2009-02-16

parada circular

«...a segunda circular totalmente parada», jametinhadito a RTP1, pela manhã de hoje! poderemos talvez imaginar que a ocorrência deste fenómeno em Lisboa se deve a:

a) aquela circular foi fotografada com elevados índices de velocidade e sensibilidade, para "fixar" a imagem...

b) toda a circular está parada, por vezes também o trânsito que nelas devia circular, em especial nas inconvenientes manhãs de segunda-feira, sendo embora tudo relativo pois há um movimento circular universal através do espaço sideral que se impõe a tudo e a todos - de todo o modo, se observarmos uma estrada a deslocar-se poderemos talvez avisar a RTP1, pelo sim pelo não...

c) obras no Terreiro do Paço, com alteração da circulação automóvel e desvio de trajectos e rotinas, procurando cada um alternativa para o seu percurso para estabelecimento de novas rotinas e essa procura é também já uma rotina uma vez que a cidade está permanentemente em obras

o Ditos apressa-se a assinalar todas as alíneas, para não falhar mas também para não influenciar escolhas, sendo inteiramente admitidas novas alíneas e mesmo novos abcedários, atenta a profundidade do tema e a infinitude oferecida à explicação de tão fascinantes fenómenos

mas há um fraquinho tendencioso para a modificação dos percursos de entrada em Lisboa, para explicar o que explica a origem da expressão da secção de trânsito da RTP1, também assinalando a infeliz coincidência: estas obras começam no momento em que a melhor Praça do mundo nos era finalmente devolvida e nos devolvia o rio, após um década de obras, numa pérola de planeamento que é também um incontornável e alternadíssimo jametinhasdito!!

eventualmente, e apesar das declarações optimistas, mobilizadoras e relativamente entusiasmadas dos responsáveis, plausível é que num primeiro momento muitos automobilistas procurarão afastar-se dos locais mais congestionados

e a adopção generalizada dessa atitude criará inevitáveis congestionamentos... o que ocorrerá repetidamente durante os próximos tempos até que tacitamente se estabeleça um amplo colectivo de novas rotinas para milhares de automobilistas que acedem a Lisboa ou a cruzam diariamente

agora fica uma aposta: a promessa de 4 meses - com direito a um terceiro jametinhasdito!!! - de obras na Praça do Comércio em Lisboa merece um countdown e aceitam-se alvitres para a dilação subsequente a 14 de Junho de 2009, pode ser ?



observações são bem vindas
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3 comentários:

Anónimo disse...

Nos tempos em que estava empenhado na formação de guias-intérpretes, já há uns bons anos, costumava dizer que Lisboa era uma belíssima cidade com a característica de ser hilly and holy. Se o hilly não oferecia problema, já o holy nada tinha a ver com o sagrado mas sim com o facto de ter inúmeros buracos. Como diziam os antigos Jograis de Lisboa, "buracos dentro de buracos".
Outra coisa que vinha à baila quando se admirava a vista sobre a Baixa das muralhas do castelo de S. Jorge era o facto de existir um lençol de água que vinha do Tejo até ao Teatro do Agrião (o Nacional, no Rossio), o que abrangia toda a downtown e explicava por que motivo o país, através do seu Banco de Portugal aí localizado, possuía uma constante "dívida flutuante". Devido a esse lençol de água, dizia-se que o Metro nunca seria construído até ao Tejo. Ora, António, muita coisa mudou entretanto. "Holy" a cidade continua a ser. A dívida mantêm-se, mas depois da construção do Metro já não fica bem dizer que flutua. Além de que temos o euro.
Isto tudo para dizer que as alterações acarretam sempre incómodos e desfeamentos iniciais. Esperemos que, no final, fique tudo muito melhor. Quanto ao deadline de 14 de Junho, não aposto, claro. Há sempre imprevistos e estou convencido de que, numa zona como a da Baixa, nenhum empreiteiro aceita penalizações graves por uns tantos dias a mais - se não forem meses!

Sofá Amarelo disse...

A chegada de uma «Primavera» antes de tempo mas desejada deixou muitos automobilistas parados... parados porque os acidentes agora são diários e acontecem nos locais menos «próprios»: às entradas ou às saídas das cidades grandes e movimentadas... demasiado movimentadas... os ditos seres humanos estão mais «nervosinhos» do que nunca... prenúncio da decadência?

Júlio Pêgo disse...

Quem está já habituado aos atrazos latinos de obras públicas e construção civil fica a sentir "normal": o prolongamento de prazos.
Mas, de qualquer forma deixo aqui a satisfação de que ainda em Lisboa se pode circular de automóvel. Qualquer um que vá a Madrid, Paris, Londres, etc. não tem a mesma facilidade em relação a Lisboa.