2009-05-09

Nós, Europa

inexoravelmente, a geografia conferiu-nos a morfologia, a configuração e o simbolismo de rosto da Europa

aqui mesmo onde acaba a luz, o poente extremo, direito ao mar, começa a Europa

nós, afinal, sempre fomos parte da Europa, mesmo se dela nos afastámos no negrume de prolongadas noites, na surdez de alongados silêncios, na solidão de interminável, orgulhoso e vergonhoso isolamento

mas a Europa engloba também uma ideia de paz e um espírito de união, ecumenismo e esperança, lugar de construção de harmonias e diferenças, convívio entre culturas sob o respeito dos tempos, da memória, dos sonhos que nos exige o futuro

há na Europa um mar de sabedoria que é um continente habitado por mulheres e homens que receberam e sabem transmitir a possibilidade e o advento do trabalho frutuoso, da tolerância e da exigência de um mundo melhor

boas razões para, hoje em especial, celebrar a Europa



observações são bem vindas
;->>>

1 comentário:

Anónimo disse...

Os americanos costumam dizer que a Europa é um continente pessimista por natureza. Quem ler o seu texto, António, chega a uma opinião exactamente contrária. E ainda bem, porque há de tudo nesta Europa que já foi bem mais desunida do que hoje. Um grande sinal de optimismo europeu foi afinal a abolição de numerosas fronteiras: para que uns tantos não evocassem as várias cicatrizes de guerras passadas, cessaram muitas fronteiras dentro da Europa, permanecendo apenas um determinado controlo necessário por razões de segurança.
Essa foi uma boa vitória europeia.
jmco