2013-12-22

a Pinho Vargas e a quem de Bem





sempre, desde tempos imemoriais alguns homens exploram outros, o que sucede agora a uma insidiosa escala global e com armas falaciosamente camufladas, ora veiculadas por poderosos meios propagandísticos legalizados sob chancela de certa comunicação social, senão toda pelo menos de modo generalizado... e aparentemente invencível... mas umas vezes só durante um bocadinho… outras, com direito a intervalo de sabor a ditosa glória, mesmo se imerecida, mesmo se tudo tenha que voltar ao que o mundo manda...

porém há sempre o Povo, a arraia miúda, o pulsar genuíno de "quem não sente não é boa gente", quando em vez a repor alguma réstia de moralidade, seja para baralhar e dar de novo, a título de vingança ou de revolução, de umas pázadas e algumas cabeças rachadas os mais cínicos e ostensivos políticos ou senhorais não se livram quando lhes chega a hora!

intervaladamente, há uma elite conspirativa que também avisa ou age, mais ou menos discretamente e em vários casos segundo critérios justos, de humanos referenciais, por bandeira o afeto no peito verdadeiro, libertários e libertadores!!

mas também sempre, a espaços mais inspirada e ativamente, temos os artistas, poetas, músicos, cineastas, encenadores, intelectuais, alguém que se impõe pelo seu dom e dedicação mas é também portador de esperança e contagiante resistência, em muitos casos pela voz, pelo exemplo, pela palavra, por um incisivo sentido do despertar - em que se inclui a lúcida e generosa cidadania exercida pelo Maestro António Pinho Vargas, intervenção que vem enobrecendo a paisagem deprimente que o facebook serve universalmente!!!

ao Maestro mas, atenta a ocasião, extensivamente aos Leitores do Ditos: bem haja a quem sente e pensa, acredita e partilha, poliniza e enleva, boa sorte a quem de bem e excelsas Festividades a todos, junto de quem mais amam ;_)))

videografia, incluindo a magnífica e substanciosa entrevista à RTP2:







observações são bem vindas obrigado ;_)))

2013-12-02

rinoDitosa


é uma ditosa um bocadinho rinocerôntica (?!)


mas muito pedagógica e, ainda e sempre, vaidosa ;_)))

onde está a Ditosa?





observações são bem vindas obrigado ;_)))

2013-11-18

O som «f» que faltava



O estudo de línguas pode ser apaixonante.

É frequente que algumas palavras contenham em si muito de história acumulada ao longo de séculos durante períodos de invasão de diferentes povos. Como geralmente o povo invasor encontra uma população a viver num determinado território, existe um choque natural entre a língua falada pelo invasor e a que é usada pelo povo invadido. Se os invasores possuem uma língua que se adapta relativamente bem ao idioma falado no território conquistado, a leitura dos muitos topónimos já existentes, para dar apenas um exemplo, faz-se de maneira relativamente fácil. Se não, a variação pode ser enorme. Quando os descendentes de vikings, naquela altura franco-normandos, invadiram a Grã-Bretanha e derrotaram o rei anglo-saxão em 1066, eles acabaram por alisar o caminho para, gradualmente, fazer com que o saxónico inglês se tornasse uma língua com muito mais elementos latinos do que o alemão, por exemplo, e pudesse hoje em dia tornar-se a grande língua franca do mundo. 

Por vezes, mesmo dentro daquele que é hoje o mesmo país dos tempos antigos, os invasores viram a sua língua foneticamente alterada pelo substrato linguístico que encontraram na região conquistada. Um mero exemplo da invasão muçulmana da Península Ibérica já há muitos séculos pode ilustrar bem o que pretendo dizer. A palavra árabe oued, que basicamente significa “rio” ou “arroio”, foi convertida no lado atlântico do território português em “ode”, enquanto na parte leste do nosso território e em todo o sul de Espanha foi transformada em «guad». As línguas, no seu entrechoque, funcionam um pouco como a combinação de cores: se pintarmos amarelo sobre azul fresco ficaremos com verde. Múltiplas outras combinações são possíveis. Do exemplo acima, ainda hoje temos na costa atlântica topónimos de terras e rios substancialmente diferentes: Odemira (rio Mira), Odeceixe, Odeáxere, Odivelas, etc. na parte ocidental do nosso território, e Guadiana, Guadalquivir (rio Grande), Guadalupe, etc. na parte leste de Portugal e no sul de Espanha.

Se oued se transformou em ode numa parte do território onde o povo tinha uma forma de falar diferente da outra em que a transformação foi para guad, pode imaginar-se já que determinados outros sons sofreram igualmente alterações de monta.

