo grau de dificuldade e pelo inesperado do feit

Pepetela bem agoirou, certeiro, porque há muito de injusto na esperada repartição desigual dos benefícios da participação de Angola no mundial

mas um povo em festa é sempre melhor que aos tiros, à míngua ou a carpir

em jeito de exemplo, se palestinianos e israelitas praticassem mais a rivalidade futebolística, crê-se, dedicariam menos energia à destilação do ódio, pois no futebol o adversário é a camisola de cor diferente e não o seu atlético portador

na Libéria, o conhecido futebolista George Weah disputa as eleições presidenciais, está mesmo a caminho da segunda volta com a reputada economista Ellen Johnson Sirleaf

Weah é um velho conhecido dos portugueses por via de episódio menos edificante envolvendo agressões recíprocas a um colega de profissão; mas além de destacado praticante do seu ofício, venceu também títulos de fair play

e pode bem ser o alento de concórdia, motivação e aproximação aos padrões internacionais de que tanto precisa o massacrado povo liberiano



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2005-10-16

puxa-saco

desde há muito que é impossível ler o Expresso, autêntico saco e muitas vezes mesmo um grande puxa-saco, de tão ostensivamente sectário

perdura a memória da frieza olímpica do despedimento de João Carreira Bom, porque jametinhadito umas verdades sobre o patrão da SIC, Pinto Balsemão, igualmente patrão de José António Saraiva, que levou muitos leitores a deixar de comprar o Expresso

de facto, dá-se uma vista de olhos, em casa de algum familiar ou amigo, quantas vezes intocado dentro do respectivo saco publicitário

novidades também não há, para além do frequente tremendismo de muitas parangonas de primeiras páginas, aliás desmentidas pela generalidade da comunicação social nos dias imediatos e pelo próprio Expresso na edição seguinte, a contragosto e em letras pequeninas no interior

hoje, na última página do Público, Vasco Pulido Valente nada arrisca ao apelar a que apareçam concorrentes à altura

verrinoso como de costume, Vasco Pulido Valente dá nota da mudança do director do Expresso como sintoma de fraqueza ou de fracasso de uma história contada, em poucas linhas, desde o favor pessoal de Marcelo Caetano aos jovens liberais, a símbolo e esperança de uma vida democrática após o 25 de Abril de 1974 e à vacuidade de vender papel durante o longo consulado a cargo de José António Saraiva

mas o que verdadeiramente intriga Vasco Pulido Valente é que a classe média o continue a alimentar - devido à própria iliteracia, diz – reinvindicando ainda que o país precisa de um jornal concorrente

fica por saber como: em Portugal, os que sabem ler são os mesmos, porque haverão de comprar outro jornal ?

parece bem que o melhor é confiar na mudança e isso talvez possa estar nas mãos do novo director, Henrique Monteiro, que tem muito a recuperar de 22 anos de perda de prestígio e credibilidade



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2005-10-11

autarquias 2005

se é que há de facto uma surpresa, é persistente: após tantos protestos e reivindicações, denúncias e reclamações, processos e acusações, comentários e opiniões, análises e interrogações, vai-se a ver e ... tudo na mesma !

temos então o que queremos ? merecemos mais ?

explicações há várias, pessoais, locais e nacionais - veja-se excelente apreciação no editorial de Sérgio Figueiredo, no Jornal de Negócios de ontem, 10 de Outubro

objectivamente, mudaram escassas autarquias e, inclusivamente, mantém-se no essencial o nível de apoio autárquico ao partido que suporta o governo mais duramente contestado a nível social desde as fases mais agudas da agonia cavaquista - dir-se-ia que afinal tudo vai bem, qual então a razão para tão ruidosos protestos e reivindicações ?

resta esperar que, nos Tribunais, a lei imponha enfim o seu império e permita corrigir ainda alguns casos, atípicos, do panorama autárquico nacional

e que as reformas em curso e a empreender prossigam corajosamente a trilha de questionar ilegítimos ou onerosos privilégios que atravancam o desenvolvimento harmonioso do país

o mais, perder ou ganhar é democrático !

mas volta a fazer-se ouvir o esplendor e a lucidez do Poeta: se o mundo é feito de mudança, a maior mudança é já não mudar tanto como soía

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Angela

com o voto popular do eleitorado alemão e o acordo de Gerhard Schroeder, a Alemanha terá a sua primeira mulher Chanceler, a pessoa mais jovem a ocupar o cargo, Angela Merkl

parabéns à própria, é claro, mas também à Alemanha e, creio bem, à Europa

a multipartidária solução encontrada, embora ainda haja caminho árduo a percorrer, dignifica em muito a nobreza do gesto e decisão de Gerhard Schroeder, que exerceu honrosamente o cargo em condições difíceis, teve um excelente resultado eleitoral que permite ao SPD manter um contributo significativo na condução política e governativa da Alemanha, sabendo ceder o poder como apenas o fizeram raros grandes da história recente –Botha, Mandela, Gorbachov – em benefício do seu povo e do mundo

felicidades então para Angela Merkl e para a supercoligação governamental que vai dirigir

um voto ainda para que se não cumpram as profecias que a dão como versão nova e alemã de Margaret Thatcher – o que se espera é que as mulheres cheguem à liderança e a exerçam como mulheres, usando e oferecendo as qualidades e virtualidades femininas!

de nada adianta eleger mulheres para se comportarem como mulheres-homens, sargentos, generais ou políticos normais

Angela Merkl doutorou-se em Física em Berlim, na antiga Alemanha de Leste, pelo que reúne ainda outros elementos e vivências intelectuais e espirituais que podem qualificar o seu contributo para os grandes desafios alemães, da consolidação da unificação à chama da progressão tecnológica, científica e económica de que a Alemanha e a Europa carecem para uma participação activa na construção de um mundo melhor

merecidamente, muito boa sorte !




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2005-10-06

gaivota azul



tem direito a pista a Ditosa outubral: contra o que aparenta, é real



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2005-10-04

fazer de contas

agradecidamente, o comentador Guilherme d'Oliveira Martins jametinhadito que se despede hoje (4 de Outubro) dos seus leitores do Diário Económico ... "por causa das novas funções que irei assumir dentro de dias"

em rodapé, o DE deseja felicidades esclarecedoras, especificando "...funções no Tribunal de Contas"

e em extenso artigo de Política, umas páginas antes da dita última crónica, o DE explicita exuberantemente que o Presidente da República deliberou e concertou a dilação do início das "novas funções" de Guilherme d'Oliveira Martins, por via de cuidados de resguardo face a polémicas partidárias próprias das eleições autárquicas

é forçoso concluir que a confirmação presidencial e subsequente tomada de posse de Guilherme d'Oliveira Martins causaria novo chorrilho e pateada geral em vésperas de ida às urnas, compreendendo-se bem o recato de Jorge Sampaio

mas também fica muito claramente visto que toda a gente vê a quem afectaria tal suposta perturbação

a dúvida recai então sobre as razões reais, digo, presidenciais, para o arranjo entre o prolongamento em funções, por mais uns dias, do anterior titular do cargo de Presidente do Tribunal de Contas, bem como o correspectivo diferimento da cerimónia e do início de funções do novo titular, face ao prazo legalmente estipulado, que escorregará o mesmo número de dias para data mais conveniente

de facto, o Governo propôs o Vice-Presidente da bancada parlamentar do PS, em cujas listas foi eleito deputado, para exercer as isentas funções de controlo da actividade governativa

pelos vistos, o Presidente da República dispõe-se a aceitar a façanha, como se de um exemplo democrático e de ética republicana se tratásse

mas Sua Excelência, o Presidente Jorge Sampaio, além de pactuar com a tramóia governamental, também já terá segredado a sua decisão a Guilherme d'Oliveira Martins, assim legitimado a despedidas nas páginas do jornal onde tem feito a defesa encomiástica do Governo que irá fiscalizar com isenção

e o maquiavelismo completa-se com a verdadeira manobra de isentar (sempre há razões de isenção) o Governo e o respectivo partido das mais que justificadas queixas da totalidade da oposição e de outros sectores apartidários, assim benefeciando o infractor, com a desculpa de que é necessário "sublinhar a isenção do cargo"

qual isenção ? no regime do Estado de Direito é absolutamente irrelevante a isenção declarada pelo próprio; o que conta é o decoro e a efectiva distância, incluindo a indispensável salvaguarda das aparências que os agentes do Estado, maxime o mais alto magistrado da Nação, têm o imperioso dever de respeitar - para o poderem fazer respeitar e poderem fazer-se respeitar

