2004-10-30

UE hoje o primeiro dia !

assinado:

são valores da União Europeia o respeito pela dignidade humana, a liberdade, a democracia, a igualdade, o Estado de Direito, o respeito dos direitos incluindo os das pessoas pertencentes a minorias, o pluralismo, a não discriminação, a tolerância, a justiça, a solidariedade, a igualdade entre mulheres e homens, a promoção da paz, dos seus valores e do bem estar dos povos, a livre concorrência, o desenvolvimento sustentável, o combate à exclusão social, o progresso científico e tecnológico, a riqueza e diversidade cultural e linguística, a solidariedade entre as gerações e a protecção dos direitos das crianças

é apenas mais um Tratado de papel ?

certo é que poucos se podem orgulhar de passo tão gigante !

boa sorte, União Europeia

agora ficamos de ver como é que somos capazes de dar eficácia à intenção, talvez haja referendos vários, por cá está-se mesmo a ver que será formulado pela negativa (é contra o Tratado?) e como (quase) ninguém vai votar a coisa passa, é o tal do gostinho especial, o português suave, caso contrário temos o mesmo resultado dos referendos anteriores, chumbados à míngua de eleitores, deliberados para se inviabilizarem leis razoáveis e necessárias, que os extremistas tanto temiam

haja tento ou nem na Europa nos aturam ... e é bom de ver que em mais lugar nenhum se pugna pelos valores consagrados no Tratado, em mais lugar nenhum se tem conseguido segurar a Paz quanto a União Europeia, oxalá perdure e contagie o mundo





suave português

vi agora que o "Português Suave" perdeu o "Suave"

faz lembrar a "Simplemente Maria" (ao menos não era dobrada em brasilês nem venezuelês, eh eh ...) mas o mal é de quem se lembra, como é que se confessa que nos lembramos de factos milenares, tempos pré-históricos, memórias ancestrais ?

mesmo do "Suave", a que só agora dei pela falta, talvez a queda e respectivo esquecimento se perca nos imemoriais tempos em que entrámos para a CEE ! (quero vê-ê-êr, Portugal, na C-É-É ..., outro eh eh !!!)

e há que reconhecer que era pleonasmo, aliás, já mo tinham dito !

a questão filosófica é se terá perdido a suavidade, embora seja politicamente incorrecto vasculhar no tema, basta o que basta e estamos sempre em perigo de, num momento de precisão, ter que cravar um ... "Português", naturalmente a um português

é que o nome pode ter a ver com a coisa, como pode não ter, mas haverá relação entre nome e qualidade, sabemos o poder da palavra sobre a realidade, daí a poesia, mas o nome é decisivo ? sobre a substância ? é o nome forma ?

também já me tinham dito que no Romeu e Julieta, quando ela o vê apaixona-se logo, mas ao saber do nome desalenta-se, não gosta de “Romeu”; então a aia de Julieta diz-lhe que não importa o nome: acaso a rosa perderia a sua fragrância se não se chamasse rosa ?

há várias teses, todas legítimas

cá para o Ditos, vale a ideia de que o nome é o nome e tem muito a ver:

[...]
se aroma, flor e cor são rosa
também seu belo nome o é ...


mas há que dar razão a quem a tem, de suave nada tinha o "Português", bah

2004-10-28

pois desengarrafe-se

diz o Jornal de (Neg)Ócios que o Escritor Robert Louis Stenvenson afirmava que “o vinho é poesia engarrafada”

e que a 6 e 7 de Novembro decorre na FIL, na Junqueira, em Lisboa, um certame intitulado "Encontro com o vinho e sabores"

embora possa ser muito útil à preparação (já há reclames nas ruas, em pleno Outubro ... afinal é quando um centro comercial quiser !!!) da quadra natalícia, é uma notícia (serviço, negócios) sobre sabores (prazeres, ócios) que aparenta mandar às malvas a velha regra que manda separar o trabalho da bebida ... eh eh, já me tinham dito ...

