2005-12-19

pre-censura

Luís Botelho Ribeiro, cidadão português, professor, conhecido na aula de electrónica da faculdade de engenharia da Universidade do Minho, em Guimarães, jametinhadito:
a) vai pre-candidatar-se a Presidente da República, de Portugal!
b) vai entregar as assinaturas para a semana, com adiantamento de um terço a título de sinal!!
c) vai fazer greve de fome a seguir ao almoço, vitimizado de censura, por via de omissão televisiva, à sua pre-candidatura!!!

a censura, hoje censurada, esconde-se e actua na clandestinidade, mascarada em várias modalidades como a pre-censura, a censura disfarçada ou a censura antecipada

mas a censura vai mais adiante e tenta mesmo eliminar candidatos: é o caso da lamentável atitude do PS, interpostamente pela voz dos autorizados dirigentes Jorge Coelho, António Costa e António Vitorino, apelando à desistência dos “outros” (???) candidatos de esquerda; aqui pode haver uma estratégia, coerente com a escolha de Mário Soares para candidato oficial – o objectivo pode ser garantir a eleição de Cavaco Silva, eventualmente por compromissos não explicitados mas hoje na vox populi

é assim que entendem defender, exemplificar e promover a democracia ? consideram que a democracia se reforça pela desistência dos titulares de ideias diferentes ? então e tudo quanto estipula a Constituição da República sobre os direitos fundamentais, os direitos políticos e de cidadania, a liberdade de expressão e opinião ?

a mesma censura age ainda por modo mais subtil, tentando fazer crer já eleito certo candidato, em pose de facto consumado e arreliado por ter que ir a votos, ao ponto de se incomodar com debates, interpelações e perguntas e de se mostrar aborrecido de morte com a hipótese – porém cada vez mais provável – de haver segunda volta eleitoral

tanto chegaria para demonstrar que é redutora e mesmo insuficiente a análise esquerda/direita quanto às próximas eleições presidenciais, pese embora a valia das respectivas diferenças

a verdade é que há muito mais, estão mais dicotomias em jogo: por exemplo, candidatos partidários/não partidários; candidatos com/sem apoio partidário, incluindo um com o próprio partido contra

a partir daqui, com o devido registo de interesses: o Ditos apoia a candidatura de Manuel Alegre!

por razões simples:
- é um político no activo e não um ex-político ambicioso ou calculista;
- é o que fala de temas que podem gerar entusiasmo pelo exercício da função presidencial
. igualdade de oportunidades, incluindo entre mulheres e homens;
. aposta na educação, formação e qualificação das pessoas como via de assegurar a realização das mudanças de que o país precisa;
. ética e valores da cidadania, do seu livre exercício e dignificação;
. afirmação da identidade nacional e da lusofonia;
. afirmou concorrer pelo país e contra a crise, não contra outros candidatos;
. é o único que fala do 25 de Abril;
. é o único que recorre a uma linguagem cultural para exprimir os seus conceitos e entusiasmar os seus apoiantes ou para tentar cativar hesitantes - para a competitividade, a economia e a tecnocracia está lá o governo...;
. é corajoso, vem da resistência e luta pelos seus ideais

- tem o dom da palavra - e a palavra é fundamental na magistratura presidencial: é fundamental que o Presidente fale e conquiste o coração dos portugueses e como tal é fundamental que os candidatos falem do que pensam, debatam com todos abertamente e exprimam fundamentadamente o que pensam, não chega a pretensa obra feita no passado nem chega pedir carta branca e cega confiança
- tem mensagens inteligíveis e interessantes, dirigida aos cidadãos e não apenas aos opinion makers
- tem uma divisa admirável: liberdade, justiça, fraternidade

são razões, umas valerão mais outras menos, mas são razões que impressionam positivamente

e também por um sentimento: Manuel Alegre surge nesta eleição como um D. Quixote, vogando em ventos alterosos, radicalizados, enfrentando poderosos (disfarçados de) moinhos de vento a que ética e elegantemente atribuiu o estatuto de adversários políticos, mesmo quando alguns se comportam como inimigos, ainda que estejam precisamente no lado do campo onde se esperava encontrar amigos; apresta-se a bater-se contra máquinas partidárias, preconceitos vários, sondagens perniciosas, desconsiderações diversas, muita batota, cinismo, interesses que tentam ocultar-se...

mas prossegue o seu caminho, tem gerado muitas simpatias, até as sondagens têm melhorado, sobretudo as que davam grande folga a Cavaco Silva para uma vitória à primeira volta e que sondagem após sondagem têm vindo a perder folga, havendo já uma ou outra que admitem a hipótese de segunda volta

a ver vamos e o facto de se não atemorizar perante os cenários iniciais tão deliberadamente enegrecidos por muita esquerda e por toda a direita - hoje já menos tenebrosos, começando a dúvida a insinuar-se junto dos que anunciavam votar Cavaco apenas pela convicção generalizada de que ganharia de certeza... e não havendo certeza, cai uma forte afinidade para os se limitam a tentar acertar no vencedor, providencial

e a dúvida já se instalou, pelo menos quanto à suficiência da primeira volta

mas o Ditos não é político nem fará campanha nem argumentará que um candidato é melhor que os outros nem recorrerá a cartilhas, para o que de todo em todo seria inábil

mas não deixará de tentar refutar-se demagogias, sapos, desistências trambolhistas, dirigentes partidários palavrosos e afoitos em busca de tempo de antena gratuito e subsídios do Estado e dos contribuintes para eternos participantes profissionais em todos os escrutínios, comentadores sectários, políticos interpostos, jornalistas demasiado próximos de facções e o que mais se espera de tão costumeiro e vezeiro

e, se se proporcionar, o Ditos procurará contribuir para esclarecimento de temas relacionados com a campanha

sem censuras nem vencedores antecipados !



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