2005-09-30

alegre poesia

no Diário de Notícias de hoje, Vicente Jorge Silva jametinhadito que, ao fim e ao cabo, Manuel Alegre assegurou já uma espécie de vitória moral no combate da sua candidatura presidencial ... contra Mário Soares (!??)

ora, o colunista atribui honrosamente a Manuel Alegre o papel de D. Quixote e desenvolve a encenação quixotesca que reveste a figura do Poeta nesta peleja eleitoral, acreditando na sua causa contra tudo e contra todos, exprimindo ainda que o próprio considera viável alcançar o cargo de Presidente da República - o que só seria concebível por artes e a poder da magia poética de que é portador

e as suas armas são o voluntarismo generoso, a utopia e a poesia, bem como o capital de queixa pela forma como foi tratado na sua própria esfera política e partidária

no entanto, independentemente e para além de promissoras sondagens que caprichosamente oferecem a Manuel Alegre algum conforto moral ou estatístico, senão mesmo incentivo a ir à liça, certo é que a candidatura do Poeta pode bem afigurar-se como assente muito mais em valor intrínseco do que em mera militância anti-sistema

desde logo por, através de um homem de bem, representar uma sensibilidade interessante e interessada, por ser inspirada em valores de coerência e ética republicana – que o País tanto necessita semear urgentemente – e por se constituir num precioso e benfazejo projecto de integração de política e cultura

e há muito deveríamos ter aprendido que só a via da cultura é capaz de transformar positiva, duradoura e sustentavelmente as pessoas, as mentalidades e as comunidades

mas é de absoluta relevância refutar a ideia que perigosamente se tenta insidiar quando se afirma o pretenso capital de ressentimento ou supostos motivos inconfessáveis

esta é claramente uma candidatura que só fará sentido, só é defensável e só poderá ser vencedora sem contas a ajustar e sem nada a cobrar, antes reivindicando o registo puro e luminoso da verdade, da ascensão dos valores democráticos do Estado Social de Direito, do sentido e sentimento universal de justiça, de humanidade e de fraterna solidariedade !

aceitando partir da noção quixotesca de aspiração diligente a muitas vitórias sobre gigantes aparentes, reais e dissimulados, importa reconhecer a validade, mérito e coragem de apostar na eleição da voz poética para ilustrar o brasão da mais alta magistratura da nação

e, quem sabe, apoiá-la e incentivá-la ... !

tal como a natureza da poesia é ser construção, síntese e expressão de sabedoria e beleza, a sua contribuição para a elevação e dignificação da política não pode, não quer e não tem que ser contra ninguém ...

antes a favor de Portugal !!!


observacoes sao bem vindas

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