2011-11-02

referendeuro



depois de muitos salamaleques, cimeiras e seus sobressaltos, muitos políticos regressaram aos seus países com  sorrisos nervosos e ambíguos - um perdão de dívida apaziguava gregos e troianos

mas o nervoso sobrepôs-se e as bolsas chiaram, até na China - o Governo da terra da democracia fala em referendo para que o povo se pronuncie (mas, pelo sim pelo não, mudou as chefias militares...) e a Europa revela a sua face, com ameaças veladas: havendo referendo, é bloqueada a ajuda (!?) financeira

claro que esta história faz lembrar a fábula da rã e do lacrau: ao atravessar o rio à boleia, o lacrau não resiste à sua natureza e dá uma ferroada na rã - será que o euro vai por água abaixo?

na realidade, mesmo com o colossal perdão de 50%, a dívida grega ainda fica muito acima do PIB - e a vencer juro altíssimo, o valor só poderá agravar-se pois teria que haver crescimento - e, pelo contrário, há recessão - para se conseguir amortizar algum capital

o resto é aritmética - e os gregos, desde antes de Euclides, sabem fazer contas


é difícil prever mas Papandreou parece comportar-se como Sócrates e engendrou uma estratégia para... sair da governação - ante a perspectiva da calamidade, as facções partidárias e as ambições de poder provavelmente chumbam o projecto referendário e oferecem de bandeja um bom pretexto para a demissão do governo socialista grego

por falar em ambições de poder, Passos Coelho deverá tomar apontamentos, a tragédia grega é demasiado parecida com a situação portuguesa, além da aritmética ser basicamente a mesma: não temos dinheiro nem, daqui a pouco, quem nos empreste - e o mesmo poderá suceder a outros países ditos periféricos

a Europa, de "Merkozy" aos especuladores privados, ficará também de aflitos - sem devedores, quem lhes assegura o rendimentozinho dos juros? e como escoarão os seus produtos? invadirão a Grécia e voltarão a guerrear entre si?

esta aindanãometinhamdito...




observações são bem vindas obrigado ;_)))

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