Quando os romanos invadiram a Península Ibérica e acabaram por dominá-la, embora nuns sítios mais do que noutros, houve muitos sons do latim falado então que foram convertidos noutros, pelas razões já apontadas. Esses sons alteravam-se principalmente em palavras usadas quotidianamente, ou seja, na linguagem popular, e tendiam a manter-se nas palavras mais eruditas, com uma frequência de uso muito mais baixa. Assim é que, para dar apenas dois ou três exemplos, os grupos consonânticos «pl» e «fl» se converteram muitas vezes em «ch», como se vê em pluvia e plumbum que passaram, respectivamente a “chuva” e “chumbo”, enquanto flavius e flama se transformaram em “Chaves” e “chama”.

Por outro lado a queda de sons intervocálicos, nomeadamente do «l», do «n» e, mais raramente, do «d» nas palavras de origem latina é uma das principais características do galaico-português. Neste aspecto, a língua falada em Portugal e na Galiza distingue-se substancialmente do castelhano, onde essa mesma queda não se registou devido ao facto de os falantes não serem os mesmos e não reunirem as mesmas características linguísticas, já que possuíam um substracto diferente.

Este é um fenómeno que torna mais difícil para os castelhanos o entendimento de muitas palavras portuguesas, não sendo o inverso verdadeiro pela simples razão de que muitas das palavras que, na sua forma popular, perderam ou o «l», o «n», ou mesmo o «d», mantiveram esses sons na sua forma erudita, menos usada no dia-a-dia e, portanto, menos sujeita a erosão pelo seu uso constante. Os exemplos são muitos, pelo que me limitarei a dar dois para cada um dos casos:  


  • Dolor, em castelhano, é apenas dor em português (o «l» entre duas vogais caiu naturalmente nas palavras de uso frequente, embora se tenha mantido nos vocábulos mais eruditos, como doloroso.
  • Color em castelhano converteu-se em cor no galaico-português. Contudo, entendemos color muito bem porque dizemos colorir, coloração, etc.

Com o «n» passa-se o mesmo. A luna castelhana passou a lua em português, mas em formas mais eruditas mantemos o «n», como em lunar, lunático, etc.
Conimbriga passou a Coimbra igualmente pela queda do «n», mas um habitante de Coimbra é um conimbricense, i.e., o «n» mantém-se na palavra erudita.
Apesar de menos frequente, com o «d» ocorre o mesmo fenómeno em várias palavras. É o que nos faz dizer fiel, enquanto os castelhanos dizem fidel. Na forma erudita, porém, dizemos fidelíssimo.
Igualmente em sede (de bispado, por exemplo), o «d» caiu e originou a palavra Sé. Mas dizemos sedear.

Através destes exemplos já podemos ver que quando um espanhol nos fala de la dolor de las personas, não temos qualquer dificuldade em entendê-lo. No entanto, em português os «ll» e o «n» caíram, pelo que dizemos "a dor das pessoas". Será que um espanhol nos entende com a mesma facilidade?

Ilustrado com alguns exemplos o caso da existência de diferenças linguísticas, lembremos que há determinados sons existentes numa língua que não existem noutras. O nosso português, por exemplo, não tem o som «th» (there, their), que é tão frequente no inglês. Felizmente, isso não constitui grande problema para a maioria dos portugueses.

Já o mesmo não se pode dizer dos chineses a falarem português. Como a sua língua não possui o som «r» do nosso “rato” ou “carro”, eles substituem-no pelo que acham mais próximo, mas que mesmo assim fica algo longe. Daí que encontremos muitos chineses a dizerem «lalanja» em vez de “laranja”, e se tenha banalizado entre as pessoas mais velhas o clássico pregão dos chineses que vendiam gravatas na rua: Glavata balata! Entretanto, note-se que os chineses bilingues nascidos em Portugal já pronunciam bem o «r», como seria de esperar.

E depois desta longa introdução chegamos finalmente ao caso que me trouxe a escrever este apontamento: a não existência do som «f» inicial em numerosas palavras castelhanas. Dou a palavra a Paiva Raposo, um dos coordenadores de uma gramática da língua portuguesa recentemente publicada pela Fundação Gulbenkian:

“Num dado período da primeira metade do primeiro milénio, depois da invasão romana da Península Ibérica, um grupo de habitantes do norte da Península, rudes e sem muita instrução, resistiram aos romanos durante muito tempo e não se assimilaram tanto como outros habitantes da Península. Numa dada altura decidiram finalmente aprender latim, possivelmente para poderem comunicar com os colonizadores e outros habitantes da Ibéria que já tinham aprendido a língua. Acontece que a língua materna dessas pessoas – não relacionada com o latim e nem sequer indo-europeia – não possuía o som «f». Ora, quando essa gente começa a falar em latim – certamente um latim macarrónico na época –, vai omitir sistematicamente esse som «f» das palavras latinas que o têm em posição inicial, como ficatum (fígado), ferrum (ferro) e farina (farinha). Era como se em português passássemos a dizer “ígado” em vez de fígado, “herro” em vez de ferro, ou “igo” em vez de figo. Imagine-se os comentários dos falantes educados do latim ao ouvir esses ignorantes. No entanto, foi esse falar rude que veio a originar a língua em que Cervantes escreveu o Dom Quixote. O castelhano é uma das pouquíssimas línguas românicas na qual não se pronuncia o «f» inicial latino, juntamente com o gascão.”