2004-10-27

auto-estima pelo cano ou uma grosseria de Emídio Rangel

...
chega a ser indecente ...

a propósito da evolução da apreciação de José Manuel Fernandes sobre a actuação do Ministro Morais Sarmento, o Correio da Manhã dá voz a um comentário tonitroante de Emídio Rangel, de rara infelicidade e de nível tão subterrâneo que soa imediatamente um alerta de perigo: já me tinhas dito, Emídio Rangel

se há mó de cima e mó de baixo, na comunicação social como noutras áreas e profissões, o rancor explicará alguma coisa mas a grosseria e a falta de educação parecem totalmente dispensáveis na mão de quem atira tantas pedras, desvirtuando em absoluto uma análise que tem um ponto de partida lúcido:

- os trambolhões do Director do Público, fazendo recordar profecia várias, como a de que Durão Barroso jamais seria Primeiro Ministro; e

- a fria estratégia do governante Morais Sarmento, corporizando passo a passo o abuso do poder, em calculada e respaldada coerência, a actuação tentacular direita ao controlo dos meios de comunicação social públicos e privados, com grave dano para a liberdade, a democracia e a vida de cada cidadão

mas Emídio Rangel desperdiça argumentos, razão e oportunidade, exibindo mau senso e mau gosto, mau perder e mau ganhar, má prosa e má criação

pelos leitores do Correio da Manhã e pela ética jornalística, quem critica tem que se dar ao respeito, o que deliberadamente falhou a Emídio Rangel; lamentável ...

2004-10-26

Clara e o contraditório

a título de mera interrogação, pergunto-me se estaremos a deixar progredir (mais) um equívoco, a propósito da vulgarização do conceito de contraditório; talvez por (de)formação jurídica de muit(íssim)os dos intervenientes, sobretudo de entre os mais recentes, após zurzida para lamentar de um Senhor Ministro sobre o monólogo dominical do Senhor Professor Marcelo, creio que se desvirtuou completamente o sentido da antiga (no meu caso, de há anos, mas lembro-me de outros, como por exemplo o Senhor Professor Vital Moreira, já em causa mas na era pré-blogostórica) reclamação ou exigência de contraditório, caindo-se em patente confusão

primeiro, requeria-se contraditório ao Senhor Professor Marcelo por se considerar que estaria em (pré-)campanha eleitoral, para cargo indefinido mas de alta posição no Estado - Primeiro-Ministro, pois foi chefe de partido de poder; Presidente da República, pois que adoptou em tempos atitudes suficientemente ambíguas, no mínimo, para legitimar a atribuição muito generalizada da condição de candidato

ou seja, era a (ex)posição especial de usar de tribuna confundível com tempo de antena encapotado que abria o flanco à exigência de contraditório, para atenuar uma vantagem competitiva desleal de que não beneficiavam outros (pseudo)candidatos, assumidos ou nem por isso; razão porque caía mal o privilégio e se pedia que se dispusesse ao contraditório, tal como aliás se exige a quem exerce o poder

presentemente, a exigência de contraditório vem rotulada em moldes totalmente distintos, exigindo-se-lhe agora por comentar desenfreadamente os episódios dos membros do governo

ora, em política (em direito e sobretudo na prática forense e administrativa, o contraditório tem ainda a ver com a procura de restabelecimento da igualdade de armas entre contendores, enfim, para permitir o confronto, ainda que por vezes só a título formal, de posições e perspectivas diferentes, mas tem também subjacente a ideia de permitir alguma forma de intervenção à parte contra quem é proferida uma acusação, instância, decisão, etc., ou seja, o contraditório é contra a parte mais forte) o contraditório é tipicamente exigível para vigiar, fiscalizar e moderar o exercício do poder - ou seja, há contraditório quando se permitem meios de acção, argumentação e prova contra a posição "oficial" dos titulares do poder, estes por definição dotados de meios de execução e influência

escusado será acrescentar que o contraditório é condição mínima, mas não suficiente, de democracia; e é precisamente por isso que é necessário que a democracia se alimente de contraditório, interpelando os titulares do poder e denunciando o seu exercício abusivo

é para isso que servem os comentadores, os cronistas, os analistas, os editoriais - quer na perspectiva estritamente política, para demonstração da plausibilidade e até justeza ou virtude de soluções alternativas, abordagens diferentes, necessidade de contextualização, etc, quer na perspectiva jurídica, examinando a legalidade e regularidade dos actos em que se traduz os exercício do poder, ou ainda na novel análise e avaliação económica das decisões jurídicas e políticas, obrigando os detentores do poder a justificarem os fundamentos e a racionalidade das suas medidas e opções, ou a arcarem com o ónus da sua ausência ou desproporção

concluindo, creio que em política há contraditório se houver críticos, ainda que se excedam - contra o excesso político basta ao detentor do poder demonstrar a legitimidade política dos seus actos; contra outros excessos há meios adicionais, de direito, desde que merecedores de tutela - e não há contraditório, ainda que haja comentadores e comentários, se não houver críticas ! eis o equívoco !!

