sem vírgula!
há um ano o Governo alemão admitia a possibilidade de renovação de licenças de centrais de energia nuclear, há muito sob decisão de encerramento no fim do prazo
em Março deste ano, Merkl anunciou o fecho das centrais mais antigas
e agora declara que no fim do prazo não haverá prorrogação
após o desastre na central nuclear de Fukushima, com libertação de muitas toneladas de matéria radioactiva, e perante a evidência de insegurança decorrente dos estragos causados pelo maremoto, que manterão fora de controlo por tempo ainda indeterminado, muitos países encetaram programas de revisão e auditoria, e apressaram o fecho das centrais mais antigas ou reequacionaram mesmo a continuidade da energia nuclear
a menos que se aposte muito na redução e na eficiência do consumo de energia - e, curiosamente, o uso da electricidade pode contribuir para racionalizar outras formas de energia, ou seja, pode ser necessário aumentar o consumo de electricidade para substituir fontes energéticas mais caras, mais poluentes ou mais perigosas - será preciso investir em produção alternativa, para compensar o descomissionamento das centrais nucleares
a partir de combustíveis fósseis? jametinhamdito!
a Alemanha afirma-se pretendente a liderar as energias renováveis - e bem sabemos que o conseguirão!
e a massificação de tecnologias de produção de electricidade a partir de fontes renováveis poderá baixar o respectivo custo - aliás, mais eficazmente que a reformulação (como se preconiza no programa eleitoral do PSD e, de modo menos radical, no acordo da "troica") dos actuais modelos de financiamento e de incentivo, em países que já iniciaram a senda e o paradigma das fontes renováveis de energia, como é o caso pioneiro de Portugal
é tema em que a decisão da Alemanha condicionará, em cascata, outros países detentores de relevantes carteiras de projectos de energia nuclear
talvez por agora não influencie directamente a França, o maior produtor europeu de electricidade a partir de centrais de energia nuclear - é materialmente impossível substituir, a curto e a médio prazo, tão significativa quota (75%) de produção e potência instalada, ainda por cima de custo moderado
mas há vários anos que a França tem que parar centrais nucleares no Verão, por falta de água em quantidade suficiente para garantir a refrigeração dos reactores em condições sustentáveis, pois a água deve ser devolvida (aos rios, aos lagos ou ao mar) com acréscimos limitados de temperatura, sob pena de grave dano ambiental e perda de biodiversidade
se o que tem que ser, tem muita força, em matéria de energia nuclear o "obrigado" passa de irónico agradecimento a movimento forçoso, que as circunstâncias não perdoam e a consciência das populações (maxime, dos eleitores) é agora sobressaltada pela imediata multiplicação de imagens, que nenhum comité central ou agência de inteligência consegue hoje suster
2 comentários:
Situação bem resumida, António. Grande clareza.
jmco
O pior das centrais nucleares é exactamente quando elas são abandonadas: ficam sem manutenção e com toda uma energia nuclear lá dentro sem controle!
Nem sei o que será pior, assim os deuses estejam atentos porque o homem já provou que é muito distraído...
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