2013-10-15

a hora do vazio


«Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.»

jametinhadito Fernando Pessoa!

ora, sábio e sagaz, FP deduziu de ciência ou empiricamente a inexistência de romance instantâneo ou indolor e bem o exprimiu em verso à beira ensaio...

mas se o estático e descolorido ensombrado que empresta à virtude pode resultar em instantâneo e em dor, ainda há sobra de ânimo e taxonomia para a esperança de um romance ou tempo de brincar aos impossíveis?

e quanto ao ampliar do vazio, expressão do outro mundo que acorda este: há vários nadas e talvez o que não ilumina, inspira ou acalma seja outro que não a consciência da ausência de que falam Santo Agostinho ou Sophia, em grau diverso de aflição, e porventura a lei da subsistência - ou prevalência!! - da matéria sobre a forma (a que explica a água mole em pedra dura...) ou o deus do éter e de quem procura o quinto elemento possam deter a detenção, a poética abulia ou mesmo o risco sério de implosão!!!

;_)))  



observações são bem vindas obrigado ;_)))

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