Curioso com o facto, que desconhecia, procurei elaborar uma pequena listagem de palavras de uso normal em castelhano em que o «f» inicial do português não existe, sendo graficamente substituído por um «h». Este «h» não se pronuncia, tanto quanto sei de castelhano, mas assinala a ausência do «f», tal como em francês même, bête, tête, fête, hôpital assinalam a queda de um «s» que anteriormente terá existido (e que na língua portuguesa se mantém nos correspondentes etimológicos: “mesmo”, “besta”, “festa”, “testa”, “hospital”,  embora tenha havido uma certa evolução semântica). 

Na tabela abaixo, estão em primeiro lugar, por ordem alfabética, as palavras em português e, na segunda coluna, em castelhano:


José Manuel Carvalho-Oliveira


nota: este saborosíssimo e agradecido jametinhadito linguístico deve-se a gentil e consolidada parceria entre o Ditos e o Autor do texto, blogger habitual do AZBlog




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2013-11-17

A estimar se vai ao longe


Perequação das estimativas de vários organismos e entidades (incluindo Finanças, BP, UE, OCDE e FMI) já incorporando as avaliações da troica. 




Outro jametinhasdito a registar com interesse podia ser um conjunto de indicadores da Irlanda, que tem mais dívida que Portugal, ou um comparativo* sumário, que dificilmente justifica o diferencial de juros que se verifica...**




* um exercício em 2011, da PWC, mostra o mesmo PIB para menos de metade da população (Portugal, 10 milhões, Irlanda, 4,5 milhões de habitantes) sendo que a maior diferença do IDH tem a ver com a educação: quase todos os irlandeses acabam o secundário, contra um terço em Portugal; no ensino superior a diferença é também enorme

** «O embaixador referia-se à proximidade entre Portugal e a Irlanda em indicadores como a dívida pública, ambas acima dos 120% do produto interno bruto, ao desempenho das exportações, que desde 2008 cresceram cerca de 20% em ambos os países, ou o desemprego, que ronda os 15% nos dois países.

observações são bem vindas obrigado ;_)))

2013-11-04

a caminho do sol pôr


uma fácil, para variar... e com direito a uma carta,



A Ícarus:

Pairar, sobre a memória, 
doçura a sul e sol 
em linhas e horas de escrever

Tecer, ponto a ponto, 
impulso, inércia e labirinto 
em cada entardecer

Decifrar, em voo, 
desenhos e desejos, 
poemas aéreos lidos e por ler

A um olhar, a ponte sustém 
o coração, asas de ser 
e sonhos, mil sonhos a haver



observações são bem vindas,   obrigado ;_)))

2013-11-02

guião guia mor


o Ditos foi deitar o dente ao guião guia mor do Paulinho das feiras e não ficou totalmente desiludido: há guião!

grassa a demagogia e a insensatez reconhecível do desespero de campanha eleitoral (!?) mas a páginas tantas (cfr. pg 46) aparece um sinal de reforma: do Governo!!

ei-la, em mais 7 maravilhosos pontos, aqui desembaraçados do patuá da treta:

unificar “pagamentos” e funções comuns das 12 secretarias-gerais do Governo;
integrar a “função jurídica e contenciosa” dos organismos do Governo e reduzir o recurso a serviços externos;
integrar as funções de prospetiva, planeamento, políticas públicas e medição do seu impacto, dos Gabinetes de Estudos e Planeamento do Governo;
concentrar os departamentos e unificar as relações externas do Governo;
agregar as Inspecções-Gerais do Governo;
gestão centralizada de compras, serviços partilhados e serviços comuns do Governo;
racionalizar o património imobiliário do Estado proprietário e inquilino.

Pedro e Paulo, mãos à obra!!!



o Ditos voltará ao tema... entretanto, observações são bem vindas, obrigado ;_)))

2013-10-15

a hora da voz


Ficção e fotografia ou... «Uma outra voz»!

Parabéns a Gabriela Ruivo Trindade e aos seus leitores!!