se houver livre opinião e crítica, ainda não estamos seguros de que haja democracia; se não houver jornais e jornalistas livres, estamos seguros de que não há democracia

e depois de ver (Eduardo Cintra Torres, no Jornal de Negócios, entre outros) escrito que ia uma santaneta para o Diário de Notícias, fazer o jeito ao Governo, é de louvar a coragem de Clara Ferreira Alves, ao recusar a Direcção do periódico da PT, digo, do Marquês, afirmandio que não é ela quem mais fica a perder ...

espero bem que já me tenhas dito, Clara

2004-10-20


depois da Torre de Belém, adonde pousa a outubral gaivota ??? sim, haverá doce !!! Posted by Hello

2004-10-18

crónica do solitário

voltou "a" crónica ! ! !

há coisas assim, sejam o que forem ...

para quem se habituou a ler "A casa encantada", esta sexta-feira houve brinde, mesmo se lida só no sábado

sim, está de volta João Bénard da Costa, o da Cinemateca onde se pode perceber que há vida para além da americanalhada que nos enxameia os sucedâneos dos nimas, lá onde se aprende Rhomer, Trufaut, Godard, já para não falar dos mais antigos e também dos americanos que valiam a pena, da cor e poesia mesmo no preto e branco, no mudo, etc., os ciclos, sessões agendadas, horas na bilheteira, a fio, a saborear os programas, ficar para uns debates, discutir tudo até à última nota de vinte, guardada para o último eléctrico da recolha a Santo Amaro, afinal gasta na última imperial ... para o caminho

pois se voltou, agora é ficar com o Público à sexta, para ler quando puder ser, sem dúvida a melhor das nossas crónicas

e temos das boas: logo no mesmo periódico, mais cedo ou mais tarde como quem pisca o olho aos leitores do Diário de Lisboa, "O fio do horizonte" de Eduardo Prado Coelho, o cronista premiado - curiosamente também premiado pelo Inimigo Público, que tem olho; depois, na Xis, Fayza Hayat, a quem alguém que eu cá sei anda a pensar escrever cartas de amor; na Visão, António Lobo Antunes, cada vez mais assumido; o meu irmão angolano José Eduardo Agualusa, na Pública; no DN, que tem perdido os bons, João Céu Silva, à espera de um jardim no bairro do Arco do Cego; Carlos Quevedo, no DNA; o de “La Cancha”, não me lembro agora onde mas que escreve, sobre tudo, sobre a vida, disfarçado na página do futebol; no Expresso, passe o pedantismo, reconheça-se jeito à Pluma Caprichosa, de Clara Ferreira Alves; a genial Clara Pinto Correia, onde quer que escreva; no Jornal de Negócios, Manuel Falcão, este é cá dos blogs n’A Esquina do Rio; n’A Capital, Jacinto Lucas Pires começa a impor-se; e tantos, tantos de outros e de nós, que escrevemos umas vezes bem e outras também, incluindo as crónicas prometidas, que bem que sabem, e as que esperamos, mesmo sem saber se chegam

mas vamos ao jametinhasdito do Bénard: ainda não me passaram os pintores, da luz e das cores; tantos cineastas e escritores, Manuel de Oliveira sempre, Agustina sempre; os palácios de Génova; etc. só para ficar pelos temas mais recentes

e agora cai-nos a Arrábida e perdemo-nos nos trilhos labirínticos das infâncias e das vidas lá feitas, afinal fomos ambientalistas antes de haver ambientalismo – mas, como diz quem sabe muito, entretanto houve distracções – e os caminhos ainda se podem recuperar, que nem tudo arde

é por alguns deles que vamos parar – para tomar balanço, pois então – às memórias do solitário de quem não está nada só mas tem razão em sentir-se, em tantas coisas, solitário

Arrábida adentro, está de volta a melhor crónica do planeta e a partida para o fim de semana já está ganha ! ! !

