2011-04-20

revoada



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A noite ia alta, arrefecera o tempo, chovia lá fora, o leito era quente, macio... macio é o teu corpo, as mãos o afagam, o desejo desperta... os animais também não falam no acto do ajuntamento, mas os olhos... que expressão de amolecimento e liquescência, de quase desmaio é aquela?... Quando no céu lavado as estrelas brilham e é regelo o silêncio cósmico, espalha-se no ar o cheiro do primeiro dia da Criação... Quando as chuvas caem na terra sequiosa, levanta-se no ar o perfume do segundo dia da Criação... Quando na primavera as flores do prado exalam suas essências, rescende o ar ao aroma do quarto dia da Criação... Quando os amantes acordam suados do seu êxtase, incensa o ar a fragrância de Deus...
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jametinhapensado Fernão Pérez, interludiando com a rainha-infante Tareja, in «o cavaleiro da Águia», de Fernando Campos






observações são bem vindas :_)))

3 comentários:

Ana disse...

Há textos que são como certas pessoas, extraordinárias! que nos levam além do conceito, forma e tempo vida e morte.

Sofá Amarelo disse...

Senti esse aroma de Primavera molhada hoje nos campos (de novo) do Alentejo!

Sofá Amarelo disse...

Uma boa e doce Páscoa >:o)