2012-12-28

Poesia e... esperança de vida!


Segundo notícia do Diário Digital, um estudo universitário (de Jenas, Alemanha, não confundir com a Universidade do Relvas, figurão do Ano 2012) jametinhadito que «Pessoas com mau feitio podem aumentar em dois anos a esperança média de vida»!

O Ditos confessa que o texto do artigo não é lá muito fundamentado e também que não foi roer a tese germânica e muito menos se requereu apresentação de credenciais aos respectivos cientistas, consultores, observadores, o que se dá de barato - não por ausência de apurado critério jornalístico, ora essa... - por irrelevância para o essencial que agora importa: é que mais uma vez se comprova que a prova provada a que chega a ciência ou a academia já a poesia demonstrara superiormente!!

Mais a mais como hoje está, em Lisboa, uma sexta-feira de sol, aqui fica um poema de Ruy Belo* que antecipa em vários anos, em verso, o resultado agora descoberto pelos intrépidos investigadores!!!

 
Sexta-feira sol dourado


esperança de solução de todos os problemas

não por à sexta-feira ter morrido cristo

que o poeta aliás comemora a comer bacalhau

ou outro peixe trocado pelos pescadores que morreram ou morrerão no mar

esse peixe que dantes nos chegava directamente

e agora passa pelas mãos do almirante henrique tenreiro

sexta-feira sol dourado

não por à sexta-feira ter morrido cristo

mas por se dispor da semana americana

Agora é que vamos ser felizes

A sexta-feira chega enche-se o peito de ar

a eternidade é não haver papéis

a vida muda vamos contestar

talvez assim se consiga aumentar

a duração média da vida humana

Sexta-feira sol dourado

que alegria ser poeta português

Portugal fica em frente



Ruy Belo, Todos os Poemas, Assírio & Alvim, 2009 (reimpressão)


* nota de actualização de texto: onde o Poeta escreveu, com lucidez e coragem, "do almirante Herique Tenreiro",  leia-se hoje "da inefável troica"


observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-12-22

D. Inverno, Bom Inverno


jametinhamperguntado: onde está a Ditosa?




uma dica: está neste Mundo inacabado de eternos recomeços !




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-12-09

batota frita


o rótulo bem tenta disfarçar, incluindo batatas desidratadas (outra batota é o destaque piramidal que isola a palavra "Batatas", acentuando o abuso) na extensa lista de ingredientes de Pringles mas a realidade impõe-se: aquilo tem pouco de batata, seguramente menos de metade!






aliás, a empresa fabricante chegou, de início, a designar o produto de «Newfangled Potato Chips» mas, verdade seja jametinhasdita, o nome de batata caiu redondo e sem ondas para fora do tubo, restando um prudente "aperitivo frito"!!

há uns anos, num processo curioso, a companhia proprietária foi processada pelos serviços do IVA e condenada pelos tribunais britânicos por se ter feito prova da escassez de batata na receita e no produto; porém, mais tarde, os advogados da empresa conseguiram convencer o Supremo Tribunal do Reino Unido a obrigar o fisco a devolver uns quantos milhões de libras, aproveitando bem algumas alíneas da tabela do IVA, que pagava a título de batata frita, e precisamente por aquilo não ser feito de batata e nada ter a ver com a natureza!!!


observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-12-08

Ditosa ribeirinha


onde (re)pousa e sorve ar fresco olhando a neblina de luz ?

saberá a Ditosa que 2012, numerologicamente de intuitiva mudança, caminha para o fim?

e que renovações acolherão 2013?




nota - crédito fotográfico: amabilidade MPS ;_)))







observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-12-06

Avó Ermelinda


Deonilde, Germana, Ermelinda, Leonor, Joana...

do alto de uma garrafa de vinho da Casa Ermelinda de Freitas, cinco gerações de Mulheres nos contemplam!

partiu, há poucos meses, Ermelinda de Freitas, Avó de Joana, Mãe de Leonor, Filha de Germana e Neta de Deonilde, tudo nomes fortes e de notável impressão no mundo vinícola português

Ermelinda de Freitas soube inovar e respeitar a continuidade, privilegiando marcas próprias (Terras do Pó, 1997, foi a primeira marca própria da Casa Ermelinda de Freitas) para assim optimizar a vinha a que a Família se dedicava há já tantos anos, desde 1920

mas além da produção de vinhos da exploração vitivinícola familiar, premiados ao mais alto nível mundial e exprimindo também o importante esforço de internacionalização, notabilizou-se pela promoção dos vinhos da Região e da Península de Setúbal e dos vinhos de Portugal no mundo!!

ou seja, bom vinho!!!





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-11-29

mau vinho


jametinhamdito que foi reprovado o pedido de registo da marca "Memórias de Salazar" para um vinho  de Santa Comba Dão

os motivos poderão ser substanciais, por insulto à consciência colectiva ou perigo sobre a ordem pública, conquanto o mau gosto, a ofensa ao vinho e a publicidade enganosa (que raio terá o vinho hoje produzido a ver com tão renomado baptismo?) ficarão de prevenção para eventual utilização como argumento adicional em caso de recurso, pois a ressabiada entidade requerente promete insistir

mas por falar em memória e em Salazar, o Ditos recupera uma pérola de muito preço e mais do que atempada!

à saúde ;_)))

Este senhor Salazar


É feito de sal e azar.

Se um dia chove,

A agua dissolve

O sal,

E sob o céu

Fica só azar, é natural.



Oh, c'os diabos!

Parece que já choveu...

---------------------------------------------------------

Coitadinho

Do tiraninho!

Não bebe vinho.

Nem sequer sozinho...



Bebe a verdade

E a liberdade,

E com tal agrado

Que já começam

A escassear no mercado.



Coitadinho

Do tiraninho!

O meu vizinho

Está na Guiné,

E o meu padrinho

No Limoeiro

Aqui ao pé,

Mas ninguém sabe porquê.