Jametinhamdito: Precisamos de outras vozes ;_)))


Nota: assim como em relação à obra da contista canadiana vencedora do Nobel de 2013, o ditos ainda não deitou o dente à outra voz escrita pela jovem psicóloga de Estremoz; a seu tempo... mas fica já nota de admiração pela dedicação, investimento e um grande amor ao que tem para nos contar, ao respeito pela memória de uma Família, de uma cidade e de um País em bolandas pelo mundo, como agora lhe acontece em terras britânicas, como outras e outros jovens valorosos que arregaçam as mangas e fazem o que há a fazer: dizer alto e bom som que há lugar para quem acredita e faz acreditar, que vale a pena lutar e passar a mensagem, que vale a pena Ser, intensamente!!!



Gabriela Ruivo Trindade numa foto publicada no Facebook

Nota2: o Ditos considera fundamental creditar devidamente o Autor, por enquanto desconhecido mas merecedor de pleno direito dos seus créditos pela foto publicada no jornal Público - ressalve-se, da legenda do Público, a infeliz expressão "retirada", desde logo revelando má consciência - a foto partilha-se, não se retira... 



observações são bem vindas obrigado ;_)))

a hora do vazio


«Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.»

jametinhadito Fernando Pessoa!

ora, sábio e sagaz, FP deduziu de ciência ou empiricamente a inexistência de romance instantâneo ou indolor e bem o exprimiu em verso à beira ensaio...

mas se o estático e descolorido ensombrado que empresta à virtude pode resultar em instantâneo e em dor, ainda há sobra de ânimo e taxonomia para a esperança de um romance ou tempo de brincar aos impossíveis?

e quanto ao ampliar do vazio, expressão do outro mundo que acorda este: há vários nadas e talvez o que não ilumina, inspira ou acalma seja outro que não a consciência da ausência de que falam Santo Agostinho ou Sophia, em grau diverso de aflição, e porventura a lei da subsistência - ou prevalência!! - da matéria sobre a forma (a que explica a água mole em pedra dura...) ou o deus do éter e de quem procura o quinto elemento possam deter a detenção, a poética abulia ou mesmo o risco sério de implosão!!!

;_)))  



observações são bem vindas obrigado ;_)))

2013-10-13

a hora do conto


Contista e canadiana, portanto mulher, Alice Munro esteve presente em anteriores listas de candidatos nobelizáveis, mas atentas as jametinhamditas características, o Prémio Nobel da Literatura em 2013 é triplamente inesperado!

Ao Canadá faltava este reconhecimento, raramente atribuído a contistas e poucas vezes a mulheres. Apenas 13 mulheres ganharam o Prémio Nobel da Literatura desde 1901. A última a merecer a distinção Nobel também mereceu uma breve nota aqui no Ditos: Herta Muller ;_)))

Oxalá ambas sejam mais lidas, também entre nós!!

Mas são os contos, enquanto género literário nem sempre bem considerado, os principais vencedores... e bem assim os seus leitores!!!

;_)))






observações são bem vindas, obrigado ;_)))

2013-09-15

refrescar


a Ditosa de Setembro de 2013 apresenta-se em modo SPA: a hidratação é muito importante!


e ainda é Verão!

mas... onde se refresca a Ditosa?




observações são bem vindas obrigado ;_)))

crédito fotográfico: JPdeBM

2013-07-20

dissimulação e revogável






em primeiro lugar, convém lembrar, em seus 7 pontos maravilha:

«1. Apresentei hoje de manhã a minha demissão do Governo ao primeiro-ministro.
2. Com a apresentação do pedido de demissão, que é irrevogável, obedeço à minha consciência e mais não posso fazer.
3. São conhecidas as diferenças políticas que tive com o ministro das Finanças. A sua decisão pessoal de sair permitia abrir um ciclo político e económico diferente. A escolha feita pelo primeiro-ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual.
4. O primeiro-ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo.
5. Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao primeiro-ministro, que, ainda assim, confirmou a sua escolha. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um acto de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível.
6. Ao longo destes dois anos protegi até ao limite das minhas forças o valor da estabilidade. Porém, a forma como, reiteradamente, as decisões são tomadas no Governo torna, efectivamente, dispensável o meu contributo.
7. Agradeço a todos os meus colaboradores no Ministério dos Negócios Estrangeiros a sua ajuda inestimável que não esquecerei. Agradeço aos meus colegas de Governo, sem distinção partidária, toda a amizade e cooperação.
Paulo Portas, 2 de Julho de 2013»

ou seja:

a) o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, demite-se com uma carta pública identificando a vontade de sair no seguimento do chumbo, pelo Tribunal Constitucional, de alguns aspectos - significativos mas de valor muito relativo face ao problema global da economia e das finanças de Portugal - e reconhecendo que a sua equipa errou em tudo: previsões e respectivas políticas;

