ou a demissão da demissão do demitido - mas tanto é possível ?
Em seu magnífico blog , que chega a ser 20 – vinte – 20 minutos mais rápido que a CNN, Pacheco Pereira condena o populismo da invectiva contra o programa desportivo de Morais Sarmento – e também condena a quebra da confidencialidade de actos do Estado, por parte de que defende (ou ataca?) o Ministro mergulhador
quanto à primeira parte da questão, e como também jametinhadito num debate de televisão, Pacheco Pereira equipara o mergulho ou outro programa desportivo à leitura de um livro ou uma ida à ópera, a museu, às compras ou a uma tarde livre, tudo compatibilizando com o preenchimento de tempos sem agenda em qualquer missão oficial
com o devido imenso respeito, creio que é de facto censurável o programa de mergulho numa estância exótica em missão de Estado de natureza reservada, se se atender à diferenciação relevante, como se impõe
compreende-se o virtuosismo de quem, numa vulgar deslocação em serviço (em representação do Estado, de uma empresa ou qualquer outra instituição) aproveita as potencialidades locais para se cultivar ou divertir -aqui, porque de facto não é a mesma coisa, com a natural ressalva do respeito pelos bons costumes, mas sempre, creio, evitando exotismos excessivos ou notoriedade que possam causar susceptibilidades à entidade representada – é que há sempre um limite resultante da distinção face a uma viagem exclusivamente particular, embora ainda neste caso se imponham limites em função da sobriedade exigível a quem exerce o poder em representação do povo, em especial a quem representa o País
no entanto, neste caso, o Ministro vem dizer que lhe foi atribuída uma missão secreta do Estado – é por isso que deveria saber ater-se à maior discrição e é exactamente essa falha de discrição, sobriedade e dever de reserva que torna em promiscuidade um acto perfeitamente normal noutras circunstâncias: dar um mergulho num local propício e aprazível como São Tomé e Príncipe pode oferecer, passe a publicidade acrescida à feita pelo Ministro em mais um episódio
nestas circunstâncias, em alta missão do Estado e prosseguindo a defesa delicada e difícil de interesses portugueses, foi o Ministro que abriu passagem à quebra de confidencialidade, sendo óbvia a relação de causa e efeito com a notoriedade do programa desportivo numa estância exótica
é que o episódio em si é bem a prova de que o Ministro - orelhas de burro lhe sejam feitas - sujeitou Portugal a um mergulho indesejável numa missão oficial por natureza reservada
teria pois sido recomendável que se despachasse de regresso ou então ficasse a ler, talvez o romance “Equador”, de Miguel Sousa Tavares, com eventuais vantagens em matéria de conduta política e diplomática, além da apreciável mais valia literária
PS: a propósito de episódios, e destes não se pode acusar Sampaio de os não ter arrolado, vai ser assim até ao fim, todos os dias se descobrem demissões que antes do o serem já o eram mas depois não o são, como o sai não sai do Presidente da Caixa, de Bagão Félix, de Morais Sarmento, às tantas toda a estrutura do Estado está dissolvida e demitida e isto tudo saber-se assim é prova do maior desmazelo de um Governo que mete água mesmo a sair do barco
PS2: a propósito do Abrupto, além do justo reconhecimento e primeiro interesse do blog em geral, que continua a ser leitura (quase) diária de primeira água, vão os merecidos parabéns para o acompanhamento da “atitagem” da Huygens, incluindo a importante antecipação a poderosos meios globais de comunicação, justificando inteiramente a intensa audiência verificada, mas também de excelente qualidade - uma pequenina nota para a expressão “a data” que por lapso de tradução aparece repetida amiúde mas antes se refere a “dados” ou “informação”
PS3: São Tomé e Príncipe, o local do crime, salvo seja, tem mesmo atractivos bastantes, como é exemplo o enquadramento do programa “Na roça com os tachos”, da RTP África (Internacional ?) que, em paisagem de cascata, acabou de servir uma bem apresentada salada de frutos tropicais de fazer água na boca ...
observacoes sao benvindas
Sem comentários:
Enviar um comentário