chama-se a isto fazer o mal e a caramunha


observacoes sao bem vindas

azul irresistível

na sua coluna de 3 de Outubro, José Carlos Abrantes aborda ainda tema “azul” sob o ponto de vista do Provedor dos Leitores do Diário de Notícias

lateralmente, ou nem tanto, oferece-nos saborosas literárias e prometedoras referências bibliográficas sobre a cor em apreço – Colette, Michel Pastoreau, L. Guimarães, L. Marshall; invoca a afirmação de Pastoreau que afirma ser o azul a cor preferida da população ocidental – Belém, Belém, Belém; espanta-se com a generalizada representação da água através da cor azul, considerando que confundimos a realidade e a sua expressão colorida – é claro que a água incolor absorve e reflecte luz, em tal medida que resulta azul a sua cor, é o comprimento de onda que caracteriza a sua composição material; cita e subscreve Ruben de Carvalho quanto à uniformização da imprensa – olha quem fala; conclui afectada a imagem e identidade editorial próprias de cada jornal, assim desfavorecendo jornais, leitores e o capital simbólico da imprensa – o que é refutável; e denuncia a submissão das políticas editoriais ao poder económico – sendo verdade, é-o por muito mais e por mais ponderosas e poderosas razões

no entanto, o Provedor dos Leitores do DN alega partir de uma posição favorável à publicidade, que afirma favorecer a informação e a escolha dos consumidores, apesar de certos desvirtuamentos e excessos, considerando que proporciona parte substancial das receitas dos jornais, que de outro modo custariam mais caro aos leitores

ora comecemos neste ponto: a questão da publicidade como fonte de receita não é tanto a sua participação na formação do preço mas a própria sobrevivência do jornal

o preço chega a ser questão de política ou de marketing, multiplicando-se aliás os jornais gratuitos – isto é, grátis para os consumidores, pois bem sabemos que quase nada há gratuito neste mundo e os jornais têm óbvios custos quer sejam pagos ou não pelo consumidor imediato

agora vamos às condicionantes que a publicidade representa para as linhas editoriais: ora, é bem certo que em muitos casos os publicitários querem os seus anúncios colados à informação, nos seus formatos e estilos, na sua proximidade, e a primeira página cumpre essa função

mas também sabemos que só uma linha editorial reconhecível e credível pode funcionar como âncora para tais intentos publicitários

logo, é muito difícil aceitar que por essa via se engana ou desfavorece o leitor, nada disso !

e a reclamação de colo por parte da publicidade é afinal a exaltação da credibilidade editorial construída por um jornal

é também óbvio, para quem aprecia o tema sem preconceitos, que nenhuma submissão económica é mais temível que a que decorre da ausência ou da escassez de recursos, sendo as receitas da publicidade, inversamente, uma fonte de autonomia financeira – e num jornal credível, a colocação de publicidade é disputada por parte dos investidores e anunciantes, contanto seja bem gerido e não se deixe sufocar comercialmente em busca apenas do lucro máximo, isto é, que procure assegurar o equilíbrio sustentável entre as diversas componentes como o retorno accionista, a satisfação de clientes e colaboradores e a inserção harmoniosa na comunidade

ainda como refutação a este argumento de José Carlos Abrantes, importa salientar que a integração dos órgãos de imprensa em poderosos grupos económicos diversificados e globalizados sempre seria maior fonte de dependência económica que a participação numa determinada acção ou campanha publicitária

pelo contrário, demonstra vitalidade e capacidade de actuação concertada, o que é fundamental para a sociedade tal como sucede no caso das emergências humanitárias ou outras causas de manifesto interesse social, com efeitos positivos para cada jornal, para os respectivos leitores e para a comunidade em geral

portanto e por favor, um pouco mais de azul !!!


observacoes sao bem vindas

2005-10-03

azul

poético é reclamar um pouco mais de azul e cantar, como Gilberto Gil, por quem nos azuleja o dia

mas até já se protesta contra o azul: há dias, o sindicato dos jornalistas revoltava-se contra a submissão da generaliadde dos jornais, pintados à uma pela curiosa e imaginativa campanha azul de certa empresa de telecomunicações, levada efeito na passada quarta-feira, dia 28 de Setembro

e no DN de sexta-feira, 30 de Setembro, João Miguel Tavares tirava o chapéu a tal campanha de marketing e jametinhadito que tal realização prova que a dita empresa “tem muito dinheiro e os jornais têm muito pouco” !!!

ora, tentando comple(men)tar a inteligente análise do jornalista em contracorrente com o respectivo sindicato, talvez possa concluir-se que, uma vez que a proveniência do dinheiro é sempre a mesma – os Clientes – a realidade é que empregamos mais facilmente o nosso dinheiro em comunicações por telemóvel que na compra de jornais

talvez seja reflexo de uma generalizada preferência pelo imediato, instantâneo e actual, que julgamos caracterizar hoje as nossas sociedades

ou serão mesmo tais preferências pelo imediato, instantâneo e actual a própria vitalidade da sociedade, conferindo-lhe afinal a propensão para a velocidade, a aceleração do tempo e o esgotamento das energias, transformando, confundindo e comprimindo a totalidade da vida em pura comunicação ?

para quem está sempre em linha, disposto a comunicar e a encurtar distâncias, as despedidas que pedem cumprimento circunstancial de referência levam sempre um até já

até já



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2005-09-30

alegre poesia

no Diário de Notícias de hoje, Vicente Jorge Silva jametinhadito que, ao fim e ao cabo, Manuel Alegre assegurou já uma espécie de vitória moral no combate da sua candidatura presidencial ... contra Mário Soares (!??)

ora, o colunista atribui honrosamente a Manuel Alegre o papel de D. Quixote e desenvolve a encenação quixotesca que reveste a figura do Poeta nesta peleja eleitoral, acreditando na sua causa contra tudo e contra todos, exprimindo ainda que o próprio considera viável alcançar o cargo de Presidente da República - o que só seria concebível por artes e a poder da magia poética de que é portador

e as suas armas são o voluntarismo generoso, a utopia e a poesia, bem como o capital de queixa pela forma como foi tratado na sua própria esfera política e partidária

no entanto, independentemente e para além de promissoras sondagens que caprichosamente oferecem a Manuel Alegre algum conforto moral ou estatístico, senão mesmo incentivo a ir à liça, certo é que a candidatura do Poeta pode bem afigurar-se como assente muito mais em valor intrínseco do que em mera militância anti-sistema

desde logo por, através de um homem de bem, representar uma sensibilidade interessante e interessada, por ser inspirada em valores de coerência e ética republicana – que o País tanto necessita semear urgentemente – e por se constituir num precioso e benfazejo projecto de integração de política e cultura

e há muito deveríamos ter aprendido que só a via da cultura é capaz de transformar positiva, duradoura e sustentavelmente as pessoas, as mentalidades e as comunidades

mas é de absoluta relevância refutar a ideia que perigosamente se tenta insidiar quando se afirma o pretenso capital de ressentimento ou supostos motivos inconfessáveis

esta é claramente uma candidatura que só fará sentido, só é defensável e só poderá ser vencedora sem contas a ajustar e sem nada a cobrar, antes reivindicando o registo puro e luminoso da verdade, da ascensão dos valores democráticos do Estado Social de Direito, do sentido e sentimento universal de justiça, de humanidade e de fraterna solidariedade !

aceitando partir da noção quixotesca de aspiração diligente a muitas vitórias sobre gigantes aparentes, reais e dissimulados, importa reconhecer a validade, mérito e coragem de apostar na eleição da voz poética para ilustrar o brasão da mais alta magistratura da nação

e, quem sabe, apoiá-la e incentivá-la ... !

tal como a natureza da poesia é ser construção, síntese e expressão de sabedoria e beleza, a sua contribuição para a elevação e dignificação da política não pode, não quer e não tem que ser contra ninguém ...

antes a favor de Portugal !!!