Mas, enfim, é

Certo e certeiro

Que isto consola

E nos dá fé:

Que o coitadinho

Do tiraninho

Não bebe vinho,

Nem até

Café.




29-03-1935

Fernando Pessoa  




observações são bem vindas, obrigado ;_)))

2012-11-14

bem cotada



pois, mas onde está a ditosa de alto preço?



observações são bem vindas obrigado ;_)))


crédito de gentileza fotográfica: AO

2012-10-27

oxalá!


"Oxalá o destinem às bibliotecas públicas", jametinhasdito de ouro!

Javier Marías, romancista espanhol, acaba de recusar (mais) um prémio, por se tratar de um encargo do Estado mas também, assumidamente, procurando livrar-se da conotação de prebenda pública a "manchar" a sua carreira

neste caso a obra é o romance Los Enamoramientos e o prémio tem o valor pecuniário de 20.000 euros, à conta do orçamento do Ministério da educação, Cultura e Desporto do reino de Espanha

quando em vez há atitudes que surpreendem pela coerência e ainda há bem pouco tempo a nossa admirável Maria Teresa Horta recusou o prémio D. Diniz, pela não menos admirável obra "As luzes de Leonor", romance histórico ou biografia romanceada sobre a Leonor neta de Leonor Távora, futuramente conhecida como a Marquesa de Alorna, mulher de rara coragem e inspiração

num caso e noutro, fica um sentimento de admiração pela determinação e critério, ligação da arte à vida, consequência, afinal, das palavras e dos Artistas!!

oxalá as bibliotecas públicas fiquem a ganhar, com o prémio e com a honrosa menção feita por Javier Marías

para já, curiosidade e admiração por Los Enamoramientos, como há semanas por As luzes de Leonor!!!


;_)))


observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-09-07

norma e excepção


A Lei n.º 54/2012, de 6 de Setembro, a vigorar a partir de 1 de Outubro, estabelece o regime de prevenção e combate ao furto e de receptação de metais não preciosos com valor comercial e prevê meios adicionais e de reforço no âmbito da fiscalização da actividade de gestão de resíduos, correntemente designados por sucateiros.


Tardava há muito um reforço da atenção sobre o tema, tão recrudescida se tem manifestado a pilhagem de cobre, alumínio, ferro e outros metais e ligas de uso vulgar, sector de relevante interesse económico face ao elevado preço dos materiais furtados (frequentemente lemos o eufemismo "desviados") e a extrema facilidade, baixo risco e custo irrisório com que se traficam tais materiais. É o caso de cabos eléctricos (linhas de electricidade de redes públicas ou particulares e catenárias dos caminhos de ferro) e telefónicos mas também de inúmeros equipamentos simples ou sofisticados que integram infraestruturas básicas, incluindo grelhas de sargeta e tampas de saneamento, bem assim como portões, gradeamentos e variadíssimas outras estruturas metálicas.

Um dos problemas deste flagelo é a desproporção dos proveitos face aos avultados prejuízos causados em muitos furtos: pode ser causado um dano incalculável de milhares de euros por uma simples peça metálica que nem chega a valer, a peso, 100 euros no mercado a que se destina, distribuídos  pelos diferentes intervenientes em proporção moral - o bolo maior vai para os mais graúdos do negócio e o executante de gazua e torquês arrecada migalhas e acarreta com o risco de electrocussão, reacção defensiva de proprietários e seguranças ou detenção policial. 

Pelas notícias e pelo que se observa (por exemplo, as centenas de placas de trânsito amputadas, muitas em alumínio) a actividade prospera, com consequências exponenciais para a sociedade, sendo ostensivo o papel e a impunidade de muitos sucateiros na viabilização de todo este esquema.

Assim, é muito compreensível a disciplina apertada sobre as transacções, impondo-se um rigoroso sistema de registo e auditabilidade para completa verificação e transparência de todos os intervenientes e de todos os respectivos actos, de modo a permitir às autoridades, designadamente judiciais mas também tributárias, o seguimento exaustivo da proveniência dos materiais objecto destes negócios. Esse é o problema, a pedra de toque.

E qual a solução legal agora perspectivada? _ Proibir cheques ao portador e restringir os pagamentos em dinheiro a operações de valor inferior a 50 euros!

Ora, jametinhamdito, a excepção à regra é magnânime!!

De que lado está o legislador?




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-09-04

será azul?


Ella assim o diz ;_)))




Blue moon, you saw me standin' alone
Without a dream in my heart, without a love of my own
Blue moon, you knew just what I was there for
You heard me sayin' a prayer for
Someone I really could care for

And then there suddenly appeared before me
The only one my arms will hold
I heard somebody whisper "please adore me"
And when I looked, the moon had turned to gold

Blue moon, now I'm no longer alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

And then there suddenly appeared before me
The only one my arms will ever hold
I heard somebody whisper "please adore me"
And when I looked, the moon had turned to gold

Blue moon, now I'm no longer alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

Blue moon, now I'm no longer alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

Lorenz Hart, Richard Rodgers, Ella Fitzgerald




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-08-29

poesia em voo


por onde passa a Ditosa ternurenta e apressada, retratada em verso tipo passe...?



prémio recarregável ;_)))



observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-07-27

Verbo olímpico


segundo noticia o Público, os participantes nas Olimpíadas de Londres estão sujeitos a regras de bom gosto  e mínimos de decência nas conversetas online


o Comité Olímpico jametinhadito que proíbe a linguagem vulgar, o que faz todo o sentido e merece mais empenho que o dedicado a temas como o Acordo Ortográfico, pelos fervorosos contra e a favor 


outro preceito de valor é a obrigação de se obter o acordo de todos os intervenientes para publicação de imagens obtidas na Aldeia Olímpica - porventura vai ser muito difícil assegurar o cumprimento desta norma, tal é o à vontade com que os jovens (principalmente! mas não só...) captam e difundem imagens com desprezo olímpico dos direitos alheios

boa parte dos preceitos do documento são aliás de bom senso, mais do que verdadeiras inovações normativas: o «IOC Social Media, Blogging and Internet Guidelines for participants 
and other accredited persons at the London 2012 Olympic Games» contém um conjunto de disposições sobre o respeito da identidade e imagem de quem aparece nas fotografias, bem como indicações de boa conduta em matéria de publicação e partilha de sons, vídeos, relatos, publicidade, resultados, provas, etc.

por envergonhar os concidadãos do seu País, uma atleta grega foi expulsa da sua delegação olímpica mesmo antes da cerimónia de abertura

oxalá os nossos desavergonhados políticos (sabem que dificilmente serão expulsos por se comportarem abaixo dos mínimos) observem também o decoro olímpico no verbo governativo e parlamentar!!

e que os Jogos  comecem!!!

