com a divulgação de que, na semana passada, enquanto era apresentado o Programa do Governo aos representantes do povo, Fernando Nobre renunciou ao mandato de deputado à Assembleia da República cerca de um mês após as recentes eleições legislativas, fecha-se o episódio com um novo travo amargo, correspondente à estranha inutilidade dos dias decorridos desde o patético chumbo inédito do candidato a presidente da AR...
terá estado a pensar? a fazer contactos de bastidores? estranhou a cama que lhe fizeram?
sai sem aquecer o lugar, sem apresentar nenhum projecto de lei e sem sequer usar a palavra, excepção feita à declaração "parto com o sentimento do dever cumprido" proferida no momento da desistência à candidatura já duas vezes chumbada
nem ao menos se dignou votar o programa do governo que, suposta e alegadamente, ajudou a eleger...
ou seja, resumindo e positivando:
a) Nobre declarou que só ficava na AR como presidente, para se desdizer pouco depois;
b) seguidamente provou o fel da constatação das duas derrotas pré-anunciadas e face à evidência, com uma latência desnecessária, lá anuiu a desistir;
c) nessa altura, disse que "partia" mas não partiu;
d) nova latência de uns dias e sai mesmo, aliás, soube-se que já tinha saído, justificando a posteriori com a escolha de outras actividades em detrimento daquela para que foi eleito em sufrágio universal;
e) tais razões, da sua livre escolha contra a escolha dos seus eleitores, seriam relativizadas se tivesse sido eleito presidente da AR?
à questão do papel de Mário Nobre Soares (e de Passos Coelho ou dos seus mentores) no descalabro público e enxovalho de Fernando Nobre pode talvez perorar-se que Nobre terá cumprido a missão para que o foram "buscar a casa" nas presidenciais, consistindo em dividir a esquerda (papel desempenhado pelo próprio Mário Soares na 1ª eleição de Cavaco) para assegurar a reeleição de Cavaco logo à primeira volta, pois à segunda Mário Nobre Soares bem sabe que a história pode ser outra
quanto à missão por interposto Passos Coelho, certo é que o PSD se destacou e obteve uma confortável maioria, muito provavelmente cavalgando votos da sociedade civil que em cada ciclo eleitoral fazem de contrapeso para decidir o escrutínio
e faz mais uma generosa missão ao PSD, à AR e ao País, zarpando para outras paragens
quanto à lição, aproveitará eventualmente e apenas a Fernando Nobre, de tão evidente a instrumentalização em que se deixou enredar pelo seu próprio e vaidoso penacho
mais alguém poderia aprender algo com semelhante chorrilho de estratagemas e calculismos político-partidários?
jametinhasdito!
;_)))
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