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2005-09-27

isto

jametinhamdito que a campanha eleitoral autárquica, velha de barbas, foi hoje inaugurada ...

leva balanço, é o que é !

mas o que é isto ?

um cartaz arregaça as mangas e diz: vamos a isto, Lisboa

outro, nega: Lisboa não é isto

outro ainda, pergunta: foi para isto ?

ora, a escolha é múltipla, vejamos:

há candidatos com partidos e sem partidos, coligados, arregimentados, isolados, contrariados, efectivos, substitutos, putativos, presumidos, por conta de outrem, alheios, candidatos resistentes, poetas, candidatos a candidatos, não candidatos, quase candidatos, candidatos a tudo e nada, ex-candidatos dispostos debater também, candidatos à reforma, candidatos de esquerda, de direita ou nem por isso, já agora, por isto e por aquilo, por tudo e por nada, recandidatos, dinossauros, candidatos arguidos, acusados, fugidos, regressados, candidatos mediáticos, candidatos tabú, condenados a candidatarem-se no município ao lado ou mais adiante, adiante...

adiante !


observacoes sao bem vindas

arquiblogs

jornalista e escritor de best-sellers, o estado-unidense Dan Burstein - autor do cibernético "Road Warriors: Dreams and Nightmars along the Information Highway" e do neotemplário "Os segredos do código, o que ainda não foi dito sobre o Código Da Vinci" - jametinhadito que as pinturas das cavernas eram uma espécie de blogues... !!!

cá p'ra mim, os blogues só têm a aprender com a obra, abnegação e mestria dos primitivos humanos

mas não deixa de ser notável reparar que a necessidade de exprimir é pré-histórica e os primeiros bloggers nasceram antes da escrita !!!

2005-09-24

orgasmo delas

por norma, a sexta-feira é fonte plena de belas leituras, em quantidade e qualidade, parte das quais é saboreada ao sábado de manhã, antes de jornais fim-de-semanais, de exercícios que tais, de compras matinais e outros etc-e-tais...

ontem, primeiro de outono, dominava a Fátima Felgueiras e o bem acompanhado António José Teixeira, nóvel director do Diário de Notícias – pé direito para mais este desafio – incomodava-se e procurava incomodar muita gente, conseguindo a frase do dia ao multiperguntar, se “pode uma foragida da justiça ver intocáveis os seus direitos políticos ? (...) e ninguém se incomoda ? deputados, partidos, não têm nada a dizer ? ninguém quer marcar a diferença ?”

lúcido, certeiro e brilhante, o editorial não deverá porém fazer-nos esquecer que, apesar do excessivo tempo decorrido desde os factos que lhe são imputados, a ex-Presidente e actual candidata à Câmara Municipal de Felgueiras não foi condenada, não foi julgada segundo os trâmites processuais da Lei e a Constituição a todos assegura o legítimo benefício da presunção de inocência – o que é muito importante e no caso dos políticos permite-lhes justamente prosseguirem a sua carreira imunes a eventuais acusações injustas movidas por opositores interessados em prejudicar ou inibir a actividade política de adversários

ou seja, a Constituição e a Lei contrapõem a tolerância, a sensatez e a ponderação que amiúde falta à análise política, à acção partidária e ao volátil sentimento popular, fenómenos humanos de que não estão isentos analistas, comentadores e editorialistas...

enquanto isso, prossegue o engraçado mas algo entediante catastrofismo de Vasco Pulido Valente, diariamente clamando por Salazar (ou Pombal?) na última página do Público – e não há como evitá-la, está lá Calvin, o magnífico, e é difícil fugir-lhe às aventuras, à ilusão contagiante e ao traço que nos devolve a infância, nossa e da que vivemos através do crescimento dos nossos miúdos

e, delícia, o DNA presenteia-nos com mãos de barro, barro nas mãos e mãos no barro, conciliando-nos com a natureza ou, ao menos mas benfazejamente, abrindo-nos a vontade de aliança do design ao artesanato, da criatividade à natureza, dos materiais às ideias, recomendavelmente à vista em Montemor-o-Novo

e o Ditos subscreve o espanto do charmoso Pedro Rolo Duarte, contra certos estudos com o seu quê de laboratoriais - ah...! o que fazem lembrar o benchmarking impingido por meneantes consultores a quem escapa a realidade...

no caso, jametinhamdito que a Av. da Liberdade é a mais poluída da Europa e a 9ª mais luxuosa do mundo ...!!? estranha-se e não se entranha !

que a poluição é excessiva, de acordo, pior para baixo onde os autocarros metem a primeira e furiosos condutores disputam um lugar de estacionamento legal e depois qualquer outro, menos talvez junto ao Marquês, praça arejada de confluentes artérias, ventos e verdejantes benefícios do lindíssimo Parque Eduardo VII

mas longe do smog e mau cheiro de certas avenidas de Madrid, Barcelona, Paris, Milão, Atenas, Londres, para já e assim de repente; vá lá, terão colocado os sensores junto ao escape de algum dos empedernidos taxistas e respectivas calamitosas viaturas, à espera de por tudo no seguro por via de um toque milagroso provindo de armadilha à má fila em que os mais ingénuos são sempre susceptíveis de cair...

e a classificação luxuosa confunde qualquer um que se lembre da efervescência limpa e elegante das mesmas citadas cidades, em suas invejáveis avenidas principais e acessórias, a que se acrescentariam diversos quarteirões de São Paulo e de tantas outras urbes ... ná, algo falha na tabela, sem prejuízo da nossa Liberdade ser avenida de eleição e justa predilecção

como não há duas sem três, logo a seguir o naco orgásmico que legitima o Ditos: este post pede o título a Rita Barata Silvério, em hora de inspirado clímax, extasia os leitores (o que apetecia era escrever “o leitor” e “a leitora”, no singular!) com inteligente e fundada refutação de mais um estudo, de que também se desconfiam mais virtudes de gabinete que de realíssimas vivências

é que a professora universitária Elizabeh Lloyd, de Indiana, EUA, estudou o orgasmo feminino em “The case of the Female Orgasm” e conclui que é acidental: não tem função específica que sirva a ciência e carece de propriedades organolépticas aptas à sobrevivência e propagação da espécie pois não faz falta ao processo reprodutivo

portanto, acontece por mera coincidência e acaso

no entanto, acontece, dizem, pelo menos os menos cépticos... ele há quem desconfie da real existência de tal fenómeno, há quem o recuse, o simule, enfim, tal como há quem o exalte em paroxismos de êxtase, simultaneidade ou multiplicidade...

de inegável delicadeza e complexidade, o assunto merece bem que se leia esta excelente crónica, inteligente e bem escrita, abordando de forma eficaz um tema social e individualmente relegado para margens da cultura e do conhecimento, mesmo nas franjas da sexualidade que aos poucos vai sendo enfrentada com mais naturalidade, a custo despontando de preconceitos que a esconderam e relegaram a pecados, vergonhas e, sobretudo, ignorância

ah! a banda sonora é Maricotinha Betânia, a quem importa dizer que o meu coração é seu, é pecado desprezar quem lhe quer bem e, cantando Sophia de Mello Breyner: ... A força dos meus sonhos é tão forte/ que de tudo renasce a exaltação/ e nunca as minhas mãos estão vazias”



observacoes sao bem vindas

2005-09-22

portuguesas

Marta Ferreira, Nicole Pacheco, Sílvia Saiote e Ana Simões jametinhamdito que pedem meças ao mundo inteiro em duplo minitrampolim !

além do brilharete da equipa, medalha de ouro nos campeonatos do mundo, na Holanda, Sílvia venceu indivdualmente, é campeã mundial !!
se fosse futebol, estava sempre a dar na televisão, a repetição duraria meses

noutro continente e noutra modalidade, já com mais algum eco, Portugal teve também uma brilhante representação feminina: Patrícia Penicheiro, vulgo Ticha, ajudou a equipa de Sacramento a vencer o campeonato americano de basquetebol, tendo marcado o cesto da vitória

há mais portuguesas assim, felizmente ! ! !



observacoes sao bem vindas

ad paz

jametinhamdito que Pinto Balsemão e Ricardo Salgado fizeram as pazes, pelo que o BES - Banco Espírito Santo, volta a contratar publicidade no Expresso

ora, assim, sim !

a contenda era porque as notícias não vinham boas para o anunciante e este fugia com os anúncios de tal jornal

sobre o assunto pronuciou-se oportuna, tempestiva e oficiosamente a Alta Autoridade para a Comunicação Social, que se considerou entidade tutelar competente

como ninguém lhe encomendou o processo, pois os titulares dos eventuais direitos lesados não reclamaram protecção, as custas são pagas pelo erário, ou seja, por todos nós, num caso altruísta de apoio público em diferendo privado, a bem da administração da Justiça democrática, senão para o povo, ao menos para distintas elites

na douta decisão, os magistrados da comunicação social dividiram, melhor, repartiram razões: que o BES pressionava ou tentava pressionar a empresa proprietária e a linha editorial do periódico, que o Expresso não cumpriu os seus deveres da profissão de informar, desrespeitando as regras da arte e lesando interesses legítmos do grupo financeiro; os dois potentados tinham razão e não tinham !

agora, com o anúncio do apaziguamento, sempre desejável em todas as comunidades e em boa verdade exigível a quem serve de exemplo, como é o caso, tudo volta a ser como devia ser

ficamos para ver se as notícias melhoram muito, algo ou só um bocadinho; e observaremos a extensão do investimento publicitário, já firmada a promessa para Janeiro em diante

só a ver ? isso é que não !

o tema voltará ao Ditos !



observacoes sao bem vindas

2005-09-19

volta e meia

cadê a revolta das palavras, de José António Barreiros ?

observaçõs são benvindas

Setembral



o que vê a Ditosa ?