;_)))




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-07-13

Colunas ditosas


da terra, das águas, dos céus, das combustões nós dentro e mais além, conhecimento, esquecimento e desconhecimento, escrito e por escrever, havido, por acontecer e outras utopias, mistérios e uni... versos ;_)))




Perguntaram-me da terra da utopia
mas ao longe só vi uma gaivota.
Da terra da utopia eu não sabia
nem do mar nem do sítio nem da rota
talvez não fosse mais que um sonho que ninguém sonhava
um soluço de Deus um cheiro a maresia
e ao longe uma gaivota que pairava
sobre um ponto no azul sobre utopia.


Manuel Alegre, Cais das colunas, in "Nada está escrito", D. Quixote

Renato Monteiro, fotografia analógica a preto e branco com legenda magistral, também cúmplice e desafiadora



observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-07-10

voamos, não voamos



Pelo sonho é que vamos






Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-07-02

Abril outra vez




mudados tempos e vontades
grudados ventos, tempestades
por demais o mesmo se alevanta
o engano em passos pinta a manta
e por força de ficar tanto na mesma
anda o povo a correr como uma lesma
oxalá o rasto cole, frise e humedeça
o demagogo e os pés lhe ponha na cabeça
sempre andava um pouco mais ladino
á onde voa alienando o nosso destino
resta a voz, a esperança, a união, a poesia
e, quiçá, o voto a escorraçar a aleivosia
ou mesmo o que se impõe tão fortemente:
ir sem medo à luta, denunciar, cerrar o dente
um novo dia inteiro, um novo Abril, é já merecido
que o primeiro, se então fez luz, é já esquecido

apre, jametinhasdito!



glosa ao Prof. Adelino Maltez




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-06-20

Ditosa posa




parece fácil...

mas onde está a Ditosa deste mês?

o prémio é a participação num evento que só ocorre uma vez por ano!


observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-06-13

fechar a porta?



por favor... 



ou arrombar portas abertas?

jametinhamdito!...





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-06-08

aprender, sempre


aprender? mas é preciso aprender? e sempre?

num artigo em que respiga um texto de Johanni Larjanko, da EAEA (European Association for the Education of Adults), o site da Associação "O Direito de Aprender" dá voz e notícia à falta de voz e de notícias sobre o tema da Educação de Adultos

entre nós tem até havido notícias: a extinção anunciada do programa Novas Oportunidades e de tantas vontades, sonhos, saberes, realizações e projectos de futuro que levaram anos a erigir

à parte a logística, arreliadora, que afecta a referida organização, a EAEA, certo é que o predomínio da crise - como de resto, antes dela, o ostensivo massacre mediático a que fomos sujeitos através de muitos dos factores que a espoletaram, como o consumismo desregrado, a desregulação da inventiva financeira e a virtualização até de aspectos fundamentais da economia, como a casa de cada um ou da sua família - avassala grandemente os discursos, tanto os particulares como os públicos e mediáticos, a tal ponto que por (muitas) vezes se sobrepõe uma insuperável inevitabilidade de tudo quanto acontece e vai acontecer, suprimindo as alternativas, desde as verdadeiras opções às meras possibilidades e até às simples conjecturas, enevoando os próprios sonhos e, não raro, a capacidade de pensar, num crescendo breu, de apagamento e esquecimento geral...

é pois muito bem vindo o alerta: urge retomar o ponto de situação, voltar a tentar ver claro, forçar a reflexão, é preciso pensar, discutir, analisar, propor, lutar!

desde 1985 que estamos formalmente avisados, na sequência de estudos diversos culminados em Recomendação oficial da OIT, sobre a importância da formação ao longo da vida!!

claro que já havia mundo antes disso, noutras formas de expressão, desde a educação permanente ao treino e certificação da formação em diferentes formatos e modelos, estaduais, não governamentais e da pura sociedade civil, incluindo as famílias, as empresas e até projectos individuais - o nosso grande Gago Coutinho viveu até aos 90 anos e estudou toda a vida, aliás, enquanto há vida há aprendizagens

mas são múltiplos os factores de entropia, incluindo alguns provenientes da esfera da mais genuína boa vontade: é o exemplo de dedicados "gestores" de «recursos humanos» ou as respectivas administrações e inevitáveis programas, consultores, políticas e compromissos - todos tratando as pessoas como «recursos» em vez de sujeitos, participantes activos no processo de criação de valor e de sustentação da organização e da comunidade em que se insere

nessa mesma esfera se inscrevem os projectos de valorização dos «activos humanos» e até do «capital humano» - adeus pessoas, sujeitos e demais conceitos da ordem do "ser"...

o vazio de notícias, muito bem observado, não é, pois, inconsequente nem meramente acidental mas sim preocupante, correspondendo a um vazio de ideias que não resulta apenas da inconsideração mas da aplicação de uma particular ideologia, para aquietação das almas e alienação do humano que em nós anseia por oportunidades de aprender e intervir, de contribuir para a regulação do quotidiano como para os grandes desígnios que a Humanidade há muito identificou - Saramago alertava bem: chegamos mais depressa a Marte que ao nosso semelhante - e que regressam e recrudescem à medida que aumentam e se promovem as desigualdades, norte/sul, homens/mulheres, ricos/pobres, desenvolvidos/subdesenvolvidos, cibernéticos/infoexcluídos, problemas que se agigantam em todas as sociedades e à porta de casa

o reconhecimento desse apagamento, do seu propósito e da necessidade de uma consciência é um imperativo categórico, não uma nova moral mas uma inquietação necessária a bem do saber e dos seus frutos mas também do apaziguamento das políticas e economias agressivas que nos trouxeram aqui, à beira da desesperança, à ausência de relevância, a este medonho silêncio sobre o que verdadeiramente importa

jametinhamdito!!!