b) o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, líder do CDS/PP que sustentava em coligação a maioria parlamentar de apoio ao Governo, também se demite com um comunicado público em protesto contra a «continuidade» - sic - da promoção de membros da equipa que reconhecidamente falhou em tudo: a proposta do Primeiro-Ministro Passos Coelho era então nomear Ministra das Finanças Ana Maria Albuquerque, ex-Secretária de Estado de Vítor Gaspar, sendo também promovidos (já pertenciam à dita equipa que, reconhecida e confessadamente, falhou em tudo) 2 novos Secretários de Estado, um dos quais Hélder Reis, ex-chefe do... jametinhasdito gabinete responsável pelas previsões de apoio àssobreditas políticas - «Hélder Reis era até agora director no Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI), a entidade que no Ministério das Finanças é responsável pelas previsões económicas e pela definição da estratégia financeira e orçamental»;

c) face ao descalabro e desagregação do Governo, Passos tira da cartola vários coelhos: não aceita o pedido de demissão de Portas, faz várias cedências ao CDS/PP para assegurar a sua permanência (e a da coligação) no Governo e propõe a Cavaco Silva, Presidente da República, uma reformulação do Governo com novos Ministros e um Vice-Primeiro-Ministro, precisamente o coliga-descoliga irrevogavelmente revogável Paulo Portas;

d) outras cartolas destapam novas minhocas: Cavaco ignora olimpicamente o Primeiro-Ministro e a sua reformulanda proposta de continuidade governativa, surpreendendo o País e o Mundo - cá dentro, poucos se terão lembrado e muito menos sonhado com fosse o que fosse vindo de Belém, por isso... e lá fora, a estupefacção fez a notícia, cada agência tinha uma interpretação da mensagem e dos propósitos de Cavaco, aliás logo remendado em ulterior comunicado rectificativo e apressador, «um prazo muito curto», jametinharrecalcitrado o PR! - com um desafio exigente: ante o desentendimento dos dois partidos do Governo, Cavaco vislumbrava o entendimento de três partidos desentendidos!! é obra!!!

e) subsistindo o desentendimento, entra-se noutra fase do nervosismo político e politiqueiro: e agora, o que virá de Belém? pode não ser fácil ver claro mas é bom analisar com um mínimo de objectividade e bom senso - só quem não quis ver é que se deixou iludir pela anedótica proposta da luminária cagarra presidencial... agora, embrulha! ou pior, ainda mais nos embrulha... ;(

na realidade, um esforço de consenso governativo por parte de Cavaco teria justificação e oportunidade após as eleições que deram maioria relativa a Sócrates!!

a judiciosa e interesseira omissão presidencial permitiu, então, que todos os partidos da oposição montassem a sua rasteira ao Governo minoritário, à falsa fé!!!

assim, qual a justificação para vir agora propor consenso tripartidário na sequência da bernarda no Governo com apoio parlamentar maioritário da coligação PPD/PSD-CDS/PP ?

se nem os coligados se entendem, com sucessivas demissões, omissões e cartas de público e recíproco enxovalho, como imaginar em boa fé que 3 partidos desentendidos se entendam?

em breve saberemos a verdadeira motivação da aparente jogada paspalha de Cavaco, a menos que este queira à força dar razão ao que por aí lhe chamam...

azar ;(

a propósito, a antecipação diferida de eleições inventada por Cavaco Silva para daqui a um ano - como? para quê? e porquê? - é uma figura jurídico-constitucional inovadora a merecer estudo em nota de rodapé de vários manuais de direito constitucional no próximo ano lectivo, no Prefácio do próximo "Roteiros VI" (ou VII... ou VIII... ou... safa! três mandatos é azar demasiado até para insuspeitos apoiantes) e, é claro, em tudo o que seja programa satírico, humorístico e de rega bofe em jornais, rádios, TV, facebook e conversas de café especializadas no mais incrível anedotário nacional

haverá ainda abecedário bastante para prolongamento do resto desta crise, por mais que o Presidente retarde as inevitáveis eleições

resumindo, positivando e convidando a apostar (mais) uma imperial ou um pastelinho de Belém:

I - estaremos condenados a continuar no pântano de que fugiram, sucessivamente, Guterres, Barroso e Sócrates, e de que foi corrido Santana?

II - haverá eleições legislativas juntamente com as autárquicas, ainda este ano, como interessa a muitos também por assim se evitar a redução a metade dos lugares de Deputado e adjacentes como impõe o sentido ético, a boa relação custo-eficácia do funcionamento e o exemplo que se espera da Assembleia da República?