táctica para separar da manada os bezerros a marcar Posted by Hello

2004-10-17

Sabem o que é lenha ?

a caminho de um promissor fim de semana rural, o SMS dizia: sigam A6 até saída Estremoz, direcção Portalegre, na rotunda NÃO virar p/ Sousel, continuar estrada p/ Portalegre, virar esquerda indicação Santo Amaro, logo direita Monte Novo da Courela

quem cumpriu mais ou menos, na Aldeia teve que perguntar; respondeu um ancião, de gesto largo: é seguir p’ra diante e depois virar à direita além onde está um monte de lenha ...

suspensos gesto e viajantes, o ancião indagou: sabem o que é lenha ?

jámetinhasdito ó Compadre ! ! !

depois foi pousar malas, calçar botas, tratar cavalos, conduzir gado, marcar bezerros e almoçar às tantas, depois de paragens técnicas nas redondezas a provar ensopado e febras

mas lá se arranjou maneira de encaixar uma sopinha, umas migas (de pão e de puré) e um segredo à base de pêras em leite condensado ...

depois da sesta, volteio numa égua de paciência infinita e outros passeios que tais, até à recolha junto à lareira generosa e acolhedora

à janta, orelhas de entrada, frango de tomate, carnes alentejanas e doces conventuais para amparar uma bela noite de fado, em oração, com um João Paulo profissional (veio de Vendas Novas !) e outro amador, além de voluntários vários que foram adiando o final do serão

ah ! as fatias douradas ao pequeno almoço ...

2004-10-10


a Arrábida está viva e recomenda-se... afinal a mata não ardeu e os arbustos queimados guardaram seiva e raiz, já despontam os filhos: mirtilo, zambujeiro, zimbro, aroeira (pistacia lentiscus), trepadeiras, jarros, medronheiro; temos renovação do maquis mediterrânico, temos serra ! Posted by Hello

o que diz Moniz ?

nada
um nada que é algo
ou seja, um nada que não o é
é o preço a pagar, diz Moniz
é a digressão, à falta de argumento
é a invocação de autoridade sem motivação
a convocada independência, se lá estivesse, viria a terreiro e dispensaria auto-proclamação
segundo Moniz, os jornalistas da TVI são independentes porque sim
porque é que não se nota ?
nada, diz

jametinhasdito

2004-10-09


Agradeço a Deus e aos meus antepassados, disse Wangari ao receber a notícia do Nobel da Paz, no sopé do Monte Quénia. Posted by Hello

Plantar a paz

Wangari Maathai, cientista e governante queniana, ontem laureada com o Prémio Nobel da Paz, luta desde há décadas por causas antigas, hoje designadas genericamente por “sustentabilidade”.

É o próprio desenvolvimento sustentável que é nomeado, com a coincidência feliz do reconhecimento de uma mulher africana que de há muito e laboriosamente vem desenvolvendo uma intensa luta pela preservação da biodiversidade como pressuposto de melhores condições de vida para os africanos, em especial para as mulheres africanas, visando o equilíbrio do planeta em geral mas com aposta clara na viabilidade ecológica, cultural e económica.

Nessa luta, Wangari tem combatido nos planos científico, social e político, na oposição e no poder, permanecendo em campanha pelos direitos humanos e por um Monte Quénia verdejante, semeando a paz em cada árvore plantada para transmitir um mundo condigno às novas e futuras gerações.

Mais mulheres: o Nobel da Paz, em 2003, tinha sido atribuído a uma advogada iraniana, Shirin Ebadi; também ontem, o Nobel da Literatura premiou a romancista e dramaturga austríaca Elfriede Jelinek.

Sem feminismos, vai um jametinhasdito contra a prepotência patriarcal que – em muitas sociedades, actualissimamente – além do mais vem destruindo o mundo e o ameaça, rarefazendo os bens naturais e promovendo a barbárie em sua disputa, comprometendo o presente e o futuro da humanidade e do acesso universal a uma vida culta, pacífica e fraterna.

África, Mulher, Árvore, Paz ... é um sonho !!! mas será só ilusão ? será demais sonhar o sonho a perdurar ?

2004-10-08

Extraordinária Assembleia

António Modesto Navarro, Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa (Telefone: 218 435 130, Fax: 218 465 039)
, convoca uma sessão extraordinária para o dia 12 de Outubro de 2004, pelas 15.00 horas, no Forum Lisboa, à Avenida de Roma, 14, para apreciação do Estudo de Impacto Ambiental do Túúúúúnel do Marquês.