;_)))



observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-05-26

Oração




Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.



Natália Correia

observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-05-23

crescimento

Manuela Ferreira Leite jametinhadito: "Se não houver crescimento económico, não há a possibilidade de se conseguir consolidar as contas públicas"!

talvez esteja certa, aritmeticamente, pois como a dívida é a maior fatia do Orçamento do Estado, a intervenção depressiva nas outras rubricas de despesa afecta irremediavelmente a capacidade de geração de novas e mais receitas, deixando em roda livre o aumento dos juros e da dívida pública

para muitos intervenientes com fortes responsabilidades na condução da governação e na sua influência, tal conceito mantém-se desaparecido, abstracto ou mesmo combatido ferozmente

observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-05-11

AAA


Alexandre/Alain/Amália


se uma Ditosa...




;_)))


Gaivota


Poema: Alexandre O'Neill
Música: Alain Oulman
Interpretação: Amália Rodrigues



Se uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar.


Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
Dos sete mares andarilho,
Fosse quem sabe o primeiro
A contar-me o que inventasse,
Se um olhar de novo brilho
No meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
As aves todas do céu,
Me dessem na despedida
O teu olhar derradeiro,
Esse olhar que era só teu,
Amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
Morreria no meu peito,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde perfeito
Bateu o meu coração.





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-03-29

DO 25 DE ABRIL À TROIKA (3)



Quanto ao alcance e inspiração da expressão “os que vieram depois”, foi gentilmente oferecida ao Ditos uma interpretação autêntica, prova competente e oportuna de que se pode legendar também os textos - mesmo os mais claros, como é o caso "DO 25 DE ABRIL À TROIKA".

Volte a palavra a Fernando Cardoso de Sousa: 

_«Estava eu numa daquelas sessões do 25 de Abril, no auditório da Câmara Municipal de Albufeira, com mais de meio milhar de jovens do secundário, na parte de perguntas e respostas, quando uma jovem se levanta e pergunta aos convidados (presidente da Câmara e dois ‘capitães’ de Abril) o que de melhor e pior tinha deixado o 25 de Abril.

Eu achei a pergunta bem difícil e empurrei para os meus colegas a resposta, que eles deram de forma pouco convincente e elaborada. E foi na iminência de eu dizer algo que fizesse sentido, que me veio um repente: – “O melhor foram vocês! A alegria de ter mais de meio milhar de jovens, num Concelho pequeno, a frequentar o ensino secundário e a fazer perguntas tão inteligentes. E o pior foram ‘”os que vieram depois’”.

E lá expliquei o conceito.  E o pessoal gostou! Mais daquela ‘o melhor são vocês’, claro.»

O Ditos também gosta, muito, do texto e seu contexto, numa perspectiva de algum modo crua e dura mas guardando uma saudável nota de esperança responsável - atitude a lembrar Gramsci, que falava em pessimismo realista e optimismo inteligente  ;_)))

Mais um muito obrigado!!!








observações são bem vindas obrigado ;_)))

DO 25 DE ABRIL À TROIKA (2)





Imagem: “Partido”, seleccionada do livro "25 de Abril”, de 1996, de J. Rosa Guerra, obra que expressa um desânimo quando a esmagadora maioria de "os que vieram depois" se lambiam com os dinheiros europeus, festejando, em sintonia com a onda urbana pós-modernista, uma das grandes perdas do povo português: a perda do sentido colectivo e do sentido do outro.

Legendando a legenda e interpretando a ligação da imagem ao texto, J. Rosa Guerra explicita:

«a palavra “partido”, associada à foto, já não significa partido político (com a grandeza da palavra polis) para remeter para um sentido de quebra, divisão, mutilação, dificuldade em caminhar …

Todas as fotos do livro foram tiradas no dia 25 de Abril (mas de 1996) ou seja, fazem a pergunta, o que é significam hoje (em 96) os ideais de Abril de construção de um Portugal mais igualitário?

Nesta imagem (de Alcântara, mas que podia ser de um subúrbio), num olhar atento à figura, percebe-se que se trata de um jovem e popular (pela indumentária): enquanto uns “que vieram depois” festejam (estamos em 96) outros mantêm a dificuldade em seguir adiante mesmo que a sua idade lhes prometa uma “longa vida”. Naquele rapaz (ele próprio mutilado no enquadramento fotográfico), já se adivinha uma juventude agarrada a um futuro contraditório, quebrado e incerto.»

Trata-se uma generosa partilha, como um ponto de cumplicidade com a crítica aos “que vieram depois”.