III - ou atrever-se-á Cavaco a cagarrar algum dos seus amigos e apoiantes para uma aventura de Governo de iniciativa presidencial, sujeitando-o (Carlos Costa? David Justino? Rui Rio?) ou sujeitando-a (Manuela Ferreira Leite? Leonor Beleza? Teresa Patrício Gouveia?) à facada conjunta de todos os príncipes maquiavélicos, jovens turcos e empedernidos tachistas dos partidos com assento parlamentar?







observações são bem vindas!


obrigado ;_)))

2013-07-16

celebrar na praia




Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes



Sophia de Melo Breyner Andresen, in O Mar dos Meus Olhos
(Editorial Caminho, 2010)




observações são bem vindas obrigado ;_)))

natural


Louvor da Poesia, Sebastião da Gama



Dá-se aos que têm sede,
não exige pureza.
Ah! Se fossemos puros,
p’ra melhor merecê-la!...

Sabe a terra, a montanhas,
caules tenros, raízes,
e no entanto desce
da Floresta dos Mitos!

Água tão generosa
como a que a gente bebe.
_ fuja dela Narciso
e quem não tenha sede.


Arrábida – 7.2.1950


observações são bem vindas!

obrigado ;_)))

2013-07-02

ênfase


ao jeito de celebração:

RECONSTITUIÇÃO DE PAISAGEM COM FIGURA





Talvez no fundo,onde o ramo se agita sob as cores indecisas
do crepúsculo,a tua figura minúscula se recorte ainda ; um som de aves
surgirá de entre as árvores,no bosque,e sob o escurecer alguém fará
ouvir um poema breve no qual todas estas coisas,com a necessária clareza,
poderão soar aos humanos ouvidos.Porém,ainda um brilho divino
envolve este desenho que de memória reproduzo.Os teus passos aproximam-
se e subitamente chegas,rindo,enquanto a prosa e o verso se detêm
nas margens iluminadas do teu corpo.Tons dominantes de cinzento,de azul,
de um claríssimo verde,se confundem agora nos meus olhos. Em vão os
fecho ; com a precisão de uma obcessiva memória de novo se combinam
e constroem o quadro vegetal e celeste em que te moves.Um brando agitar
de folhas e o roçar dos teus cabelos no vestido,eis quanto então
fixaram os meus ouvidos.Mas me ausento dessa paisagem.Só uma voz,única
e estranha,repete sucessivamente as tuas últimas palavras,e este verso
se liberta da tentação de algures para regressar e envolver-se na concha
húmida do poema.A palavras se reduz,afinal,quanto antes está escrito.
Um hálito de pó e sintaxe faz-me voltar na cadeira,pegar no papel em que
escrevo e levantá-lo à altura dos olhos – para novamente te ver,à
transparência,no fundo luminoso e inacessível da janela entreaberta.

Nuno Júdice, in O CORTE NA ÊNFASE, Colecção "O oiro do dia", Editorial Inova/Porto
Desenho de Domingos Pinho
Fevereiro / 1978

(250 exemplares, numerados)







observações são bem vindas!

obrigado ;_)))

2013-07-01

a Europa faz-se


com ou sem falta de Merkl ...

notícia é que a União Europeia passa a 28!

parabéns à Europa e à Croácia, boa sorte para todos e para o nosso futuro comum!!

quanto à festa inaugural, é de mestre - melhor dizendo, é de Merkl - a ausência como forma ostensiva de reforçar ainda mais a omnipresença da chanceler alemã, nas vidas de todos os cidadãos europeus!!!

mas só faz falta quem está ;_)))




observações são bem vindas obrigado ;_)))

2013-06-24

desconversa em família




o sermão dominical do Prof. Marcello bem tenta branquear o desacerto governamental: jametinhadito que é só estupidez e incompetência e exemplifica, bem ou mal, com o exemplo do extraordinário Conselho de Ministros de Alcobaça, Património Mundial, para mais uma reunião inútil, improdutiva e contraproducente

desde logo, pela inusitada autoflagelação de expor cada um e todos os Ministros do Governo de Portugal a um banho público de vaias

depois, por obrigar o porta-voz a dizer coisa nenhuma no final do... encontro!

pois, foi isso mesmo, afinal não aconteceu nada: os Ministros chegaram de espada, era sábado, a reunião era num Mosteiro Nacional, fundado em 1153 em terrenos que o Rei D. Afonso Henriques ofereceu a Bernardo do Claraval... mas não aconteceu nada, estavam ali só a passar o tempo... por estranha (?) coincidência ou nem tanto, havia casamento no mesmo lugar do pomposo Conselho de Ministros

Poiares Maduro teve que vir à porta dizer que nada aconteceu mas que também não fazia mal, não estava previsto nada de importante, era só uma simples reunião, compreendam lá...

