2007-11-17

Lisbonisation

eco da Agenda de Lisboa (2000, António Guterres liderava a presidência portuguesa da União Europeia, desculpem recordar...) a política europeia apressa-se a tentar alcançar quanto definiu ambiciosamente em matéria de metas para uma Europa melhor: crescimento económico, coesão social, competitividade empresarial, emprego, inovação, bem estar dos consumidores, sociedade da informação e do conhecimento

a linguagem europeia (sim, ainda mais que as realidades, as utopias precisam de uma linguagem) assimilou muitas destas palavras na prática discursiva corrente, provenientes directamente dos conceitos eleitos na célebre cimeira de Lisboa da segunda presidência portuguesa da União Europeia - a primeira foi sob os auspícios do Primeiro-Ministro Cavaco Silva e também nela Portugal deu boa conta, demonstrando capacidades que carecem exactamente de demonstração

recentemente, uma nova palavra tem vindo a ser recorrentemente utilizada, lida e ouvida: lisbonisation!

jametinhamdito!!!

o neologismo não é acidental, refere-se justamente à Agenda de Lisboa e à preocupação de responsáveis e analistas quanto à atenção devida à obtenção de resultados em linha com a estratégia europeia definida no seguimento da proposta do Primeiro-Ministro português, António Guterres

para o efeito, afirma-se, espera-se ou exige-se que as novas medidas, metas, práticas, integrem o crescimento, o emprego e a inovação, não apenas na macro política da União Europeia, mas a nível regional, nacional e local

são novas premissas para a análise custo-benefício ou mesmo condições sine qua non para a apresentação de programas ou para a legitimação de atitudes

é uma nova medida para muitos actos: lisbonisation

oxalá tenha sucesso!!!


PS - entretanto, a terceira presidência portuguesa da União Europeia, a decorrer este semestre sob a égide do Primeiro-Ministro José Sócrates, também concorre para a inclusão de Lisboa no vocabulário referencial europeu; na cimeira de Lisboa foram aprovados os termos de um novo texto constitutivo - quase constitucional, mas não se sobrepõe aos textos matriciais dos Tratados de Roma e Mastricht, a que apenas substitui disposições, se bem que extensa e substancialmente quanto às regras de funcionamento; este nosso novo acordo europeu é o Tratado Reformador, assim designado maioritariamente pelos comentadores e órgãos de comunicação internacionais, enquanto a nível nacional se insiste na designação "Tratado de Lisboa"

observacões são bem-vindas

1 comentário:

Anónimo disse...

Francamente, António, não sei se designações ligadas a Lisboa são a coisa mais importante. É mais um exemplo da velha questão de forma, tão do agrado das nações católicas, a contrastar com a mais palpável anglo-saxónica noção de substância.
Quanto ao desempenho da cimeira, parece que tem estado tudo bem. Os portugueses sabem fazer as coisas a preceito. Mas se o Tratado Reformador é bom ou mau para países como Portugal, aí já tenho as minhas dúvidas.
jmco