«O sonho é a realidade antes de acontecer», jametinhadito Sebastião Fortuna !
artesão, poeta e sonhador de mãos-à-obra, como o provam as instalações (feitas igualmente a poder dos próprios braços e que sucederam ao seu Centro de Artes e Ofícios) onde cria, expõe, ensina e aprende artes de pintores, escultores, ceramistas, canteiros, carpinteiros e outros artistas, estudiosos ou poetas
e até de contadores histórias como a do gato que ensina a voar a gaivota da novela de Luís Sepúlveda, magistralmente dita ao jeito de oração e apenas para exemplificar
num ápice, acontece o diálogo intenso, emocionado e emocionante - aliás, emoção é o mote impressionante do testemunho de Sebastião Fortuna
tudo sob o fio condutor da “procura da verdade” e de “ajudar a tornar um mundo um pouco melhor”, na convicção de tal ser obrigação de cada um e forma de agradecer a vida...
enfim, contas difíceis de fazer mas a experiência não cabe em relato algum e é bem caso de lá ir tirar teimas, de apetite aguçado para múltiplas formas de expressão artística mas sobretudo sorver a intensa narrativa humana e, nada menos, a autêntica força da natureza, talvez proveniente da resistente aldeia no sopé da Serra do Louro, na Arrábida: a Quinta do Anjo*
se de facto, sic, partimos com o mesmo que trazemos à nascença, “nus e descalços”, certo é que a vida tem que ser vivida e realizada de sonho em sonho, pois ao contrário do ideal – que é como a estrelinha que indica o rumo mas não se alcança – o sonho é alcançável, sem desistir, passo a passo
em resumo, conclusão e, não por acaso, jeito ainda de homenagear outro Sebastião, o poeta Sebastião da Gama, um jametinhasdito de júbilo: “Pelo sonho é que vamos” !!!
PELO SONHO É QUE VAMOS
Sebastião da Gama, 1953
«Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.»
observações são bem vindas
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* a dos cheiros a alecrim, tomilho, cardo, medronho, hortelã, amêndoa, noz, azevinho; onde pastam as cabras e as ovelhas, das tenras pastagens à crista coroada a moinhos da Serra do Louro, percorrida por intrépidos caminhantes; e a mesma Quinta do Anjo, aliás, da Ford Palmela, do queijo de Azeitão ou do Moscatel de Setúbal – na realidade com pertença e origem na Quinta do Anjo!
1 comentário:
Texto bonito e positivo faz sempre bem à alma.
jmco
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