2008-05-19
Tchiga Pertú
os cidadãos de Cabo Verde podiam hoje ser cidadãos da União Europeia - como os cidadãos da Martinica o são!
mas a vida foi por outras vias e agora a aproximação está sobre a mesa de negociações, com passos políticos adequados à vontade mútua de concretizar níveis de relacionamento e de associação cada vez mais favoráveis a uma verdadeira pertença, digamos que no trajecto de uma
utopia exequível
mais um exemplo: o presidente caboverdiano Pedro Pires reafirmou ontem (20080518) à AFP, o desejo de Cabo Verde trilhar o caminho da aproximação gradual à Europa
realista, inteligente e claro, na mesma entrevista Pedro Pires jametinhadito que prefere encarar a organização dos países africanos em torno de blocos com interesses congregáveis, como a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, em vez do conceito de União dos Estados Africanos, como preconizam a Líbia e o Senegal
e sentencia: "é fundamental consolidar na África os Estados de direito". !
ora aí está um objectivo visionário mas assente em princípios e na experiência das nações, em particular da integração europeia, também inicialmente segmentada a alguns países e em torno da segurança e da economia
com efeito, a União Europeia nasceu da Comunidade Económica Europeia, que por sua vez teve como embrião a Comunidade Económica do Carvão e do Aço... e nos dinheiros do Plano Marshal americano para a reconstrução europeia
esse esforço agregador mas gradual trouxe à Europa os decisivos frutos do desenvolvimento económico, da democratização e da paz
também África poderá beneficiar de ajudas muito potenciadas por um vector organizador, germe de segurança, democracia e desenvolvimento !
num mundo sob inquietantes riscos de desagregação, secessão e guerras fraticidas, é bom que haja líderes africanos que afirmem com a clareza de Pedro Pires o objectivo de unidade em busca de segurança e desenvolvimento para os martirizados povos do continente primordial !!
à luz do primado do direito, das leis e da democracia !!!
observacões são bem-vindas
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Quando o Pedro Pires diz que "é fundamental consolidar na África os Estados de direito", ele tem toda a razão. Porém, passar das palavras aos actos demora imenso tempo e, como sucede no caso de Angola, se um país é detentor de grandes riquezas naturais é certo e sabido que o Estado ganha um volume e um poder que não são compagináveis com democracia - pelo menos a curto prazo. Daqui resulta que um pequeno grupo de cidadãos admirador e venerador da corte sai altamente privilegiado, enquanto o resto da população vegeta. Como essa população não tem nível económico que se veja, não paga impostos directos. Por seu lado, o Estado, uma vez que nada recebe desses cidadãos não se sente moralmente obrigado a dar-lhes muito em troca. E dá-lhes um mínimo.
Um Estado de direito que só permita o uso correcto da justiça e coloque esta no papel independente que deve assumir, sem distinção entre cidadãos de primeira e de segunda, não é um objectivo fácil de alcançar. Contudo, é obviamente uma meta a perseguir e, como tal, é bom que sirva de estrela a indicar o caminho certo.
jmco
Enviar um comentário