em dívida de gaivotas, o Ditos acolhe umas que vogam para sempre nas asas de um Poeta
Congresso de gaivotas neste céu/
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo/
Querela de aves, pios, escarcéu./
Ainda palpitante voa um beijo./
Donde teria vindo! ( Não é meu...)/
De algum quarto perdido no desejo?/
De algum jovem amor que recebeu/
Mandato de captura ou de despejo?/
É uma ave estranha: colorida,/
Vai batendo como a própria vida,/
Um coração vermelho pelo ar./
E é a força sem fim de duas bocas,/
De duas bocas que se juntam, loucas!/
De inveja as gaivotas a gritar...
Alexandre O'Neill
in No Reino da Dinamarca
observacões são bem-vindas
2008-05-02
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1 comentário:
As gaivotas são o bando que acolhe a ave estranha, colorida, em forma de coração,que surgiu assim, de repente e sem saber bem de onde. É interessante ver como, ao bater das asas, o Alexandre nos leva a quartos, indagações várias, e depois nos explica os gritos das gaivotas através da inveja que sentem.
Já agora, António, a biografia do Alexandre O'Neill, escrita por uma senhora de cujo nome não me lembro agora nem estou para ver, é coisa que vale a pena ler. Foi um prazer perpassar por aquelas páginas onde se pretende apanhar - e de facto se capta - muito do Alexandre, o domador da língua, o copy de publicidade com rasgos de génio, o comilão de pratos de boa comida e de mulheres que lhe despertavam o desejo.
Tenho o livro cá em casa e empresto-lho com todo o gosto se estiver interessado. Tenho também as poesias completas do O'Neill, igualmente à disposição.
jmco
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