os finais de ano, talvez os finais de ciclo, são propícios a algumas atribulações, já o sabemos, esperamos sempre que não sejam convulsões e que o novo ano ou o princípio do novo ciclo tragam de volta a serenidade necessária
como jametinhadito quem sabe, é preciso calma, calma e calma !!!
de entre os habituais pedidos arrevezados de finais de ano - por assuntos que calham mesmo nestas alturas, parece que amadurecem e não podem passar para o ano seguinte, é sempre assim - um houve que me levou às catacumbas dos arquivos, zona só raramente frequentada, tem que se pedir as chaves, rever os trajectos até aos compartimentos, armários e pastas, descer várias caves, recuperar velhos planos de arquivo, antigas classificações documentais, quase o mapa do tesouro, percorrer corredores esconsos, descobrir outra vez os caminhos, reler velharias, distinguir entre cópias, originais,
e cópias de cópias ou outras mais, microfilmes de sais, eteceteras e tais
damos com papéis de que não nos lembrávamos já, dantes é que se arquivava bem, era a boa arrumação, um papel era um papel, sim senhor, tudo bem tratado, anotações relevantes, marcadores nas cláusulas mais importantes ou mais procuradas de determinados contratos ou documentos, um prazer de ver escritos nossos ou de alguém conhecido, já no mundo selecto das antiguidades de arquivo, das velharias documentais
eureka se encontramos o desejado documento, contrato, normativo, despacho, memorando, informação, nota, ordem, resolução, comunicação, guia (hi, quem se lembra das guias de remessa???), registo, aviso, protocolo, dossier, arquivador, bobine, tableau de bord (ena, tableau de bord...), instrução, manual, ofício, acta, declaração, pública forma, requerimento, enfim...
antigamente era assim!
não havia e-mail, nem search, nem find, nem blitz, era mesmo indispensável saber classificar, arquivar, anotar, marcar, copiar, guardar, indexar, saber do que se estava a tratar
depois voltar a fechar tudo, olhar para aqueles recantos e desejar ter mais umas horas para dar uma vista de olhos em certas coisas, quem sabe um dia, com mais tempo, por instantes esquecendo que quando houver que lá voltar será novamente em altura inconveniente, véspera de férias, dia feriado, último dia do prazo, emergência, inquérito, mudança de pelouro, nova administração, inspecção, auditoria, pedido de segunda via, pagamento urgente, acção judicial...
nos caminhos de regresso, com o dia perdido na poeira dos papéis e ganho no precioso documento finalmente achado, dei subitamente com os olhos num aviso implacável, a vermelho: atenção, condutas baixas
cuidados redobrados, pois, nos arquivos das caves os tectos são mais baixos que o habitual e as canalizações estão à vista, angulosas, esquinadas e perigosas, ameaçando a integridade de incautos pesquisadores, circundantes ocasionais, absortos, perdidos ou distraídos
na verdade, pode ser fatal uma cabeçada naqueles ferros, tubos e redes
daí o alerta decisivo: condutas baixas
nem sempre disso somos prevenidos!
ou não damos por isso...
observacoes sao bem vindas
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
E quem te avisa teu amigo é! diz o povo na sua sabedoria construída de percursos em caves da vida onde não faltam condutas baixas...
Enviar um comentário