Carmona Rodrigues tem sido instado, por diversos dirigentes partidários, a abandonar as funções de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa para que foi eleito há dois anos
a eleição foi antecedida de peripécias que o envolveram
suspendeu anteriores funções na Câmara para ser Ministro
passou de Vice a Presidente enquanto Santana Lopes foi Primeiro Ministro
cedeu a vez e voltou a Vice quando Santana Lopes regressou à Câmara, exonerado por Jorge Sampaio
herdou uma situação difícil na Câmara, em parte por responsabilidade própria, na parte em que os números dois têm responsabilidade
o caso do túnel do Marquês de Pombal é sintomático: arma de arremesso da campanha eleitoral de Santana Lopes, a construção do túnel foi mal planeada - Carmona Rodrigues é um reputado professor de engenharia, reconhecendo por isso as virtudes do adequado planeamento - e apressadamente iniciada, sem os estudos exaustivos nem os formalisnos legais e contratuais que se justificavam
objecto de contestação igualmente eleitoralista mas em boa parte fundamentada, as obras demoraram-se com grande transtorno e acrescida despesa para a cidade
tenaz, prosseguiu as obras, cumprindo as ordens judiciais, e abriu recentemente o túnel ao uso público, na data significativa do 25 de Abril, com desanuviamento do trânsito subterrâneo e à superfície
há ainda trabalhos em curso, que estão a ser feitos
ou seja, partindo de uma situação que não escolheu (mas apoiou) e que não dominou, foi capaz de realizar o que era necessário, como compete a um Presidente de Câmara
o coro de objecções ficou assim vazio - a obra está ao serviço da cidade!
mas a Câmara tem outros problemas, de início sobretudo financeiros e políticos - depois avolumando-se em processos judiciais, primeiro administrativos, entretanto criminais
a vereação fez e desfez alianças, tornou-se ainda mais difícil de governar; diversos vereadores, incluindo da oposição, abandonaram ou suspenderam as suas funções, uns foram substituídos outros não
Carmona Rodrigues aguentou o barco
acusado de paralisação da Câmara interpelou os acusadores: quais as obras paradas ou deliberações em impasse ? calou as críticas mas não calou os críticos
pedem eleições desde que as perderam
agora, até o PSD se sente tentado a arriscar uma eleição, motivado pela crescente impopularidade do PS, à boleia da incomodidade às medidas da governação, do peso do meio do mandato do Governo a meças com a convocação da primeira greve geral dos últimos dois governos e da má prestação do Primeiro Ministro José Sócrates no caso da pseudo-deslicenciatura - e do uso afinal indevido do título de engenheiro a que a respectiva Ordem se arroga direito de reserva, concluindo o País que, por via de uma alínea no Estatuto da Ordem dos Engenheiros, nem todos os licenciados em engenharia são engenheiros...
voltando à vereação, com tantos vereadores opositores como vereadores do "executivo", num caso e noutro cada um de sua nação, poucos aguentariam o barco em rumo certo como Carmona Rodrigues tem aguentado
mas Carmona Rodrigues não é um "político", não é um profissional do carreirismo político, não é um partidário
na realidade, está a tirar o tacho aos encartados
também por isso, o mesmo PSD que nunca o apoiou verdadeiramente deixa-o agora cair na ânsia de mostrar serviço - não no âmbito municipal ao serviço de Lisboa mas na oposição ao Governo do País
mas Carmona Rodrigues é independente
e crescido - já foi Ministro de Portugal e nada tem a provar sobre a sua competência profissional
sabe pensar pela sua cabeça e, mesmo cumprindo a cortesia de ouvir quem tem que ouvir, certamente decidirá por si
de facto, novas eleições em Lisboa servirão para um eventual cartão amarelo ao Governo e redistribuição de jobs & boys mas ninguém garante que algo mude verdadeiramente
talvez seja exactamente para garantir que tudo fica na mesma que tantos pedem agora eleições em Lisboa
oxalá Carmona Rodrigues não lhes faça a vontade
observacões são bem vindas
2007-05-03
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