por norma, a sexta-feira é fonte plena de belas leituras, em quantidade e qualidade, parte das quais é saboreada ao sábado de manhã, antes de jornais fim-de-semanais, de exercícios que tais, de compras matinais e outros etc-e-tais...
ontem, primeiro de outono, dominava a Fátima Felgueiras e o bem acompanhado António José Teixeira, nóvel director do Diário de Notícias – pé direito para mais este desafio – incomodava-se e procurava incomodar muita gente, conseguindo a frase do dia ao multiperguntar, se “pode uma foragida da justiça ver intocáveis os seus direitos políticos ? (...) e ninguém se incomoda ? deputados, partidos, não têm nada a dizer ? ninguém quer marcar a diferença ?”
lúcido, certeiro e brilhante, o editorial não deverá porém fazer-nos esquecer que, apesar do excessivo tempo decorrido desde os factos que lhe são imputados, a ex-Presidente e actual candidata à Câmara Municipal de Felgueiras não foi condenada, não foi julgada segundo os trâmites processuais da Lei e a Constituição a todos assegura o legítimo benefício da presunção de inocência – o que é muito importante e no caso dos políticos permite-lhes justamente prosseguirem a sua carreira imunes a eventuais acusações injustas movidas por opositores interessados em prejudicar ou inibir a actividade política de adversários
ou seja, a Constituição e a Lei contrapõem a tolerância, a sensatez e a ponderação que amiúde falta à análise política, à acção partidária e ao volátil sentimento popular, fenómenos humanos de que não estão isentos analistas, comentadores e editorialistas...
enquanto isso, prossegue o engraçado mas algo entediante catastrofismo de Vasco Pulido Valente, diariamente clamando por Salazar (ou Pombal?) na última página do Público – e não há como evitá-la, está lá Calvin, o magnífico, e é difícil fugir-lhe às aventuras, à ilusão contagiante e ao traço que nos devolve a infância, nossa e da que vivemos através do crescimento dos nossos miúdos
e, delícia, o DNA presenteia-nos com mãos de barro, barro nas mãos e mãos no barro, conciliando-nos com a natureza ou, ao menos mas benfazejamente, abrindo-nos a vontade de aliança do design ao artesanato, da criatividade à natureza, dos materiais às ideias, recomendavelmente à vista em Montemor-o-Novo
e o Ditos subscreve o espanto do charmoso Pedro Rolo Duarte, contra certos estudos com o seu quê de laboratoriais - ah...! o que fazem lembrar o benchmarking impingido por meneantes consultores a quem escapa a realidade...
no caso, jametinhamdito que a Av. da Liberdade é a mais poluída da Europa e a 9ª mais luxuosa do mundo ...!!? estranha-se e não se entranha !
que a poluição é excessiva, de acordo, pior para baixo onde os autocarros metem a primeira e furiosos condutores disputam um lugar de estacionamento legal e depois qualquer outro, menos talvez junto ao Marquês, praça arejada de confluentes artérias, ventos e verdejantes benefícios do lindíssimo Parque Eduardo VII
mas longe do smog e mau cheiro de certas avenidas de Madrid, Barcelona, Paris, Milão, Atenas, Londres, para já e assim de repente; vá lá, terão colocado os sensores junto ao escape de algum dos empedernidos taxistas e respectivas calamitosas viaturas, à espera de por tudo no seguro por via de um toque milagroso provindo de armadilha à má fila em que os mais ingénuos são sempre susceptíveis de cair...
e a classificação luxuosa confunde qualquer um que se lembre da efervescência limpa e elegante das mesmas citadas cidades, em suas invejáveis avenidas principais e acessórias, a que se acrescentariam diversos quarteirões de São Paulo e de tantas outras urbes ... ná, algo falha na tabela, sem prejuízo da nossa Liberdade ser avenida de eleição e justa predilecção
como não há duas sem três, logo a seguir o naco orgásmico que legitima o Ditos: este post pede o título a Rita Barata Silvério, em hora de inspirado clímax, extasia os leitores (o que apetecia era escrever “o leitor” e “a leitora”, no singular!) com inteligente e fundada refutação de mais um estudo, de que também se desconfiam mais virtudes de gabinete que de realíssimas vivências
é que a professora universitária Elizabeh Lloyd, de Indiana, EUA, estudou o orgasmo feminino em “The case of the Female Orgasm” e conclui que é acidental: não tem função específica que sirva a ciência e carece de propriedades organolépticas aptas à sobrevivência e propagação da espécie pois não faz falta ao processo reprodutivo
portanto, acontece por mera coincidência e acaso
no entanto, acontece, dizem, pelo menos os menos cépticos... ele há quem desconfie da real existência de tal fenómeno, há quem o recuse, o simule, enfim, tal como há quem o exalte em paroxismos de êxtase, simultaneidade ou multiplicidade...
de inegável delicadeza e complexidade, o assunto merece bem que se leia esta excelente crónica, inteligente e bem escrita, abordando de forma eficaz um tema social e individualmente relegado para margens da cultura e do conhecimento, mesmo nas franjas da sexualidade que aos poucos vai sendo enfrentada com mais naturalidade, a custo despontando de preconceitos que a esconderam e relegaram a pecados, vergonhas e, sobretudo, ignorância
ah! a banda sonora é Maricotinha Betânia, a quem importa dizer que o meu coração é seu, é pecado desprezar quem lhe quer bem e, cantando Sophia de Mello Breyner: ... A força dos meus sonhos é tão forte/ que de tudo renasce a exaltação/ e nunca as minhas mãos estão vazias”
observacoes sao bem vindas
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1 comentário:
Elas fingem o orgasmo?
Bem, deve ser por pensar que a gente se importa.
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