O Ditos agradece a J. Rosa Guerra o labor criativo, interpretativo e crítico: triplo sinal de esperança, realismo e sentido de intervenção, tão mais necessária quanto o que se antevia em 1996 nos desabou com mais uma dose de FMI de que só nos voltaremos a livrar com lucidez, dentes e punhos cerrados, permanente apelo à memória e mangas arregaçadas para semear um futuro condigno!!!







observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-03-27

DO 25 DE ABRIL À TROIKA



Por Fernando Cardoso de Sousa
Ten-Cor de Infª na Reforma

Parte I – O 25 de Abril e os ideais

Foi uma longa espera no Terreiro do Paço. Espera que viesse uma ordem para avançarmos e prendermos os membros do governo que víamos espreitar-nos das janelas. Não percebíamos porque é que as ordens não vinham, quando tudo nos parecia tão fácil dali. Mas cumprimos bem e ninguém resolveu agir por conta própria.
Finalmente vieram as ordens para avançarmos e, é claro, já lá não estava ninguém, ou só restavam alguns coronéis, chefes de gabinete ou investidos de outras funções, que resolveram não fugir. E fizeram bem, pois também nada lhes aconteceu, já que ninguém nos tinha mandado prendê-los; até conversaram calmamente com alguns oficiais sobre a justeza do golpe. Mas a missão ainda era (pensávamos nós) capturar membros do governo e assim fomos andando pelos corredores do palácio esperando encontrar algum retardatário. Mas eis senão quando uma porta enorme nos barrou o caminho e, se bem que todos procurassem a chave, ela teimava em não aparecer. Era lógico que os fugitivos tinham fechado a porta à chave, para dificultar a perseguição. Que fazer então? Aparentemente só havia uma solução: arrombar a porta de qualquer forma pois, por muito resistente que fosse, não conseguiria deter militares aguerridos e determinados. Só que…quem é que arromba? Uns não queriam a violência, outros hesitavam em tomar a iniciativa mas todos, de um modo geral, achávamos mal danificar uma porta tão bonita e valiosa, ainda por cima fazendo parte da Fazenda Nacional…e não se arrombou. Ainda procurámos alternativas mas, como não encontrámos, voltámos por onde tínhamos entrado e fomos embora.
Do Terreiro do Paço, um grupo seguiu para a António Maria Cardoso – quartel da PIDE e outro para a Penha de França – quartel da Legião Portuguesa. Eu segui no da Legião e, à medida que nos íamos aproximando, os soldados tomavam posição em prédios contíguos à fortaleza, prontos a ripostar ao primeiro sinal de resistência. E o grosso da coluna lá seguia, imbuída do espirito de missão mais revolucionário e aguerrido.
E esse espírito era necessário, pois começámos a vislumbrar legionários armados, que nos espreitavam do cimo das muralhas. Só que, em vez de tomarem posições defensivas e camufladas, limitavam-se a passear a descoberto e a olhar para nós com curiosidade. Ainda por cima com as armas em bandoleira, daquelas Mauser da I Guerra, em contraste flagrante com o armamento pesado e moderno (para português, claro), que se passeava debaixo dos seus olhos. Era demais!
E chegámos ao portão de entrada que, apesar do adiantado da hora, se encontrava teimosamente fechado. Num ápice as Chaimites tomaram posição, apontando as peças, no que foram seguidas pelo pessoal que, devidamente entrincheirado, visava a porta auxiliar, que fazia parte do imenso portão de ferro. E, quando esperávamos que algumas granadas desfizessem o portão em pedaços, o chefe da força, major Jaime Neves…tocou à campainha. E, nada…
Tocou novamente e, passado um tempo considerável, apareceu alguém à civil que…perguntou o que queríamos. E com uma paciência de Jó, o major lá explicou que se tratava de uma revolução (de que talvez já tivessem ouvido falar) e que estávamos ali para tomar conta do quartel, pelo que deveriam render-se rapidamente, para evitar derramamento de sangue. E a figura fez que tinha percebido, retirou-se e…fechou a porta de novo. E só muito depois lá apareceu o comandante – general Pimenta de Castro – e sua comitiva, a declarar a rendição. Ato contínuo, a tal figura à civil – um coronel reformado – em jeito de encenação e à falta de uma espada, saca da pistola, retira o carregador e deposita o conjunto no chão, em sinal de rendição. Todos respirámos de alívio mas, quando nos preparávamos para entrar calmamente no quartel, o tal coronel reformado, tem um vipe (inspiração momentânea), volta atrás, apanha a pistola do chão, introduz o carregador, arma a pistola e, barrando a entrada no portão, exclama: - “Não me renderei! Só por cima do meu cadáver!”. E ali estávamos nós com 300 armas e 10 canhões apontados aquela figura rocambolesca, sem saber o que fazer. E, mais uma vez, com muita paciência, o major lá explicou ao coronel o ridículo da situação, que voltou a colocar a pistola no chão e entrou à nossa frente.
E, daí a pouco tempo, já confraternizávamos alegremente com o ‘inimigo’, comendo presuntos e chouriços, bem regados com bom vinho, atividade que, pelos vistos, constituía ocupação principal dos legionários.
Ao fim da tarde, apareceu uma força militar toda fresquinha (já não dormíamos há quase 48 horas), com ar muito operacional e determinado, com ordens para nos substituir, começando de imediato a sua ocupação principal que foi “sacar” tudo o que pudesse ter valor. Aí comecei a aprender que a revolução, afinal, pertencia aos que “vinham depois” e achei que seria melhor sair definitivamente de cena e recolher-me a quartéis. E da intenção passei à ação quando, uns dias depois, numa daquelas operações de busca por denúncia de existência de armas escondidas (inexistentes, claro), no interior do Castelo de S. Jorge, vi um furriel sair de um compartimento com o ar mais feliz e alienado deste mundo, pois tinha conseguido roubar um cabide de arame, daqueles que costumamos deitar para o lixo, quando vamos buscar a roupa à lavandaria. Era realmente a altura me ir embora, pois a revolução, para mim, tinha acabado e pertencia agora aos que “vieram depois”.


