2007-04-16

excepção à regra





as regras, bem sabemos, são para cumprir


mas há excepções


uma das regras das excepções é o exagero de excepções à regra


os sinais de trânsito, por exemplo, destinam-se a disciplinar a utilização das vias rodoviárias, por onde circulam veículos, pelo que consistem em imagens, essencialmente, embora haja, naturalmente, excepções


a opção por imagens tem a ver com a uniformidade e universalidade que permitem leitura e interpretação directa e imediata do respectivo conteúdo, evitando equívocos ou hesitações e consequentes acidentes ou demoras


em suma, os sinais de trânsito devem proporcionar completa apreensão do seu significado num relance, à velocidade da circulação rodoviária - e, já agora, a todos os utilizadores da via pública


por isso as imagens são, por regra, extremamente explícitas, baseadas em:


- formas geométricas, simples e de cores fortes, certamente não por acaso se usa o vermelho para exprimir perigo e proibição e o azul para obrigação;

- números, para limites de velocidade, etc

- símbolos, convencionais mas em geral figurativos, embora estilizados ou letras (H...), portanto sempre bem expressivos


o recurso a textos (palavras...) é assim uma excepção


para além dos avisos indicativos de locais, apenas em casos de pequenas indicações ou a título de excepção à regra expressa pelo sinal propriamente dito: excepto Carris, excepto moradores, excepto trânsito local, excepto dias úteis, pares ou ímpares ou das tantas às tantas horas, em espinha, excepto cargas e descargas, excepto portadores de título especial, excepto acesso a obras ou ao nº tal, excepto tomada e largada de passageiros, excepto veículos autorizados, e assim por diante


sempre há uns mais discursivos: "ao abrigo do artº 50º do Código da Estrada" - estacionamento interdito em frente ao portão do vizinho...


ora, actualmente proliferam sinais carregados de chapas complementares com textos sucessivos: "excepto trânsito local" + "das 22.00h às 06.00h" + "bombeiros"


por vezes, quando se consegue concluir a leitura dos complementos já se ultrapassou o sinal e eventualmente já foi praticada infracção... ou não, depende do conteúdo das excepções remanescentes!


talvez sinalizando, também, esses excessos de excepções, o sinaleco retratado neste post atentou no esquecimento das regras em prol da lembrança das excepções


é que se não há regra sem excepção, também não deveria haver excepção sem regra




observacões são bem vindas

2 comentários:

Anónimo disse...

Como não há regra sem excepção, pode suceder que esses sinais com a chapinha dos dizeres por baixo resultem em finalidades bem diferentes das da sinalização do trânsito. É tal o tamanho de algumas dessas chapas - exactamente para conterem toda a procissão de dizeres de que o post fala - que, há uns meses, uma delas me provocou um corte razoavelmente fundo no couro cabeludo. Necessitei de receber um curativo, pois a coisa jorrava sangue. O mais anedótico desta história é que o referido sinal e respectiva chapa king-size estavam na Defensores de Chaves, mesmo em frente ao Ministério da Saúde.

Anónimo disse...

Assinei anonimamente em vez de com o meu nome, Carvalho Oliveira, porque o sistema não gosta que eu escreva o meu username do blog e respectiva password.
Um abraço, António!