Poiares Maduro (fica a dever um jametinhasdito ao Ditos por ter declarado que os portugueses contestam muito) é um conceituado jurista, doutorado em direito, professor em inúmeras Universidades, venceu o Prémio Gulbenkian da Ciência e detém a Comenda de Santiago da Espada - é titular de muito mais do que meros títulos honoríficos, tem um curriculum impressionante para a sua idade (45 anos) e presta-se a este enxovalho?

ná, desta vez não convence ninguém, o Marcelo, catano!!

alguma coisa aconteceu - e grave - para terem que assumir em flagrante tão colossal fracasso, um flop monumental

sua presidencial eminência, de nulidade em nulidade, ainda nem pestanejou com o grotesco episódio, talvez possa confidenciar o caso num dos próximos sensacionais prefácios

mas é escusado branquear o que se passou: um dia, talvez em breve, saberemos todos o que falhou, quem boicotou o quê, que vichyssoise azedou

oxalá nesse dia já esteja alguém competente ao leme do País

;_)))







observações são bem vindas obrigado ;_)))

2013-05-27

má sorte...



finda a época futebolística, mais uma vez com os habituais ânimos e desânimos de adeptos, desportistas participantes e respectivos dirigentes, é de realçar uma curiosa anomalia na distribuição do ânimo entre vencedores e vencidos: trata-se de Pinto da Costa, sempiterno presidente do FCP, a manifestar tristeza apesar de ter ganho o campeonato nacional, queixando-se amargamente do desprezo a que foi e se sente votado...


na realidade, regra geral as vitórias são para celebrar e partilhar, pelo que o azedume pode parecer estranho: mas não é!




má sorte o dito responsável ter sido apanhado em escutas telefónicas nunca desmentidas, infelizmente sem consequências judiciais do foro criminal como se impunha, já que todos ouvimos que em muitas vezes a explicação para inexplicáveis vitórias ou o evitar de certas derrotas correspondentes à verdade desportiva, quer pelos episódios de férias pagas aos árbitros por lamentável engano do departamento de contabilidade do FCP - e a agência mandar para lá a factura, outro lamentável acaso, é claro - quer pelo esquema de prostituição que esteve instituído e é objecto do anedotário nacional

assim, a equipa de futebol do FCP foi construindo uma carreira merecedora da chacota e do desprezo de que agora (e provavelmente para o resto da vida, ao menos nos momentos de lucidez em que transpareça a má consciência) o mesmo responsável sofra as consequências da podridão forjada, embora apenas moralmente e mesmo assim só porque ainda há autarcas impolutos que não compactuam com a corrupção!!

juridicamente pode haver alguma impunidade, mesmo assim nunca um tão flagrante atropelo à lei passa as malhas eternamente, a história se encarregará de trazer o azeite ao de cima e a vergonha dos implicados aparecerá à claridade e à censura geral da comunidade

como na tragédia medieval, também apresentada no palco da Comuna em 1991 (venceu um Sete de Ouro) com encenação de João Mota sobre argumento de John Ford, má sorte ter sido... !!!



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2013-04-21

Elegia para uma Ditosa


Estamos no mês de Abril, mês do aniversário de Sebastião da Gama.




Sabe o que se tem feito para lembrar este poeta que foi um marco importante da poesia portuguesa em meados do século XX? Que há um livro de memórias da mulher, Joana Luísa? Que houve o descerramento de uma lápide na casa em que nasceu? Que o livro "Pelo sonho é que vamos" faz 60 anos? Que há uma exposição em Azeitão a propósito deste livro?
Que a obra do poeta foi evocada em Azeitão no fim de semana passado?
Que se falou de Sebastião da Gama a propósito das telas de João Vaz?
Que há um selo comemorativo dos 60 anos de "Pelo sonho é que vamos"?
Que...?



Créditos: texto - comunicação de João Reis Ribeiro, Presidente da Associação Cultural Sebastião da Gama



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2013-04-03

Abril, sempre ditosa


bem sabe para onde vai esta ditosa!


mas... para onde vai esta ditosa?




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Abril, sempre


jametinhadito Óscar Lopes!























O autor de mais de duas dezenas de obras sobre a literatura, língua e cultura portuguesas faleceu sexta-feira de manhã, na sua residência, no Porto.
O presidente da secção de Letras da Academia de Ciências de Lisboa, Artur Anselmo, afirmou que, com a morte de Óscar Lopes, "Portugal perdeu uma das suas inteligências mais fulgurantes da transição do século XX para o XXI".
O ensaísta Eduardo Lourenço, por seu lado, afirmou que o catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto "foi uma das vozes mais autorizadas e representativas da cultura portuguesa".
"Com ele fecha uma espécie de ciclo da nossa vida histórica, por um lado, mas também política e ideológica, sob a égide ou referência de uma visão do mundo, que foi o marxismo de que a obra dele está impregnada, mas tem uma importância superior a isso e ultrapassou-a", disse Eduardo Lourenço à Lusa.
A catedrática de Literatura portuguesa Isabel Pires de Lima afirmou que Óscar Lopes "foi um brilho num céu bastante cinzento, particularmente nos anos de 1950, 1960 e 1970, em Portugal".
Para a ex-ministra da Cultura, Óscar Lopes foi "um vulto de proa, que esteve na vanguarda do que se fazia no campo da historiografia e da crítica literárias e da linguística".


