2006-01-22

domingo

Num domingo em que passaste na minha rua e os prédios se afastaram para que me raptasses por cima das árvores

Na límpida tarde orlada
por minhas pestanas imóveis
tua aparição abre uma estrada
de damasco por entre os automóveis.

Apareces e lgo adquires
em minha eclípica visual
a lassidão equinocial
que espalha a cor na minha íris.

Apareces como o começo
de qualquer coisa interminável
de tão importante é tão frágil
teu vulto que nem estremeço.

Apareces como se gentil-
mente viesses para apanhar um trevo
e o domingo almofada anil
cede à tendência do teu perfil
de ficares num baixo-relevo.


Natália Correia




observacoes sao bem vindas

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