2008-11-04

halloween santoral


festiva é a inocência e também a salvação ou o seu desejo feito carne por manifestação da alma

ancestralmente, abrimos ao Além uma fresta, para (re)visitação recíproca, porventura um tanto menos inocente

é bem verdade que as religiões, como o comércio, a vaidade ou apenas a pulsão gregária, tendem a capturar até (ou precisamente por isso) o íntimo mais íntimo de nós, a pretexto da sua exortação colectiva, exultação pública ou exaltação mística - e, bem assim, por qualquer que seja a forma em que se manifesta o Amor

mas ai de nós, mas ai de quem, mas ai dos deuses: valha-nos o fio invisível que tece o universo, universos, os sóis inumeráveis, as infinitas terras e as esferas infindas que servem o epiciclo, que vertem à equação inicial e, revolvidas todas as paralaxes, volvem à pedra primeira, à poeira primitiva de que somos feitos e a que tornaremos em cada grão e em todo o infinito, simultânea e sucessivamente

festejemos, pois, em cada estame, espiga e flor, em cada pão, abraço ou ilusão, semente e cimento da vida por inteiro, incluído o primordial infinito que antecedeu a vida, o infindo suceder que perdurará depois e o continuum instante que nos luz o olhar, que o cruza, acende e reluz, mágico segmento de vida, morte e eternidade - ao menos - caso ou para quem isso tenha importância alguma ...

de todo o modo, desde sempre há um começo e recomeço, nascer e renascer, fim-de-ano e ano-novo-vida-nova, a-vida-são-dois-dias-e-o Carnaval-são-três, cinza para a Fénix reviver, luz ao fundo do túnel, depois da tempestade a bonança, graal imaginário, pura fé e científica esperança

simplesmente, na flor da inocência, na inquietude da máscara, perante a incerteza do desconhecido, pedimos mesmo o impossível, o milagre: a ressurreição, o pão-por-deus, o doce-ou-travessura, a festa, a festa, a festa, a que por ora chamamos Novembro mas certo é que, numa altura ou noutra, foi sempre assim

e porque não halloween?

jametinhasdito!

carpe diem




observacões são bem vindas

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