- mar forte, estrondosa rebentação, bandeira muda de amarelo para vermelho, banhos só de areia e espuma... !


observaçُões são benvindas

2005-09-17

de volta a casa

ah !

pequeno almoço de pão e figos, iogurte natural e pêssego ...

é descascar a fruta, é o cheiro, jametinhamdito que alimentar barriga, olhos e alma... só cá no nosso Portugal ! !

a rematar, uma bela cafezana, como não há igual ...

a bela bica ! ! !

ah !




observacoes sao benvindas

2005-09-16

vivos !

juz a inicial definição, o que o Ditos tem comentado mais é comentadores e políticos…

desta feita, porém, por via de raro acesso de humildade e porque António Vilhena acertou na “mouche”, o jametinhasdito vai agora inteirinho para um poeta … vivo !

em coluna simpática do Público de hoje, 16 de Setembro, António Vilhena conclui que “Somos um país que trata melhor os mortos que os vivos” ! ! !

é bem verdade, excepção feita à enérgica acção atribuída ao Marquês de Pombal, vai para 250 anos

talvez nos outros países seja também assim…

mas é bem verdade que muitos estranham justas homenagens a almas vivas!

é o caso da estátua erguida a Manuel Alegre, em Coimbra

pese embora a coincidência temporal do tema envolvendo o processo das eleições presidenciais ou mesmo a venerável e meritória acção política, antes e depois da instauração da democracia em 25 de Abril de 1974, é mais do que legítimo e dignificante uma cidade honrar os seus, os ilustres, os homens de bem, os poetas

como diz António Vilhena, é a exaltação da vida, da poesia, da liberdade e da tolerância !

ou da luta em busca da afirmação de tais bens e valores !!

vivam, pois, os poetas !!!



PS - se é que um post aguenta outro post, apetece referenciar outras estátuas:

a) no Marquês de Pombal, a estátua do próprio encima um soberbo Sebastião José de Carvalho e Melo no alto de imponente pedestal, central, leonino e sobranceiro às largas vias de Lisboa que desembocam – cadê as colunas ? – no templo do estuário do Tejo; já a de Camilo Castelo Branco, um simples e mortal literato, é figura pequenina como ele e nós, num jardinzinho, rasteira e quase desapercebida, confundindo-se humildemente com os pedestres transeuntes de sempre; um contraste

b) em Oeiras, no Parque dos Poetas, como em Algés, em movimentada rua comercial e de acesso a terminais (multimodais, ficará bem dizer???) de transportes, um conjunto de estátuas de que munícipes e visitantes se podem orgulhar, a benefício de todos; um exemplo

c) e em Lisboa, onde estão as estátuas dos nossos tempos ? a Sophia ? Eugénio de Andrade ? os vivos - António Ramos Rosa ? Pomar ? um deserto



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2005-09-14

gaivota negra


é para despistar...


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seca

no Ceará, como em geral no Nordeste Brasileiro, a seca é uma terrível condicionante da vida

quando o período anual de chuvas traz humidade e pecipitação dentro ou acima da média histórica, a alegria, a jovialidade e o optimismo inundam benfazejamente as caras, os corações e as despensas

se chove pouco ou nada, é a apreensão, preocupam-se as vivalmas, baixa-se o tom e os gastos - é que o problema pode ser o início de um ciclo de seca e então caducam os cajueiros, secam as represas, ressentem-se bolsos e barrigas

à parte um litoral verdejante e até exuberante de águas, com fontes nas praias e lagoas de nascentes, o território em geral é relativamente agreste e desarborizado, seco

no entanto, dizem, diz a vox populi e vê-se exemplos diversos, basta furar uns metros e aparece água - o subsolo é rico em recursos hídricos, há grande margem para generalizar a sua ponderada exploração aos cearenses e a outros Estados nordestinos

pergunto: então porquê a míngua de água ?

percebe-se que falta o dinheiro, mas não se percebe porque faltam os apoios e faltam os programas públicos para obras de instalação de furos

pois se há dinheiro para mensalões e para os políticos terem casas de luxo no litoral, nas ilhas e noutros paraísos brasileiros...

responde o motorista do caminhão: "a seca é mais é política!"

lá, como cá, jametinhamdito !!!




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2005-09-13

contas

um sortido:

- o Governo jametinhadito que nomeou Oliveira Martins, ex-Ministro do Partido Socialista, habitual comentador abonatório do Governo do Partido Socialista em colunas de jornais e noutros meios de comunicação, deputado e Vice-Presidente da bancada parlamentar que na Assembleia da República defende o Governo do Partido Socialista para presidir ao Tribunal de Contas, órgão que julga e fiscaliza a actividade e as contas do Governo do ... Partido Socialista;
- o Presidente da República jametinhadito que confirmou a nomeação governamental;
- o líder parlamentar do PS, Alberto Martins, jametinhadito que
"Não é por os diversos presidentes da República ou altos cargos do Tribunal Constitucional terem origem partidária que deixam de ter isenção no seu desempenho.”;
- em seu político blog causa-nossa, o Professor Vital Moreira jametinhadito que “Guilherme de Oliveira Martins é uma pessoa cuja competência, qualificações e independência pessoal são inatacáveis, e que exercerá - não haja dúvidas acerca disso -- o cargo de presidente do Tribunal de Contas com impecável autoridade e isenção. Mas o Governo, ao nomear um deputado da sua bancada parlamentar, mesmo se independente, para tal cargo, expõe-se facilmente à crítica das oposições. Por princípio, deveriam ser evitadas as transferências directas do campo governamental para órgãos independentes cuja função principal é controlar... o Governo.”;

ora, as qualidades do nomeado e as boas expectativas que sobre elas se alentem em nada relevam para aferir do critério de escolha para o exercício de funções de julgamento, fiscalização e controlo do Governo do Partido Socialista de um paladino, protector e legítimo defensor do Governo do Partido Socialista

e o óbice não se resume ao problema da crítica da oposição nem de que se deveriam evitar semelhantes promiscuidades, nem é desculpado por não exigir a lei que se nomeie um magistrado de carreira ou sequer a falta de mais apertado regime legal de incompatibilidades, nem tão pouco é compensado por razões de competência e probidade do nomeado - é o mínimo, pudera... é exactamente isso o que se deve exigir e se espera de qualquer membro de qualquer organismo público

a questão é que dos pontos de vista político, democrático e ético, se afigura ilegítima, errada e nociva esta nomeação

e tais ilegitimidade, erro e danos desvalorizam e afectam a idoneidade do Tribunal de Contas e do Governo, do fiscal e do fiscalizado, e dos respectivos titulares, mas também atinge o Presidente da República, Jorge Sampaio, apóstolo, general do Partido Socialista, que é suposto ser árbitro e colocar-se num plano acima da sectarização partidária, sempre, mas em especial e sobretudo na área do seu próprio partido político

neste caso, o Governo não afrontou uma classe, corporação ou interesse específico ilegítimo, antes conseguiu cair na plena unanimidade – à excepção, claro está, da cegueira, cujos contornos rebrilham de definição, dos seus acólitos mais aferroados ou dependentes – e não apenas do sector da oposição político-partidária

é que as críticas mais irrefutáveis que recaiem sobre a actuação de Presidentes da República e Juizes do Tribunal Constitucional é precisamente a sua excessiva identificação com o Partido político que os apoia ou nomeia

e aos Presidentes de Tribunal, Governos e Presidentes da República, exigem-se boas contas




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2005-09-11

ao trabalho

em artigo interessante, fundamentado e positivo editado no Público, sexta-feira 9 de Setembro, o conhecido empresário André Jordan jametinhadito que Portugal tem a rara felicidade de dispor de políticos de excepção, exemplificando com diversos países vivendo maiores dificuldades na matéria

enfim, é uma abordagem digna esta de realçar a mais valia oferecida aos portugueses para escolha do mais alto magistrado da nação, uma vez que poderão optar por personalidades capazes, aptas para o desempenho e exigências requeridas, de reconhecidos méritos, provas dadas, susceptíveis de aportar ao país as ideias e o alento necessários

cumpre também notar que André Jordan, inteligentemente, salienta que se trata de indivíduos excepcionais, muito acima da sofrível mediania do panorama que a generalidade dos políticos representa

mas comprova a sua tese com os ex-chefes de governo de Portugal que ocupam altos cargos internacionais

a propósito das próximas eleições para as funções de Presidente da República e referindo-se a Cavaco e Soares, André Jordan identifica os principais aspectos que considera relevarem da acção do próximo Presidente da República:

- reforma do Estado e segurança social, através da consensualização orçamental plurianual - e que Sampaio não conseguiu, apesar dos esforços;
- o combate à corrupção, em particular da que grassa nas autarquias - e, acrescente-se, que vem bem ao de cima no esgar de muitos recandidatos aguerridos e empedernidos de interesseiro apego ao poder;
- a regionalização, tema em que Portugal é excepção na Europa - acrescente-se, ainda, que se impõe como imperativo de racionalização de recursos e talvez a última chance de alguma viragem no actual desordenamento do território, de que os incêndios são mero afloramento;
- fazer valer a interessante posição de Portugal no mundo, verdadeiro ponto de ligação entre a Europa, os países do Atlântico e os países em desenvolvimento, prosseguindo a dignificação da cultura lusófona

ou seja, há trabalho a fazer e há gente para o fazer

ao trabalho, pois !!!


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2005-09-09

água benta

Ao mesmo tempo que se queixam da seca, os autarcas algarvios preparam-se para licenciar a construção de mais uns 30 campos de golfe, cada um dos quais consome água por 8000 pessoas".
Miguel Sousa Tavares, comentador, PÚBLICO, 9-9-2005

As oito piscinas municipais do Algarve vão continuar encerradas “até existirem condições hidrológicas que permitam a reabertura” e a água do abastecimento de 31 campos de golfe – equivalente ao consumo de 60 por cento da população algarvia – “provém de furos e não da rede pública”, “trata-se de iniciativa privada, que tem que ser incentivada na região”.
Macário Correia, presidente da Junta Metropolitana do Algarve, METRO, 6-6-2005

pelo que jametinhamdito, ninguém está interessado em consenso em bom senso ou em qualquer senso

obviamente nem a iniciativa privada pode esgotar recursos escassos incontroladamente – e para o impedir e vigiar servem as leis e os órgãos de gestão pública – nem os legítimos interesses de piscinas e campos de golfe se confundem ou sobrepõem à reserva de fornecimento de água para consumo público, interesse de natureza diversa e gozando de protecção superior mas todos sujeitos a ponderação e juízos de adequação, sem necessidade de anulação das actividades económicas que sustentam a vida das populações e o país

no entanto, perdendo facilmente o fio à meada e a desejável análise cuidada, informada e consequente, de parte a parte prefere-se radicalizar posições, eventualmente para mera satisfação de egos inflados, venda de jornal, gestão de imagem individual... afinal interesses próprios bem menos legítimos !??

em tempo de seca, precisamos de água mas também de moderação e sentido de compromisso !



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2005-09-07

quase elementar


a banda sonora é a da capoeira!

rima com a terra, a água, o ar, o fogo, o homem, os artefactos e a imensa trabalheira...

o resto é paisagem



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Beato

afinal Solnado tinha razão, sempre há petróleo...

falta-nos o Pessa para um certeiro "e esta, hem?"

o caso é que, das reservas de Portugal, cedemos petróleo aos americanos

realmente parece impensável mas ainda bem que assim é, os EUA solicitaram ajuda perante a tragédia de uma catástrofe natural - e foi possível verificar que muitas ajudas foram disponibilizadas

neste ponto, só Pacheco Pereira vê núvens no escuro e acha importante enfatizar até à náusea que a comunicação social zurze sobre as falhas das autoridades dos EUA quanto a prevenir a acorrer à tragédia ou sublinhando que os EUA são a maior potência mundial porque... "a esquerda" está contente com o sucedido !??

a ajuda portuguesa representa de algum modo um elevado grau de abstracção e sofisticação da nossa sociedade, afinal baseada na confiança, nos mercados e no direito

de facto, reconhecidamente Portugal é muito mais dependente de petróleo que os EUA, um dos grandes produtores mundiais; mesmo as reservas da ajuda estão armazenadas na Alemanha...

no entanto, para além da destruição de vidas e bens em consequência da devastação do furacão Katrina, a zona afectada - o Golfo do México - é base de inúmeros campos de extracção de petróleo, por enquanto desactivados

e os EUA são os maiores consumidores de petróleo, pelo que há um défice real momentâneo muito grave para o funcionamento da economia dos EUA

nas trocas e baldrocas dos mercados mundiais, talvez o nosso petróleo nunca chegue a viajar e a ajuda seja concretuizada apenas mediante operações contabilísticas de saldos e transacções face à movimentação de outras reservas, armazenadas noutros países ou ainda a extrair noutros campos petrolíferos

a ironia é que, segundo recomendação agora vinda a público, o presidente dos EUA jametinhadito que é necessária a contenção do consumo de petróleo

mas não mandou racionar... talvez aconselhado por gurus financeiros que protegem os mercados contra alarmes e alterações bruscas, de efeitos nefastos sobre as expectativas e sobre a confiança

por um lado, é medida compreensível face às circunstâncias; por outro, mais vale tarde que nunca pois desde há anos, vem-se agravando um fosso entre os EUA e os países que prosseguem uma política tendente a estabelecer mundialmente metas de redução de consumos energia, sobretudo a produzida a partir de combustíveis primários, já para não falar da sistemática renitência dos EUA quanto à adesão ao Protocolo de Quioto, sendo o consumo de petróleo precisamente a principal fonte de emissões poluentes que os países signatários pretendem racionalizar

mas a racionalidade é uma batata, para os creacionistas dos EUA, Bush incluído






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2005-09-05

iraquianas - direitos quando?

segundo voz amiga e parceira (involuntária...?) do Ditos, consta que saíu no Expresso (sim, lê-se de quando em vez apesar de boicotadas as compras desde o injusto e buxista despedimento de João Carreira Bom, por sebosa decisão de José António Saraiva) uma declaração interessantíssima feita por um ex-responsável da CIA especialista em assuntos do Médio Oriente, colaborador de algumas das mais importantes revistas de Relações Internacionais… bem, em suma, um intelectual americano, com responsabilidades políticas, pelo menos no passado, de que abaixo se transcreve só a pérola, extraída do original publicado na página acima referenciada:


"MR. GERECHT: Actually, I'm not terribly worried about this. I mean, one hopes that the Iraqis protect women's social rights as much as possible. It certainly seems clear that in protecting the political rights, there's no discussion of women not having the right to vote. I think it's important to remember that in the year 1900, for example, in the United States, it was a democracy then. In 1900, women did not have the right to vote. If Iraqis could develop a democracy that resembled America in the 1900s, I think we'd all be thrilled. I mean, women's social rights are not critical to the evolution of democracy. We hope they're there. I think they will be there. But I think we need to put this into perspective."

ou seja, Mr. Gerecht jametinhadito que os direitos das iraquianas (e os dos iraquianos? ah! ninguém lhe perguntou...) são completamente irrelevantes para o processo do saque do petróleo, digo, da Constituição e da democratização do Iraque!!!

ainda bem que não há petróleo no Beato!



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2005-08-27

Meneses, de Gonzaga

saí de manhã, corri para o metro, corri para a vida, uma vida no hemisfério mais próximo de uma vida

ganhei outra vida, a vida vivida foi célere como a de quem os deuses cedo chamam

um erro, outro erro, muitos erros, o lugar errado, a hora errada, tudo errado

assim o fanatismo ganhou mais um pontinho, demonstrado que os inocentes se atrevem a viver onde e quando houver que ser

e se é certo que um dia sucede a outro, convém lembrar que qualquer um pode estar em qualquer lugar

aqui, de Gonzaga, importa homenagear a fé e confiança de Jean, jovem vitimado pelo fanatismo e uma sucessão de atropelos pretendida pelos seus bestiais mentores

alô, alô, alô !


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2005-08-18

a prever

"vamos prever intensidade de tráfego entre Grândola e a Marateca", jametinhadito o capitão da GNR, à jornalista e aos ouvintes da RFM

ora vamos lá prever: está tudo previsto ou ainda temos que prever alguma coisa ?


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2005-08-12

eis a ditosa, a gosto



sem saber onde está a Ditosa, a gosto, vai ser difícil atribuir o prémio a quem acertar

é claro que ainda assim haverá prémio, eh eh ...

a Isinha jametinhadito que desta vez não pode concorrer !!!