Certo ?

Bem, o aviso esclarece, com sublinhados próprios, que a reunião não terá período de "Intervenção do Público”, nem período de “Antes da ordem do dia”.

Tá claro ?

Ó jámetinhamdito ?

2004-10-06

descer à terra

cantigamente
(ou nem tanto)

ainda há dias blogava a respeito de crítica do Prof. Jorge Bacela Gouveia à crítica dominical do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa; curiosamente, no dia seguinte Miguel Sousa Tavares, no Público, explorou também o tema...
entretanto, a incomodidade de sectores ligados ao actual Governo foi crescendo e recrudescendo, com as correspondentes manifestações
ontem reparei que o Prof. Marcelo rebelo de Sousa saíu a terreiro, devagarinho, a dizer que só comentava aos domingos, no tempo de antena habitual pago pela TVI
- que não senhor, não saía !! pois afinal saíu ...

jámetinhasdito, oh Prof. Marcelo

mas já se está por aí a ouvir "volta Marcelo"

se era falta de contraditório, agora falta o ditório, falta o contra, falta tudo ...
cá para o Ditos, o regresso de Marcelo à terra faz lembrar o bilhete só de ida que o "Expresso há uns anos ofereceu a João Carreira Bom

há perigo na esquina, avisava Elis Regina !!?

habemus capital

é 5 de Outubro e folga-se; antes do pequeno almoço, estira-se a vista pela jornalama espraiada sobre a banca; nesta, destaca-se A Capital; porquê ? porque interessa; e é assim que se compra um jornal, por apresentar assuntos de interesse !

com efeito, por entre a massa das primeiras páginas matinais, que as que tentam captar e retribuir o olhar e a atenção do possível comprador, sai n’A Capital a renúncia de Carlos Carvalhas

os outros, nada ...

mesmo o publico.pt, só às duas da tarde deu pelo caso

por esta e por outras, reparo agora que de há tempos para cá compro A Capital bem mais do que esporadicamente; e vejamos, só p‘ra deitar o dente à edição de hoje: além da antecipação e do destaque em si, o tratamento dado, no conjunto do editorial e do tratamento noticioso, afigura-se bem temperado, o q.b. de cozedura e condimento, dá voz às diversas sensibilidades e afinidades do PCP, faz algum malabarismo para despistar a fonte, como convém, mas de leitura directa o suficiente e mais não faz falta, ou seja, temos Capital

já agora, acrescente-se o grafismo equilibrado, sem carrossel, a boa apresentação das notícias e das análises, bons cronistas, do senior Appio Sottomayor ao júnior cada vez mais apessoado Jacinto Lucas Pires, entre outros; a bela secção blogosférica; a magnífica secção de cultura; o desporto em bom plano, sem correrias, como é exemplo a análise objectiva, sensata e isenta na denúncia da arbitragem prejudicial ao Belenenses, onde é que eu já vi isto (!) incluindo uma interessante página de xadrez – sim, no desporto, além do problema de xadrez na secção de passatempos;

as páginas parecem arrumadas, sem amálgamas, dá gosto ver – uma página, um assunto, com desenvolvimento adequado; dou um exemplo: a secção Mundo tem uma página sobre o Nobel da Medicina, lá se diz que uns cientistas andaram a cheirar o olfacto e ajudaram a compreender e a explicar o processo genético e cerebral de identificação dos cheiros, processo que nos individualiza, afinal uma defesa da natureza em busca de assegurar a sobrevivência, através da ... biodiversidade ! onde é que já ouvimos isto ? bem, estas descobertas científicas também ajudam a superar problemas médicos, daí também a atribuição do prémio e respectivos milhões

enfim, um jornal que tem notícias (o que não sucede a todos, hoje em dia sabe-se tudo primeiro pela rádio, televisão e internet) e análises, temas de investigação - as "famílias", bem estruturado e actualíssimo, com informação e interrogações: há uma nova sociedade por força da evolução do conceito de família, há aspectos práticos e jurídicos relevantes, sociais e individuais, há novos "valores" ou "falta de valores" ? - tudo com conta, peso e medida, é assim que um jornal tem interesse

jametinhas dito, ó Capital