em certo prédio de Lisboa, junto a uns contentores especiais de razoável dimensão, localizados entre os elevadores e a garagem, está um enorme cartaz com ostensiva inscrição: NÃO SABEM LER ?
a interrogativa obriga a espreitar para dentro dos contentores, geralmente cheios de papel, papelão, cartão e afins !
ler então o quê ?
continuando o percurso em direcção à saída, ganha-se enfim a distância focal necessária a mais proveitosaobservação, mesmo se não particularmente atenta
vislumbram-se então vários pequenos cartazes explicativos, indicando que os contentores se destinam exclusiva e ecologicamente a receber embalagens de tonner vazias ...
daí o desepero do cartaz grande, certamente colocado por quem não investiu o suficiente nos cartazes com as indicações essenciais e depois jametinhadito que são os demais que não sabem ler
é certo que nem todos sabem mas também não chega saber ler ...
observacoes sao benvindas
2005-07-07
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3 comentários:
Em certo prédio de Lisboa, alguém aproveitou dois buracos na parede para lhe desenhar olhos e boca dando expressão a um troço inanimado, agora de sorriso rectangular, pretexto para, em sumária observação silenciosa, reforçada com mais valia de ilhas africanas e perfume de rosa, relembrar que numa troca de olhares se faz o aconchego da comunicação. Há momentos que serão sempre mágicos, como água a correr cor de prata em rio que outrora mentia. Quantas coisas por dizer e por sentir, e quantas sem palavras ditas e sentidas, podem guardar um olhar na parede. E nem é preciso saber ler...
mas é preciso olhar, ver e reparar...
e pelos vistos, até uma inscrição mural, urbana e anónima, é capaz de fazer despertar a memória e a poesia
ou seja, vale a pena manter a atenção, pelo sim pelo não ...
letras há que não se deixam ler ; )
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