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2005-08-10

contribuições

"Não contribua limpando, contribua não sujando"

eis o que jametinhadito um cartaz de praia que tipifica o recurso ao desespero:

- como entender que se estacionem carros no passeio, destruindo o lancil e a calçada, mesmo quando há parques com inúmeros lugares ?

- como entender que as praias estejam cheias de detritos quando já estão equipadas com caixotes para o lixo e cinzeiros portáteis ?

- como entender que se atirem beatas acesas para a estrada se os carros têm cinzeiro ?

- nos cafés, esplanadas e restaurantes do nosso país de turismo o mau cheiro insuportável é a regra de conduta de Clientes e concessionários, o que se poderá fazer ?

- a sinalização nas estradas é roubada para venda a sucateiros de alumínio, sistematicamente, anos a fio nisto e continuam a fazer os mesmos painéis de alumínio que duram dias até voltarem ao circuito sucateiro, impunemente

- nas repartições de finanças, o contribuinte continua a ser tratado como um pequeno criminoso, o bom dia vem depois do vá para a fila

estarão as novas gerações a tempo de aprender melhores práticas e reduzir a selvajaria que grassa em redor ?

contribua, por favor



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2005-08-03

sidus magnum

Stephen Robinson, astronauta em missão no Discovery, em órbita a 300 km da Terra, saiu hoje da nave e procedeu a reparações necessárias à reentrada na atmosfera terrestre, tentando reduzir riscos tremendos para a sua própria vida e dos seus companheiros de viagem, extensíveis à continuidade do programa espacial iniciado em 1981

o regresso está previsto para a próxima segunda-feira, dia 8 de Agosto de 2005

até lá, muitos rezarão e velarão pelo progresso do voo e pelo êxito de mais um passeio sideral do vaivém

americanos e russos aventuram-se hoje no espaço imenso e desconhecido, recheado de perigos, como em tempos portugueses e espanhóis se aventuraram pelos segredos do imenso e tenebroso mar

oxalá o homem vença o desafio do conhecimento do espaço, como outrora procurou conhecer o mar e a terra, sempre em busca do verdadeiro conhecimento de si próprio



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2005-07-23

portugalizar

há dias, a revista do Expresso oferecia assanhada "grunha caprichosa" onde habitualmente escreve - e bem, pedantismo pseudo-britânico e assumido à parte - Clara Ferreira Alves

verberava contra o grunho lusitano, a cuspir palavrões à cadência de cinquenta por minuto, a insultar a eito, estacionado em cima do passeio, buzina a fundo, beata a chamuscar o transeunte, e um ror mais de etc e tais

a peça reproduzia os ditos tiques e os vernáculos palavrões, com que aliás assinava a pluma

ou seja, replicava o status que criticava, insultando indiferenciadamente o insultador e o leitor, comportando-se afinal exactamente como ... grunha

custa a aceitar mas é do que se trata

doutros passos, repetem-se em doses maciças as lamentações das crises, tudo vai mal, tão mal que muitos - Miguel Sousa Tavares, uns tantos directores de jornal e por aí em diante, além do sempiterno Vasco Pulido Valente - concluem que Portugal nem é viável (?!!)

no Diário Económico, de ontem 22 de Julho, Baptista-Bastos desencanta (exactamente) uma desenxabida tirada de um tal Roger Vailland, que sumariamente acusa de ser um grande escritor francês, que se referia a portugalizar como expressivo neologismo para significar apatia do povo, inércia, acriticismo, anestesia geral da nação, por assim ter encontrado a nossa gente enquanto em França se viviam entusiastas dias de resistência ao nazismo e à ocupação alemã

enfim, o conceito pode merecer desde logo crítica comparativa: metade ou mais da França estava nos mesmos dias feita com o ocupante ou inerte de tédio, medo ou desesperança - foi também o que sucedeu na Alemanha, milhões disseram sim a Hitler ou deixaram andar, só assim se explica onde as coisas chegaram

mas Baptista-Bastos adere e recupera a ideia para os dias de hoje do recanto à beira mar: estamos tão mal que se podia dar um golpe militar tipo Estado Novo; mas de tão mau nem temos sequer Estado, nem Novo, nem exército para se rebelar ou um ditador para se impor

em suma, estamos outra vez portugalizados, à francesa; pior, Baptista-Bastos ainda conseque ir mais abaixo, desce à Mauritânia, onde os franceses de lá dizem que Portugal é o país mais desenvolvido de África

enfim, mais negativo que um país assim só mesmo o Baptista-Bastos, que apesar de escritor e jornalista de renome e créditos firmados se mostra agora um verdadeiro arauto da desgraça que afinal faz pior que os restantes portugueses, prejudicando a média, falho de esperança e de temas que fortaleçam o brio e alentem tão mau povo,

no mesmo jornal, Manuel Falcão, jornalista, político e intelectual de craveira, faz o balanço de vida que a legitimidade das férias proprciona: afirma-se esforçado, incompreendido e desiludido, Portugal é mesmo mau, não tem saída, mesmo a sensibiliadde política que alguns reclamam está catalaogada como o pior que há, a catástrofe

pois Manuel Falcão jametinhadito que encontra o país em estado catastrófico e contribui muito para isso gritando que o país está em estado catastrófico, ampliando os efeitos que pretende denunciar

o que vale é que para a semana haverá - à excepção dos cronistas que merecem férias desde já - mais crónicas, mais jornais, mais opiniões, a vida prosseguirá

será assim tão lucrativo dizer mal ou é só por razões de estilo ? e todos à uma, dá para desconfiar, não é ? se estivessemos assim tão mal haveria alguém de tentar superar construtivamente as dificuldades, aproveitar a boleia dos que acreditam e trabalham, entusiasmar os hesitantes, apaziguar os cépticos...

estaremos a precisar de férias ?

pelo menos de crónicas pessimistas merecíamos férias ... e já ! ! !



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2005-07-21

a segurar

perguntava José Leite Pereira, no Jornal de Notícias, como e se vai José Sócrates segurar o Ministro das Finanças...

a resposta está aí, na telefonia e em alguns jornais online: primeira exoneração !

Campos e Cunha jametinhadito que tinha razões pessoais e familiares, além de que estava cansado - ou também haveria razões de sentido político de um político independente ? de um economista competente ? ou de um Ministro divergente ?

antes das convenientes explicações, o Primeiro Ministro decerto está a assegurar que haverá outro Ministro

é que é já a seguir !



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a dois tempos

o Diário de Notícias (20 de Julho de 2005) jametinhadito orgulhar-se do jornalismo que faz e concede o espaço necessário à entrevista a Freitas do Amaral

lida após as explicações do entrevistado sobre o que lá tinha declarado, a entrevista sabe a mofo e o "Diário" perdeu o qualificativo "Notícias"

na avareza de vender papel, o jornal usuou de artimanha para caçar leitores, retardando a publicação da entrevista, depois respigando extractos convenientes para elevar a expectativa do público, só então concedendo espaço à publicação da entrevista, num estratagema demasiado ostensivo e conflituoso, aviltando a inteligência dos leitores, assim submetidos à força da força de vendas, que não da prestação de um serviço de informação noticiosa

a orientação sobre si mesmo começa logo pela prioridade e destaque em caixa dada à apreciação do próprio jornal - ouve-se a si mesmo, publica-se a si mesmo e sublinha-se a si mesmo, relegando para plano menor a entrevista em apreço

mas a leitura da entrevista, além de permitir tirar qualquer dúvida - se a houvesse -sobre a manipulação encetada na véspera pelo jornal, também confirma que a entrevista é exclusivamente dirigida a procurar resquícios de despique do entrevistado em relação ao Governo, limitando-se a perguntas genéricas, requentadas e conclusivas, sem se debruçar sequer sobre a possibilidade de informar o leitor mas antes tentando criar um clima negativo

a entrevista tem 152 - cento e cinquenta e dois - 152 "não" ! ! !

quanto a temas internacionais, o jornal tratou o assunto residualmente, com duas ou três perguntas sobre temas batidos a que Freitas respondeu reiterando as posições anteriormente publicadas sobre a matéria e, aqui ou ali, mais por enfado que por sugestão, tentando explicar ao entrevistador os conceitos básicos do assunto, chegando ao ponto de traduzir o próprio português, quando se estava mesmo a ver que o entrevistado não queria era perceber ...

este jornalismo, a dois tempos, não informa, só faz rateres ! a táctica é manhosa e velha: há sempre quem olhe para a alarvidade ...



