pois não é!
parece uma sequência numérica, em crescendo, mas é um respigado de notas de pauta, respeitantes a exames de 2ª época de uma faculdade de direito de Lisboa!!
também havia um ou outro 10, dezinho, nada mau, e um ou outro 11 e 12, mais nada...
além do escabroso dos 90% de chumbos (a raposa, quem se lembra? vem no «Pinóquio», no episódio em que o famoso boneco de madeira falta às aulas quando se faz acompanhar da manhosa matreira) o que é realmente um escândalo, que a democratização do acesso ao ensino superior não justifica, é que os meninos, já crescidos, andem na escola à custa dos papás para isto e se proponham a exame para aquilo
há dias, numa entrevista magnífica conduzida por Anabela Mota Ribeiro, o matemático, professor e presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Nuno Crato, bem observava que na universidade em que ensina havia, em 2001, 70% de chumbos no 1º ano, uma colossal perda de tempo a recair sobre alunos e professores
para aprender, jámetinhadito, é preciso dedicar muito tempo a isso!!!
2 comentários:
Quanto à bem conduzida entrevista do Nuno Crato, já lhe falei, António, noutro contexto. Infelizmente, o caso que aponta de uma Faculdade de Direito está longe de ser único. Durante vários anos, numa escola pública onde leccionei, fiz, motu proprio, estudos sobre os resultados efectivos dos alunos. Numa determinada cadeira, as não-passagens chegavam a atingir 90 por cento. De tanto escrever e martelar, a juntar certamente a outras circunstâncias, hoje a situação está, felizmente, bastante melhor.
O facto de os próprios professores (e a Direcção) não sentirem aquilo que o Nuno Crato expressa e não reagirem é que me assustou. Mostrou-me, ano após ano, que a Higher Education é mesmo "Ensino" Superior, i.e. liga demasiado ao papel do professor e demasiado pouco à educação dos estudantes. Ora, o professor só lá está porque os alunos lá estão. E, dado que estes são pagos por todos os contribuintes da sociedade, o professor tem necessariamente que prestar contas. Não esá sozinho, evidentemente: tem todo o ambiente da escola à sua volta e tem também a geralmente fraca preparação dos estudantes que lhe chegam às mãos. Tudo é, afinal, testemunho de uma escola pouco rigorosa, mesmo facilitista, tal como a sociedade de uma maneira geral. (Haveria muito mais a dizer neste domínio.)
jmco
recebido por sinais de fumo:
[...]
«- Nos idos de 197e/198e havia um regente na FDL, Mário Esteves de Oliveira, que corria a negativas cerca de 490 alunos em 500. Dos restantes, metade tinha nota para ir à oral (a partir de 7) contando com a ponderação da avaliação contínua… um terço ia a exame só para poder mudar de professor (era normal haver cerca de 60 a 100 zeros, nem todos por absoluto desconhecimento…). Eram alunos trabalhadores, que estudavam à sua custa, à noite, porque no seu tempo não tinham tido pais que pagassem para isso… Estudavam, saia-lhes do pelo, mas chumbavam… E bem! Porque nem todos tinham condições para usarem um título universitário… somos todos iguais, em dignidade, mas há profissões e formações que exigem mais do que outras…
- Há 4 ou 5 anos, havia umas alunas num estabelecimento privado que atribui títulos de licenciado (universidade é outra coisa) a quem uma professora (que ministrava 3 cadeiras), contando pontos por escreverem o nome e comparecerem à maioria das aulas, não podia brindar com mais do que 3 ou 4 valores (na escala de 0 a 20). Após 3 ou 4 conversas com os responsáveis do estabelecimento, que pretendiam que as propinas garantissem a passagem, a dita professora resolveu mandar o estabelecimento às malvas… Menos de 6 meses depois, apareceu-lhe, na Escola onde trabalha regularmente, uma das ditas alunas já com todas as cadeiras feitas e com o título de licenciada na testa, diploma na mão e doutora como nome de baptismo…
- Também [...] foi muito badalado, que um politécnico (público) preencheu 117 das 120 vagas com maiores de 23 anos, que escreveram mais ou menos correctamente o nome numa folha de exame…
- E [...], vindo os bons exemplos de cima, todo o jovem ambiciona concluir uma licenciatura num domingo, à volta da mesa de almoço (depois de vir da missa, porque neste país laico há sempre missa nas comemorações de Estado…)…
- Numa universidade Belga (terra sem «novas» oportunidades… se calhar é verdade, pois nem sabem se ainda são um Estado…), num curso de mestrado que só admite alunos entre os 25% melhores das respectivas escolas de origem, chumba-se abundantemente em cadeiras e a nota final de 14 ou superior é só para os 25% melhores…
Ensinamentos:
- Chumbar na universidade é normal!?!
- Há muita gente na universidade que devia andar no secundário e, nalguns casos, no final do básico…
- Não é normal que baste pagar propinas para se obter um título universitário…»
Notas - do editor, eh eh, sem valor fiduciário:
agradecido pelos contributos, que ora reforçam, ora contestam o post sob comentário, o Ditos está em condições de confirmar, por diversas outras fontes igualmente credíveis, o polvilhado de zeros nas pautas de Direito Administrativo da Faculdade de Direito de Lisboa, à pala do Mário Esteves de Oliveira, que se repetiu em vários anos lectivos aqui à atrasado!
também se entende a realização de exames com desprezo pela nota, seja por mero objectivo de obter da secretaria o certificado de presença necessário à justificação de faltas ao trabalho por via do exercício de direitos do estatuto de trabalhador estudante (às vezes há que usar um diazinho para o estudo de outra cadeira...) ou pela nobre finalidade de ir lá criticar de alto a baixo o professor da cadeira (sujeitando-se a nota em conformidade) ou para mudar de professor ou para manter o plano de curso (técnica só acessível aos eternos caloiros) ou para desmoer, sei lá...!!
e, para isto serve também um blog, fica a curiosidade de compreender (não parece ser nenhum dos casos exemplificados, pela diversidade das pautas e só por bambúrrio seriam todas do mesmo professor, mas...) melhor a situação real, pelo que o Ditos se reserva o direito de proceder a averiguações aprofundadas em futura ocasião!!!
;_)))
Enviar um comentário