um jametinhasditos captado entre secções de mini-mercado:
«_ Ó Mãe, o que é que acontece se não fizermos a primeira comunhão?»
assim é!
crescemos assim, sujeitos, quiça submetidos, a um contexto que impõe e pressupõe a penalização
preferível seria talvez conviver com um ambiente de construção afirmativa, na consciência de fazer o que consideramos importante fazer, pela positiva, porque achamos bem, porque asssim o queremos...
mas ouçamos a resposta para relembrar como se perpetua a Inquisição:
«_Já viste o que as pessoas haviam de pensar?»
observações são bem vindas
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2009-03-15
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5 comentários:
Sim, estas expressões têm tudo a ver com o portuguesismo histórico: a ameaça velada, a opressão, o parecer mal... e assim vamos andando entre expressões de mal-dizer e outras de nada dizer...
Epa... isso ainda existe? ... então se eu dizer que nem sequer fui baptizado, é uma bomba na plateia dos "Porta-te bem" ? :P
Quem tem espaço para uma pergunta assim vai demorar pouco tempo a confirmar a resposta.
Sinceramente, António, não creio que, desta vez, a Inquisição seja chamada nem para a pergunta "Ó Mãe, o que é que acontece se não fizermos a primeira Comunhão?", nem para a resposta, aliás indirecta e incorporando uma outra pergunta: "Já viste o que as pessoas haviam de pensar?"
O medo / receio que nós desde miúdos sentimos quando fazemos alguma coisa mal não está necessariamente ligado à religião. A punição mais frequente acaba certamente por ser aqui na Terra. É natural que sintamos barreiras que não podemos ou devemos ultrapassar. O problema dos adultos, que criam essas barreiras, é "que tipo de barreiras?" e "onde as colocar". Cortar as asas a uma criança é um dos piores crimes que se pode cometer. Idem a um adolescente ou mesmo a um adulto. Mas daí a permitir-se que a criança se possa dar ao luxo de fazer seja o que for sem qualquer receio vai uma enorme distância.
É natural que um miúdo que recebeu educação católica formule a questão "O que é que me acontece se eu não fizer isto?" Noções de obediência, recompensa, desobediência, punição, são importantes para todos nós. Altamente criticável é a resposta da mamã do pequeno, aparentemente demonstrando que interessa mais o que outrem possa pensar do que aquilo que o próprio filho sinta. Aqui entra a deseducação para a importante "accountability", que deve ser ponto fulcral na educação de qualquer indivíduo.
Como sabe tão bem ou melhor do que eu, António, a Inquisição foi um tribunal fundamentalista, que a si próprio se denominou de "Santo Ofício" para falsamente surgir como emanação divina e que procurou – infelizmente com bastante sucesso – criar uma mentalidade monolítica e retrógrada. Países como a Espanha e Portugal perderam capacidade de reflexão e de sentido crítico. Criou-se o atrofiante pensamento único.
Entretanto, parece-me, neste caso concreto que aponta, uma conclusão um bocado "far-fetched" ir procurar uma causa remota na Inquisição. Mas respeito a opinião.
jmco
Sofá: muito vai mal quando fazemos ou não fazemos apenas porque parece mal e os exemplos são provincianamente infindáveis
Su: o baptismo (ou não) pode ser uma excelente decisão, mas de um modo ou de outro preferível é que o seja à luz da fé e da determinação informada, em vez de resultar apenas do constrangimento ou mesmo apenas da rotina
MafY: bem achado, há luz naquele perguntar!
JMCO: longínqua a relação?
mas dizemos o mesmo:
-«mentalidade monolítica e retrógrada»
-«...perderam capacidade de reflexão e de sentido crítico»
-«atrofiante pensamento único»
é disso que se trata, obviamente, mas com uma particularidade: perpetua-se!
e se nada se modifocar, por mais longínquos que sejam os tempos, a relação causal subsistirá...
mas voltarei ao tema, obrigado
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