Parte II – O tempo da “troika”
De certo modo, é essa ainda a sensação que tenho hoje, quando vejo oportunistas sacarem tudo o que conseguem, sem qualquer consideração pelos outros ou pelo país. É como se os dinheiros e património públicos lhes pertencessem e todas as mordomias se justificassem pelos “sacrifícios” que passam (ou passaram). Tal como no pós-25 de Abril, os medíocres, os impreparados, os apressados e os que, de um modo geral, não estão dispostos (ou não têm capacidade) para vencer na vida a pulso de esforço próprio, tomam conta das ocorrências pela via do partido, ou de outra agremiação de troca de favores, desde que as circunstâncias permitam que o façam com um mínimo de risco para si próprios.
No fundo, isso mesmo aconteceu connosco, quando, depois de sairmos do Terreiro do Paço, encontrámos uma multidão entusiasta, que nos vangloriava como reis. E muitos de nós, simples soldados, pouco habituados a banhos de multidão, convencemo-nos que, afinal, éramos mesmo reis, merecedores de todas as regalias e poder quando, na realidade, pouco tínhamos feito com risco verdadeiro. E tantos foram os que se deixaram inebriar pela luxúria do poder, durante o PREC que se seguiu, até descobrirem que, afinal, não eram reis nem génios mas simples soldados ignorantes.
O 25 de Abril deixou muita coisa, boa e má, mas nenhuma tão execrável como aqueles que “vieram depois” e que ainda ocupam muitos dos lugares deixados vagos pelos do antigo regime e pelos que lutaram para que tudo mudasse.
Se calhar, tem de ser mesmo assim e a única esperança é que o sistema vá aprendendo e nós próprios vamos sendo mais capazes de colocar, nos lugares de poder, os tais génios e reis, que temos, mas que teimamos em não valorizar.
Na verdade, se examinarmos os motivos do colapso de sociedades inteiras, como os Vikings ou os Maias, vemos aí razões ligadas à manutenção dos sistemas de poder instituídos, que impediram que soluções verdadeiramente eficazes pudessem surgir. Não propriamente por destruição intencional dos recursos mas por terem criado um vazio de imaginação inerente à incapacidade do poder em gerar um discurso diferente daquele que o fez poder, mesmo que tal signifique o aniquilamento total, como na Alemanha de Hitler ou na Líbia de Kadhafi.
O que faz falta é agir sobre a nossa capacidade coletiva de tomar a iniciativa de definir e resolver os problemas. A base do iceberg compõe-se da incomensurável letargia de um povo demasiado habituado a ser governado, em vez de governar-se. Assim, o verdadeiro mérito de um governo, deste Governo, não estará tanto em sanear as contas públicas (condição sine qua non, é certo) mas sim em libertar a sociedade civil para construir o futuro do País. E, para isso, é necessário destruir as bases em que se constituiu o poder que nos levou a esta crise.





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-03-19

modos de não mudar



Dos modos

Pequenina a paz que nos vão dando
os que dando se comovem.
É a paz a quatro linhas: Boas Festas.
É a paz da sobremesa: doce de ovos.
É a paz da nebelina: demos graças.
É a paz do não te rales
E não fales
E não faças.

Ana Maria Ferreira
in Arquipélagos da memória, a Torre de Babel e outras histórias
Plural – Gota de água, INCM, 1984


ps - porque jametinhamdito...






observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-03-14

mestria


ou aprendizado? 


_ O pinheiro manso tem a copa redonda!

_ As pessoas mansas são redondas?


Quem jametinhadito e quem jametinhaperguntado?

Quem é Aprendiz e quem é Mestre  ?





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-03-11

Outono




folhas caídas de Outono chegado, a Natureza é Mestre do calendário trocado









a Princesa Magnólia, vestida a rigor,  ilude o Inverno e desponta em flor





















a sul, a ladina Andorinha antecipa e anuncia a Primavera em tempo de ilusão: estão os dias um perfeito Verão




















observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-03-08

Cesária voa mais alto


jametinhamdito que o movimentado Aeroporto Internacional de São Pedro, na ilha mágica de São Vicente, em Cabo Verde, é hoje em boa hora rebatizado: a ideia já tem meses mas é concretizada numa feliz conjugação de homenagens às Mulheres e em especial a Cesária Évora!

a quem viajou ao ladinho de Cesária sabe muito bem a justíssima homenagem, pela humildade e cativante simpatia mas também, ao sair do avião em S. Pedro, pela calorosa recepção e interminável salva de palmas que os amigos, admiradores e circundantes invariavelmente lhe dedicavam durante o trajecto, a pé, até ao modesto mas digno edifício aeroportuário




parabéns a todos, especialmente a Elas!!

e é tanta sodade!!!

;_)))



observações são bem vindas obrigado ;_)))


ps - créditos: pela utilização da fotografia é devido um café, margoso

2012-03-07

QREN é você!



jametinhamdito que há uma «guerra de Jardim e manjerona» para saber quem "gere" os fundos europeus do QREN, o ministro das Finanças - que nunca trabalhou numa empresa - ou o da Economia - que também não, mas escrevia lá de fora ...


o que está por dizer é que a Troica externa tem a última palavra a dizer - ou devia ter - e por isso o Primeiro Ministro tem que alterar alguma coisa, que mais não seja para que tudo fique essencialmente na mesma


e falta alguém dizer que uma boa mudança na gestão dos dinheiros europeus seria muito bem vinda para o povo português, por muito que doa a alguns políticos e aos vendedores de automóveis de alta cilindrada onde vai parar o "apoio" a fábricas em segunda mão, a formação profissional para não pagar ordenados, a criação dos mesmos postos de trabalho de sempre (com os milhões de postos de trabalho "criados" com os fundos comunitários toda a população portuguesa estaria várias vezes empregada, um dia que façam as contas ficaremos a saber quantos empregos teria cada português) e a inovação ou a projectos de interesse nacional que nunca viram a luz do dia, talvez por terem sido negociados à noite

então não é de estranhar tanta pressão para tudo continuar na mesma???





observações são bem vindas obrigado ;_)))


2012-03-04

bus

a Ditosa de Março prefere os transportes públicos !