PS - a totalidade da entrevista pode ser lida nas seguintes ligações:

http://dn.sapo.pt/2005/07/20/tema/nao_seria_estranho_saisse_governo_pa.html

http://dn.sapo.pt/2005/07/20/tema/voto_contra_a_proposta_ps_nao_faco_c.html

http://dn.sapo.pt/2005/07/20/tema/em_campanha_devia_haver_declaracoes_.html

http://dn.sapo.pt/2005/07/20/tema/nao_podemos_licoes_sobre_corrupcao.html


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2005-07-13

falar por falar

em mais uma ferroada em Jorge Sampaio, o editorial do Diário de Notícias de hoje (12/7...ontem já há um bocadinho!) assinado por Raul Vaz, reivindica a má consciência do Presidente da República e aponta o dedo ao País, que considera estar pior que no início deste inquilinato de Belém

nada se alega ou autoriza a concluir que tal juízo ou alguns factos na sua origem sejam atribuíveis a Sampaio, que não governa nem tem competência para o efeito, pelo que não tem essa responsabilidade, como bem se sabe

no caso em apreço, vitupera-se que Sampaio advoga o silêncio sobre a crise portuguesa - ora, manda a honestidade intelectual que a interpretação do que o interlocutor disse deve procurar captar o que é relevante: Sampaio pretende dirigir a sua magistratura à pedagogia da atitude, da restauração da confiança e da auto-estima, precisamente porque os arautos da desgraça impregnam o discurso de problemas que antevêm infindos e insuperáveis, encontrando dificuldades em cada solução

primeiro acusava-se a esquerda de não saber governar, depois que demorava a decidir, mais tarde que as medidas ainda não passaram do papel, entretanto que podia fazer melhor, agora que isto não tem solução

bom, alguma razão tem o Presidente: comecemos por olhar para o que há a fazer, aproveitando o que está feito e contribuindo com a nossa parte ! dizer mal, falar por falar e não fazer nem deixar fazer, jametinhamdito que não interessa ao País

o mundo não se resume à crise, há outras perspectivas a desenvolver e mesmo a crise
também não é só crise, contém muitas vezes o "momentum" que origina a fé, o alento e a iniciativa para a superar

mas o editorial do DN vai por outro caminho, insistindo em que a chuva é molhada, até quando semelhanet técnica venderá papel de jornal ?

no dito caminho, passa pelo sucesso do Chile, que afinal resultou da substituição de Salvador Allende pelo ditador Pinochet - Raul Vaz omite o pormenor da substituição e proclama abençoado o sucesso! excepto, é claro, para os milhares de assassinados e desaparecidos e respectivos familiares, que ainda hoje lutam em desespero pela verdade e pela justiça

embora muito esclarecedor - do propósito de quem o escreve - e a pretexto de que se deve falar de tudo, nunca tinha visto um editorial tão silenciador...


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2005-07-08

carpe diem

os cidadãos britânicos viviam uns dias de alegre euforia: iniciaram o semestre presidencial do Conselho Europeu, em que esperam concretizar as suas ideias de como unir os europeus e assegurar um papel para a Europa no mundo; acabaram de relembrar a vitória naval de Trafalgar, em parceria com diversos outros países; decorre na Escócia uma reunião de alto nível, o G8, de quem se espera um alento na ajuda ao desenvolvimento dos povos mais desfavorecidos; celebram a vitória no exigente concurso para realização dos Jogos Olímpicos de 2012, ganhando afinal mais 7 anos de trabalho árduo para reunir o mundo inteiro em 15 ou 16 dias de convívio pacífico, fraterno e desportivo; preparam mais um grande prémio de automobilismo, prova do circuito mundial de fórmula 1, a decorrer no próximo fim de semana; e começam mais um dia de trabalho, que leva qualquer cidadão ou família a sair de casa, utilizar os transportes públicos para os seus locais de emprego

subitamente, um ardil cobardemente planeado faz explodir autocarros e carruagens de metropolitano, os meios de transporte mais populares numa grande cidade, causando inúmeras mortes e mutilações, numa tragédia inexprimível

jametinhamdito que a crueldade, a violência e a barbaridade dos nossos tempos se inscrevem sobretudo contra inocentes desprevenidos

jametinhamdito que de nada adianta chorar de raiva contra a intolerância e que o combate é tarefa para sucessivas gerações, provavelmente por tempo infinito ou enquanto a humanidade existir

jametinhamdito que o terror só pode ser vencido com uma atitude diária de heroísmo, permanente, de renovada esperança, fé e fraternidade, cuidando das feridas, reforçando a solidariedade para com os nossos próximos mas também a nível regional e global, envolvendo todos os povos e aproveitando todo o dia, todos os dias, para reafirmar dignidade humana

viva Londres, viva a liberdade e viva a paz ! ! !

hoje é um novo dia, carpe diem

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2005-07-07

ler

em certo prédio de Lisboa, junto a uns contentores especiais de razoável dimensão, localizados entre os elevadores e a garagem, está um enorme cartaz com ostensiva inscrição: NÃO SABEM LER ?

a interrogativa obriga a espreitar para dentro dos contentores, geralmente cheios de papel, papelão, cartão e afins !

ler então o quê ?

continuando o percurso em direcção à saída, ganha-se enfim a distância focal necessária a mais proveitosaobservação, mesmo se não particularmente atenta

vislumbram-se então vários pequenos cartazes explicativos, indicando que os contentores se destinam exclusiva e ecologicamente a receber embalagens de tonner vazias ...

daí o desepero do cartaz grande, certamente colocado por quem não investiu o suficiente nos cartazes com as indicações essenciais e depois jametinhadito que são os demais que não sabem ler

é certo que nem todos sabem mas também não chega saber ler ...


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2005-07-04

engenheiro

à semelhança de outras empresas mas de modo mais noticiado, um grande banco anunciou drástica medida: acabar internamente com o tratamento pelo título académico, engenheiro, doutor, professor

a coisa sempre teve contornos curiosos, os bacharéis e os mestres tinham insuficiente ou excessivo reconhecimento face ao respectivo título, a formação profissional, técnica e comportamental, amplificou as fontes de aquisição de conhecimentos, competências e valências, a própria experiência é hoje passível de certificação, as post (eh eh) graduações, os MBA,E,I,O,Us enchiam já os curriculum vitae

recentemente, a informalização ganhou valor próprio e mesmo o primeiro nome, senão um afectuoso diminutivo, substituem amiúde a excelência de mui excelsos e académicos graus

os exemplos de fora chegam em catadupa, trazidos por que nos visita em conferência ou nas reuniões da internacionalização política e empresarial a que o 25 de Abril nos abriu portas nos idos de 1974

por falar em abrir portas, a generalização do acesso ao ensino, passados que estão já os testemunhos para a novas gerações, extinguiu de vez o conceito e a permilagem do senhor doutor acima da plebe: praticamente todos os portugueses podem hoje concluir um dos inúmeros cursos superiores numa das inúmeras faculdades e institutos activos em todo o país

nas empresas como na administração pública, governo incluído, os responsáveis de topo dirigem hoje uma plêiade de licenciados, mestres e doutores, mesmo catedráticos, em extensa inversão de hierarquias entre o esquema organizacional e as habilitações académicas, ao ponto de patrões, administradores e ministros se verem na contingência de maior deferência para com subordinados, administrados e colaboradores

empresas há sem nenhum empregado exclusivamente “administrativo”, os recém licenciados cumprem todas as tarefas, sem horas, extraordinariamente, e muitos só entram no mercado de trabalho depois do mestrado ou doutoramento, para colaborar com chefes, directores de serviço ou patrões a quem nunca atribuiriam grau académico algum

eis algumas das verdadeiras razões para acabar com tanta titulação e falsa etiqueta, sendo certo o mérito do resultado e da finalidade

mas também jametinhamdito que no caso em apreço, do BCP, pode a medida prestar-se a interpretações algo além do pragmatismo laboral: poderia ver-se a extinção do tratamento interno pelo grau académico como forma de assinalar a ruptura organizacional, a nova liderança ou a reserva em homenagem ao último dos moicanos - Jardim Gonçalves, o engenheiro !




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2005-07-03

esposa grátis


e o que mais pode um estabelecimento comercial oferecer para o cliente ficar totalmente satisfeito ?

a crer no anúncio do JN, o Hotel Londres, ao Estoril, jametinhadito: esposa à borliu, nada menos !

e crianças de brinde !!

é o verdadeiro especial família, aproveite quem quiser, Portugal no seu melhor ainda será um país !!!

quem sabe se de turismo ? ...






