até que enfim, um texto claro e certeiro sobre o "caso Esmeralda", crédito de Marta Botelho, membro do site PNETmulher, com o mérito adicional de linkar as decisões judiciais e a cronologia relevantes
resumindo o jametinhasdito de júbilo, é de realçar:
- a referência ao pai "biológico" e à mãe "biológica", insistente na comunicação social, parece dispensável; é o pai, é a mãe e chega, não precisa de qualificativos
na realidade, a convivência humana e o direito criaram outros tipos de relação, em resultado de afeição ou adopção, neste caso com efeitos de direito muito precisos
naquelas situações e justamente para permitir melhor distinção, justifica-se então a referência a pais "afectivos" e a pais "adoptivos"
assim, não se justifica atribuir qualificativos particulares ao pai ou à mãe, em contraposição com as outras figuras - mas sim às ditas figuras por contraposição ao pai e à mãe
- pela porta dos portugueses entrou precisamente a mesma verdade que entrou nos tribunais, se bem que apenas muito raramente com a clareza de exposição e com o desinteresse (em sentido de "isenção", sem partie pris) como no post ora em apreço - mas entrou
de facto, há a guerra das parangonas e o lastimável comportamento de chacal adoptado por tantos jornalistas e editores da nossa comunicação social, mas em geral a informação relevante acabou por passar toda, para além dos títulos e chamadas, no texto restante, nas caixas, nas opiniões de especialistas e outros comentadores
muitas das pessoas que comentavam o caso dispunham da informação relevante, apesar da aderência primária às ditas parangonas e de muitos juízos precipitados
mas estes raramente resistiam a uma pergunta simples: é pá e se fosses tu o pai?
- apesar disso, a comunicação social comportou-se pelo pior do padrão sensacionalista
pior que maltratar a informação foi a falta de respeito para com os sujeitos intervenientes, a desconsideração da intimidade de uma criança ou da privacidade de uma relação parental sob delicada construção, o impudor, o ruído e a precipitação quando à vista desarmada se impunha a necessidade de cuidados de resguardo, silêncio e serenidade
por isso, não podemos contar com figurantes assim na comunicação social, temos mesmo que estar bem à defesa, enganam-nos por cêntimos de presumível audiência
- os tribunais não ficam muito prestigiados com o sucedido, deixaram correr tempo e marfim, sendo que o tempo é demasiado precioso para o desenvolvimento harmonioso de uma criança
importa, pois, decidir bem e depressa, e igualmente bem e depressa fazer cumprir a decisão
as manobras de mudança de endereço não explicam toda a incúria de funcionamento da máquina judicial de que este caso é apenas a ponta visível do iceberg
o arrastar dos processos nas diferentes decisões, a encanar a perna à rã, também não deixa bem vistos os magistrados envolvidos, azar
agora o que apetecia mesmo era que a história do caso Esmeralda parasse aqui
e de nunca mais se saber da Esmeralda
que a sua vida feliz fosse totalmente alheia a todos nós, como a de tantas crianças que não são da esfera das nossas relações
e que a história feliz da Esmeralda fosse conhecida apenas por quem é ou venha a ser das suas relações
em vez de caso nacional, seja a Esmeralda feliz e ponto!!!
observações são bem vindas
;->>>
2 comentários:
Embora nunca me tenha interessado muito pelo assunto, devo dizer que estou mais esclarecido. Espero, naturalmente, que a Esmeralda tenha uma vida feliz.
Quanto aos media, eles depressa arranjarão outras Esmeraldas.
jmco
Continuo a achar que é a comunicação social que «fabrica» muitas das notícias ou pelo a sua expansão exaustiva - é curioso reparar que para notícias iguais ou quase iguais a comunicação social tem abordagens opostas. De certeza que por esse país fora há casos parecidos com a da Esmeralda só que não chegam tão longe...
Enviar um comentário