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-02-15

Arte


discurso directo: 

Toda a arte é perfeitamente inútil - Óscar Wilde

A arte só faz sentido se for útil - Antoni Tàpies




observações são bem vindas obrigado ;_)))



ps - Toda a arte é simultaneamente superfície e símbolo.
Os que penetram para lá da superfície, fazem-no a suas próprias expensas.
Os que lêem o símbolo, fazem-no a suas próprias expensas.
O que a arte espelha realmente é o espectador e não a vida.
A diversidade de opinião sobre uma obra de arte revela que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os quando os críticos divergem, o artista está em consonância consigo próprio.
Podemos perdoar um homem que faça uma coisa útil desde que não a admire. A única desculpa para fazer uma coisa inútil é ser objecto de intensa admiração.
Toda a arte é perfeitamente inútil.

Óscar Wilde, in retrato de Dorian Gray (Prefácio)

2012-02-11

20 valores


de média!

jámetinhadito o Eng. Ivo Gonçalves acerca da nota de formatura no Liceu Normal de Pedro Nunes, por ter tido 19 final a Latim e 20 a todas as demais disciplinas

depois cursou engenharia no Instituto Superior Técnico, sempre com as melhores classificações, e fez uma carreia notável no sector energético português, em tempos difíceis e contribuindo para a superação de graves crises -

foi o único gestor público a manter a sua posição após a revolução do 25 de Abril de 1974

deu corpo à electrificação do País, universalizando um serviço que hoje temos por adquirido e essencial

reconhecido escorpião, apesar de muito senhor e acérrimo praticante da sua racionalidade, provou à saciedade que a competência e o sucesso podem perfeitamente compatibilizar-se com os valores éticos, a inteligência, o bom humor e, até, a bonomia!!

muito lhe devemos

um Senhor, acima de 20 valores!!!



observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-02-10

chaparro


publicada a Resolução da Assembleia da República a instituir o sobreiro como árvore nacional, o jametinhasDitos recupera um post arbóreo, poético e premonitório

Canadá (plátano, na bandeira nacional desde 1965) e China (ginkgo biloba) também têm árvores como símbolos nacionais oficiais mas muitos outros países elegeram evocação em individualizada espécie arbórea: Israel e a figueira, França e o carvalho (símbolo da luz e do conhecimento, significativo para druidas) ou o Líbano e o cedro, só para exemplificar...

por cá e também por respaldo em diploma legal, salve o ditoso e autóctone quercus suber !!!

;_)))


2004-11-24


ó carvalho, ó carvalho

ha' dias assim: ontem comemorou-se ou realizou-se o dia da floresta autoctone

23 de Novembro e' melhor dia para plantar em Portugal do que o dia mundial da arvore, a 21 de Marco, altura em que a nossa inclemente primavera sujeita semelhantes intencoes a provaveis contrariedades

pois em boa hora e bem á medida, ontem a incansavelQuercus foi, além do mais e entre outros pontos altos, para o bosque de Monsanto apregoar a defesa do carvalho, em especial o carvalho autoctone

parafraseando o temperamental poeta Joaquim Pessoa, de quem a propósito e com a devida venia respigo uma estrofe, jametinhamdito que o nosso e bom carvalho portugues carece, muito, de adequada proteccao legal, ó carvalho, ó carvalho, tal como a nossa azinheira e o sobreiro nacional !

«Estes fatos por medida
que vestimos ao domingo
tiram-nos dias de vida
fazem guardar-nos segredos
e tornam-nos tão crueis
que para comprar aneis
vendemos os proprios dedos.» 


observações são bem vindas obrigado ;_)))

vida


secreta

Només allò que és íntim sobreviu
i, a poc a poc, es converteix en l'àmbit
en què, cansat, reposo del desori
de cada dia.Jo i els meus records
salvats curosament de l'escomesa
duna vida viscuda com qui fa
camí amb el vent de cara i no se sent
gairebé mao compromés amb el ritme
qui li dictem els deures i les modes.

Només l'imaginari converteix
el fer e desfer en una altra lucidesa
agosarada i tràgica. Després,
tot el que quedi escrit a les parets
dels sentits balbs serà vida secreta,
l'única que em pertany i que puc sempre
contemplar, temerari e desembolt,
com qui s'inventa una nova memòria.


jametinhadito Miquel Martí i Pol


observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-02-03

desacordo


segundo noticia o Público, o recém-nomeado Vasco Graça Moura iniciou a sua presidência com prepotência e jametinhadesdito a aplicação do novo (de 1990! há quem tenha nascido um tanto antes e ainda seja razoavelmente novo...) Acordo Ortográfico no CCB, talvez a sua primeira medida de gestão conhecida na instituição

acontece que a lei governamental obriga as entidades tuteladas pelo Estado quanto à aplicação do sobredito Acordo Ortográfico, votado na Assembleia da República em sequência de convenção internacional entre países lusófonos sobre harmonização da ortografia da língua portuguesa

claro que todas as opiniões são legítimas e cada um é livre de escrever, nos seus documentos pessoais, como bem entender, incluindo a opção por norma ortográfica diversa da que está em vigor: e pode preferir-se qualquer das anteriores, antes ou depois de 1911 e mesmo desde o galaico-português do tempo da fundação da nacionalidade ou mesmo em latim - há também quem escreva em economês, informatiquês e powerpointês, e até quem conferencie em inglês mesmo quando são lusófonos oradores e audiência !!

o que parece contestável é desprezar a lei e os destinatários da instituição para que foi nomeado, apenas para impor a sua convicção pessoal, sem cuidar dos interesses dos colaboradores e audiência do CCB

em coerência, Vasco Graça Moura mandará reescrever os documentos já elaborados, os cartazes já divulgados, as mensagens emitidas e os ofícios já endereçados?

a vindicta de Vasco Graça Moura deverá fazer correr tinta, ao sabor das aderências e contestações quanto ao Acordo Ortográfico, mas agora também quanto a uma nova frente de batalha que é a do respeito, devido em democracia, pela norma legal em vigor e pelo acquis cultural do CCB!!!

trata-se de uma decisão de legalidade muito duvidosa que dificilmente obrigará os colaboradores internos e externos (prestadores de serviços e os próprios serviços da administração pública) e causará algumas contrariedades

veremos se todos amocham e o clima de medo enevoa também o CCB...



observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-02-02

palavrYmagem




E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...