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2005-07-02

centenário

atenta e afectuosamente assinalado por quem jametinhadito de história e de direito, regista-se mais um ditoso centenário deste humílimo blog

obrigado



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2005-06-30

Guerreiro

Emídio, 105 anos, cruzou e lutou por três séculos, em permanente combate pela lucidez, de que era um extraordinário titular, e pela dignidade humana

em nome da dignidade humana arriscou, guerreou e bateu-se toda uma vida, grande parte dela muito corajosamente em contraciclo !

e que vida ...

logo menos de um ano após o golpe de 1926 tentou derrubar os golpistas; se tem vencido, pouparia talvez a Portugal mais de meio século de ditadura, pobreza e ignorância

exilado, combateu o tirano Franco; se tem ganho, pouparia muitas vidas, repressão e ignomínia

depois da madrugada de Abril, fundou e dirigiu o então PPD, em contraciclo, de onde acabou por sair, também em contraciclo

ser humano e cidadão exemplar, nobre portador da bandeira e das armas do bem – pelo qual é necessário agir e bater-se, eis a sua lúcida mensagem – Emídio Guerreiro abraçou, transportou e disseminou pelos tempos (e pelas geografias, do exílio, mesmo no seu próprio País) a suprema causa da dignidade humana, que sacrificadamente defendeu com bravura, lucidez e acção

uma vida de luz



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2005-06-26

gente

ontem, sábado 25 de Junho, o Púlico tem dois homólogos do Ditos e apesar do direito que o nome do dia pressupõe, a coluna «Diz-se» transcreve do Jornal de Negócios, duas afirmações de Baptista-Bastos que não dão descanso ao Governo

nada de extraordinário, vindo de quem, sem papas na língua, sempre se destacou pela análise lúcida, crítica contundente e expressão certeira

dá-se no entanto o caso de Baptista-Bastos se referir ostensivamente a "esta gente" que nos tem governando desde há trinta anos

já outro ilustre comentador, em recente jametinhasdito, verberava contra "esta gente", seja lá o que for o conceito mas tendencialmente a coisificação de pessoas desmerecidas de maior consideração, designadamente porque, pelo que se tem visto - Baptista-Bastos - erraram tanto ou tudo, ou porque - Vasco Graça Moura - segura e aritmeticamente, vão errar tanto ou tudo

começa pois a preocupar que comentadores tão literatos e desabridos, tenham necessidade de recorrer à despersonalização e à generalização dos criticados, atribuindo-lhe o epíteto pejorativo que o «esta gente» pretende encerrar em vez da identificação exacta das pessoas e actos sob crítica

além de infeliz e menos elegante, parece retórica de último recurso mais apropriado para quem nada tem para jametinhasdizer ...

já o «DIXIT» vem aqui ter por outras razões: transcreve um conjunto de alocuções proferidas no debate mensal com o Primeiro-Ministro mas deixa um saldo estranhamente negativo - 9 (nove) 9 frases de José Sócrates para apenas 1 de Marques Mendes, líder da oposição, já para não falar do encómio à antiga de Alberto Martins, deputado do PS que se dirige ao próprio chefe por V.Exa. e procurando convencê-lo de que estamos (?) conscientes de que será um protagonista e está a sê-lo (será antes selo?) da autoridade democrática ...

esta gente ... digo, este Alberto Martins ...


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2005-06-24

em queda

o tema da quartada de Vasco Graça Moura no editorial do DN de 22 de Junho é totalmente irrelevante

mas o propósito é ostensivo: penalizar “esta gente” do Governo socialista

o ouro está nas eleições autárquicas, uma pechincha de oportunidade !

e os meios até são elementares, nem mais é preciso, o dito Governo já começou a cair, por decreto de comentador profissional à sombra de uma inteligência que «funciona com um fascinante sentido de simplificação.»

ele há personalidades assim, maternais a explicar aritmética às crianças

e a história registará a data de 16 de Junho de 2005 como um dia de entrevistas na televisão !!!

calmamente, com a mesma sóbria serenidade e honestidade intelectual com que ainda há poucos meses as quartadas davam dez anos de vigorosa longevidade governamental a Santana Lopes ...

e há poucos mais, outros dez a Durão Barroso...

livra !




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2005-06-23

lapsus parvum

dito em português corrente, um pequeno lapso !

outras palavras: um erro pequenino, coisa pouca, um lapsinho !!!

a Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, jasetinhadito "...um pouco atrapalhada" quando perorou sobre "um pronunciamento sobre um despacho do Governo Regional de um Tribunal dos Açores, que não é de Lisboa nem respeita à República Portuguesa, portanto não respeita ao nosso sistema"

ainda se pode dissecar a ambiguidade: é o Tribunal dos Açores que não respeita à República ? a sentença ? ou o Governo Regional ? ou o despacho ?

para haver safa é capaz de ser preciso interpretar a expressão ministerial no sentido de que o Tribunal não sentenciou a República ...

por via de outras interpretações o lapso deixa de ser pequeno, mesmo que a atrapalhação seja compreensível, carregando na infelicidade de uma declaração deveras precipitada

mas o jametinhasdito educacional vai para a filosofia pressuposta na tentativa de emenda, lá onde a Ministra afirma que "Os ministros são pessoas normais e cometem lapsos e só são diferentes porque têm mais responsabilidades"

esta perspectiva confina ou eleva os Ministros a pessoas, digamos ... especiais ? -

bem vistas as coisas, é justamente por terem mais responsabilidades do que as "pessoas normais" que os Ministros não podem cometer os mesmos erros - a errar como as "pessoas normais" deverão deixar de ser Ministros

aproveitando a deixa, importa admitir que a Ministra também procurou reconhecer preocupação pelos descontentamentos dos professores mas soube defender os interesses superiores da educação

num país de "munto ilevado analfabrutismo", eh eh, a prioridade tem que ser definida de forma inquívoca a favor da menor perturbação possível do ano lectivo, devendo os interesses, privilégios ou legítimos direitos sectoriais ser defendidos ou prosseguidos com cuidada limitação da extensão dos prejuízos causados aos alunos e à comunidade em geral

e nunca agravar a situação deliberando a coincidência da greve com a data prevista para realização de exames, criando uma verdadeira armadilha à raposa, o que fica muito mal a quem exerce a delicada e decisiva função docente

há tempo para cada qual se exprimir, reivindicar e lutar

desnecessário e contraproducente é fazer perigar bens preciosos, como a educação num país e sobre uma população dela especialmente carente



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2005-06-21

eterno (?) feminino socialista

de acordo com a mais recente notícia da respectiva página oficial, o Departamento Nacional de Mulheres Socialistas jametinhadito que vai fazer das suas eleições um marco histórico

o objectivo foi plenamente atingido: as candidaturas concluíram-se a 3 de Maio (vai para dois meses) e a campanha oficial começou a 19 de Maio passado (há mais de um mês) tendo entretanto circulado diversos rumores, notícias, boatos, desmentidos, promessas, hipóteses, metásteses, metáforas, suposições, pressuposições e muitas outras confusões

na realidade, a notícia é antiga, a página oficial está muito desactualizada, não diz que as eleições já foram, nem que o PS ainda não tem Presidente das Mulheres Socialistas, Conselho Consultivo também não ...

resultados ?

estão à vista, escusam de gastar mais euros, latim e tempo de antena

a compreensão alheia tem limites, onde estão as Mulheres Socialistas ?

enfim, o problema é lá delas ...


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2005-06-15

às escuras ?

a Sábado, revista com inúmeros atractivos, na edição de 3 a 8 de Junho – sim, notícias frescas – jametinhadito que também há restaurantes que servem pratos às escuras

bem visto, o verdadeiro poder dos sentidos pode ser revelado quando falta ou não usamos algum deles

neste caso, que redobrado deve ser o apuro do tacto, do ouvido, do olfacto e, instigadamente, do paladar

se é certo que os olhos também comem, e às vezes é muito mais ou mesmo só isso, é também provável que outros e intensos sabores se extraiam da experiência de comer e conviver ... sem ver !

os Clientes são ajudados pelos invisuais - que trabalham no restaurante!

de acordo com as informações da página do «Dans le Noir?», em que até a interrogativa é saborosamente prometedora, o projecto nasceu da visão de responsáveis pela Associação Paul Guinot, defensora de cegos e amblíopes franceses, para sensibilizar e proporcionar o conhecimento do modo de vida e dificuldades de quem não vê...

o que pelos vistos é possível realizar de forma construtiva, prazenteira e ética !



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