créditos: obrigado a Isabel Pires de Lima, pelo magnífico texto, e ao CCB pela disponibilidade para iniciativas de homenagem ao ilustre professor e ensaísta

e ao JN, pelos elementos noticiosos, incluindo a fotografia





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2013-03-17

Ditosa de Março


em boa companhia!



mas... onde está a Ditosa?





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2013-02-21

massa


jametinhamdito: esta é melhor, porque vem mesmo de lá!




pois é, há supermercados, poucos, em que se encontra massa chinesa, feita de arroz, mas nem todas as marcas são provenientes meeesmo da China...

neste caso, o segredo não está na massa, está na China!!

certo é que para certos pratos, com molho, são uma boa proposta

mas, sobretudo, é raro e estranho ver um produto aconselhado como de qualidade por ser... made in China!!!








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2013-01-31

Ditosa foca


pois é, de volta à dita: onde paira a Ditosa?


alinhave-se, como dica modesta, que adora sol e também pesca robalo escalado, bem acompanhado e altivamente recomendado a aproveitar bem os tempos, já que depois não se sabe como poderá ser...






crédito fotográfico: gentileza AO




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2013-01-30

mar canhão


jametinhamdito: onda canhão!



ou canhão da Nazaré...

à procura de sensações, de registo no Guiness boooooooooook of records, de petróleo ondulante, forasteiros do mundo inteiro, dos antípodas, do novo mundo onde portugueses chegaram primeiro, pasmam ao descobrir o mar português!!

e nós pasmamos com tanto pasmo estrangeiro e até, renovadamente, com o poder e fascínio do mar português!!

tão (en)cantado e sofrido, por poetas, pescadores, filósofos, escritores, políticos, órfãos, viúvas, navegadores, passeantes e amantes do mar, da vida e do revigorado fulgor que o seu desafio representa, privilegiado habitat e reconhecida fonte de vida, tão sanguíneo e fundamental nos genes do ser português, de cada cidadão à própria construção da nacionalidade, fado e mito fundador da portugalidade ou do seu fundamento ancestral como do seu incerto mas inexorável e inebriante futuro!!!

mas para melhor compreensão dos termos da questão e da sua impressionante alegoria, ouçamos - atentos e a saborear gostosamente - o que assertivamente reflectiu quem sabe:

«Corre a vaga à costa e vem poderosa e alta, parecendo que força alguma lhe poderá resistir; mas, ao primeiro fundo, sente-lhe o pé a trava, mais alta fica, mas a escarpa aguça, se perturba o ciclo de cada uma das suas moléculas, se esbarronda em espuma e nada mais lhe fica senão leve lembrança: nalgum ponto, porém, mordeu a rocha e moveu grão de areia, o que amanhã vai ser sedimento ou fogo. Assim dos sonhos: são pastoreio de nuvens e, nada sendo, tudo o que é vão sendo: é no que deles fica que prosseguem deuses e homens, firmes pés no solo, sonhando o que será. Os sonhos de Império se desfazem, para Portugal, quando encontram a dura penedia do mundo que viera dos Césares, do Sinédrio e dos Bárbaros, grandes e louros, e violentos. Mundo que, desde os fins do século XV, se constituía, dando preeminência, no domínio económico, ao individual sobre o colectivo, com a mais grave das ameaças à liberdade e à fraternidade dos homens; no domínio político dando-a aos senhores sobre os povos e fazendo triunfar direitos nacionalista sobre os foros, de algum modo cristãos, e sobre o próprio direito das gentes em que havia alicerces gregos sob a formação latina do que em Roma poderia sobreviver à República; e coroando-se, no XVI, com oposição, dentro da comunidade cristã, de cisma tridentino, que adorava a disciplina e não o amor, ao cisma luterano, que punha o atingir-se o alvo acima do respeito dos outros.
Calado e resoluto, decidiu-se o português como os gregos outrora: quem não aceitava os poderes novos partiu para fundar cidade aparte - e nasceu o Brasil, juntando-se sucessivamente à leva dos fundadores todos os emigrantes que ainda hoje não deixaram de seguir sua viagem - [...]»

obrigado, pela sábia análise, visão certeira e inteira actualidade, eterno Mestre Agostinho da Silva






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