Alexandre O'Neill





Daria Palotti


créditos: publicado no Facebook pela Associação Andante - A Andante é uma companhia de teatro que tem como objectivo principal a promoção da leitura, a sedução de leitores. Transformamos livros de poesia, romances, contos, em espectáculos de teatro. Sem fins lucrativos. De Alcochete.

ps - o Ditos também tem página no Facebook...


observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-01-30

voltefactum


segundo informa a imprensa e vários blogues, o éspêsso jametinhadito que uns cavaquistas terão dito que ...

quem se lembra dos factos políticos e do respectivo hodierno Maquiavel ?

por falar em putativa paternidade e no providencial regresso de notícias inventadas para haver conversa, vai daí, conversa puxa conversa e ao domingo, como habitual, em família, o inefável professor Marcelo mandou aos desamparados cavaquistas um recado claro: deixem trabalhar o País, digo, o Governo, digo, o Cavaco!

aliás, no habitual processo de codificação múltipla, a mensagem marcelina era cumulativa: recadiços cavaquistas incluídos, toca a trabalhar, tudo a trabalhar!!

por causa da crise e da troica e do momento e isso... e ... ah... e o Relvas boa vida é um erro de casting, o cozinheiro político Relvas está a mais, fora o Relvas, pim!!!

;_)))



ps - só mais um nível de código marcelês: o Gaspar até que trabalha, a falar é que a porca torce o rabo... então, para aparentar uma troca, alguém sugere um ministro que trabalha pouco e fala muito ?




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-01-21

gratuito


esta janeirosa é oferecida ao Ditos pela feliz conjugação de olhar atento e clicar ainda mais atento, ora em amarelo sentado, ora a calcorrear mundo fora, cá dentro!

mas vamos à nossa Ditosa, antes de perguntar onde se acastela


é um caso gratuito: trabalho gratuito, desabafo gratuito!

quem é que isto faz lembrar?


;_)))


observações são bem vindas obrigado ;_)))

2012-01-20

Adolfinho?


sim, esse mesmo!


mas... de que falamos quando falamos de Hitler?

em entrevista outro dia, à Revista Visão, o dirigente sindicalista Manuel Carvalho da Silva jametinhadito, ao Ministro da Solidariedade: "vá ler os discursos dos governantes do Governo de Vichy, do período de ocupação nazi", referindo-se ao argumentário recorrente do "superior interesse do Estado" e outras vagas alarvidades repetidas com ar pungente por muitos políticos europeus colados e alapados ao statu quo, aos Estados e aos aparelhos partidários, autoritarismos que também germinam, florescem e se encontram em sectores civis, empresariais e outros que tais

«Destinatário desconhecido», em cena até dia 29, com Ana Paula Eusébio, Carlos Medeiros e Fernando Rodrigues, encenados por Ana Paula Eusébio, encena obra da americana Kathrine Kressmann Taylor, adaptada por Bertold Brecht, sobre a amizade, traição e vingança entre um judeu americano e um alemão, amigos e sócios de longa data, que assistem com perspectivas opostas à aparição do fenómeno Hitler e do seu ascendente sobre a nação alemã e o seu povo, bem como aos efeitos devastadores sobre a capacidade de entendimento e livre decisão de muitos seres humanos, e a tragédia consequente sobre parte significativa da humanidade

de muito interesse e mais actual do que possa pensar-se, a peça do Teatro Trêsmaisum revela-nos como o despontar da tragédia é indiciado à clara luz, vivamente denunciado, mas muitas pessoas se obnubilam com o imediato, com promessa de futuros grandiosos assente em cenários de negrume, com a necessidade de inevitáveis reformas estruturais impostas por quem para si arroga a liderança - e de crescendo em crescendo, a redução da escolha tolhe a própria capacidade de escolha: assim se escreveram as mais negras páginas do século XX, numa altura e em geografias onde já havia informação, civilização e democracia

a ver, com olhos de ver






observações são bem vindas obrigado ;_)))

Nota: 10€, Auditório Carlos Paredes, Junta de Freguesia de Benfica, Av. Gomes Pereira, a meio, entre a Estação ferroviária de Benfica e a Estrada de Benfica

2012-01-17

um voto, um farol


sempre relevante mas de realçar em época de crise e quando tudo em volta quase paralisa, Loures inaugura o seu novo Hospital, para melhores serviços de saúde às populações e, em processo participativo, homenagear Carolina Beatriz Ângelo

médica, foi a primeira mulher portuguesa a operar no Hospital de S. José, em Lisboa, e dedicou particular atenção aos temas de saúde das mulheres

militante republicana, foi também activista pelos direitos humanos, em especial das mulheres, e distinguiu-se na defesa do direito de voto, que exerceu em 1911, contra o statu quo e aproveitando hábil interpretação da injusta lei que assegurava aos homens o exclusivo da escolha política eleitoral - diga-se que a sua iniciativa foi acolhida pela justiça portuguesa, por decisão do ilustre magistrado João Baptista de Castro, que em boa hora sentenciou:

«Excluir a mulher [...] é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo partido republicano.»


precisa-se, ainda hoje, desta clarividência, contra a discriminação injusta que subsiste, nas mentalidades e em muitas instituições, para além do bom senso e do direito


e, jametinhamdito, do activismo combativo mas inteligente de mulheres como Ana de Castro Osório, Adelaide Cabete e Beatriz Ângelo






observações são bem vindas obrigado ;_)))


nota: o título do post é também inspirado no discurso de lançamento da primeira pedra, em que a Presidente da Comissão se refere ao novo hospital como «uma luz, um farol»