2007-04-11

pontes

era uma vez uma ponte

quem quer que conte ?

então conto: lá para os idos finais de 70, anos 1800, ia um comboio a passar e a ponte caiu, quem sabe se lá ia algum conde...

quem quer que conte? então conto: a tragédia levou os escoceses à boa reacção, iniciando nova construção logo em 1883, depois de se considerar que o túnel oferecia maior risco

e mãos à obra, com o objectivo de substituir a travessia ferroviária por uma estrutura, digamos, indestrutível, a Firth of Forth Rail Bridge, no estuário do rio Forth, em Quensferry, perto de Edimburgo, na Escócia


o esquema construtivo desta ponte - Firth of Forth Bridge - é fantástico, quer do ponto de vista da solução construtiva quer do aspecto final, ainda hoje imponente
em 1964 foi inaugurada nova ponte, a Forth Road Bridge, durante algum tempo a maior ponte suspensa da Europa... até à inauguração da ponte sobre o Tejo, entre Lisboa (Alcântara, tinha que ser) e Almada
quase igual à nossa!


a mesma silhueta elegante, o característico M alongado e um extenso tabuleiro suspenso no ar, pendurado a 70 metros acima da água, a poder de engenhosos cabos suportados em poderosos pilares

num relance, só o cinzento é diferente da cor férra da nossa ponte, gémea um bocadinho maior, um nadinha imperceptível à vista
a maior diferença é a travessia ferroviária: a nossa foi realizada há alguns anos, já nos esquecemos do transtorno das obras, completando o projecto inicial; na Escócia, não foi prevista ...

afinal, neste particular o ditador que a grei ainda há dias escolheu televisivamente teve visão de futuro, isolou o país mas não deixou Lisboa demasiado isolada da margem irmã

hoje tem outro nome, livre da má fama e do narcisismo do instituidor da PIDE, da censura e da fraude, passsando a usar o simbolismo da urgência revolucionária e o calendário da democracia restaurada: 25 de Abril, passam agora 33 anos

e, jametinhamdito, é um gosto a liberdade percorrê-la a pé

maior gosto ainda, é percorrê-la em busca de um novo record de solidariedade !!!


; - >



PS - quase esquecia: Queensferry discute hoje o problema das portagens, em £ibras, e a necessidade de uma nova travessia ... ferroviária !
e a nossa ponte, mesmo se projectada para o futuro, também já tem companhia no estuário do Tejo, baptizada com um nome que já aguentou mais de 500 anos, Vasco da Gama
mas a nova travessia não contempla a ferrovia, talvez o assunto volte à agenda, sobretudo se a Ota der bota, eh eh !!!


observacões são bem vindas

1 comentário:

Carvalho-Oliveira disse...

Gostei do post, António. Uma das razões é porque gosto de quem fala de pontes. É que quem fala de pontes fala do oposto de ilhas – mais no sentido figurado do que real, claro. Para ilustrar a necessidade do sentido pragmático das pessoas, diz-se "Não se atravessam rios com projectos de ponte", algo que é muito certo.

O elemento água, principalmente quando ligado ao outro elemento terra, produz maravilhas. As pontes lá estão para o demonstrar, como sucede em tantas cidades como Veneza, Amesterdão, S. Petersburgo, Nova Iorque, Aveiro, ou ainda Praga, Roma, Londres e Paris. Lisboa não continua no lado de lá das pontes, como outras cidades. O Tejo é larguíssimo na sua foz, pelo que Lisboa não é atravessada pelo rio. Fica apenas alcandorada, nos seus muitos sobe-e-desce, na sua margem direita. As duas pontes que até ao momento foram aqui construídas embelezaram a cidade, alargaram-na, e deixaram que o norte e o sul comunicassem mais facilmente.
Por e-mail vou mandar-lhe uma gracinha: umas fotos antigas, tiradas por mim aquando da construção da primeira ponte sobre o Tejo, que mostram diferentes fases da referida construção. Acabei de digitalizá-las. Já não estão óptimas na qualidade, mas dão para ver.
Já agora, ainda a propósito de pontes, deixe-me mencionar-lhe que aquela que mais me impressionou ao atravessá-la, pelo seu significado simbólico, foi uma ponte praticamente igual à nossa 25 de Abril: em Istambul, no Bósforo. Como é possível que já tenha experimentado, entramos na Europa e saímos já no continente asiático.