Estão em greve os trabalhadores do metro, em Lisboa. Entre os maquinistas a adesão aproxima-se dos 100%, segundo os sindicatos FESTRU. As estações estão todas paradas. O trânsito, caótico. A empresa contratou transportes alternativos, a 100.000 euros por dia.
É a quinta vez este ano que o metro para por greve. E estão previstas mais paralisações nos próximos dias 7 e 9 de Novembro.
A greve prejudica todos os utentes – de modo mais grave quem já pagou as assinaturas – e a economia da cidade, bem como a boa disposição da população em geral afectada pelos desacertos, atrasos e arrelias induzidos pela paralisação do metropolitano e pela sobrecarga dos outros meios de transporte.
A conflitualidade decorre da luta pelo prolongamento do acordo de empresa celebrado em 1976 e que termina no fim de 2007. São pois direitos e regalias de um pacto com 30 anos que se discutem acirradamente. Ninguém cede, ninguém desiste dos seus interesses, ninguém acautela os interesses alheios.
Ora, vai um jametinhasdito de ira para os (ir)responsáveis sindicais, para os (ir)responsáveis patronais e para os (ir)responsáveis da tutela governativa.
Porque não explicam de modo transparente porque é que utentes e população em geral têm que pagar tão pesada factura, porque não ponderam os legítimos interesses próprios com os igualmente legítimos interesses alheios, porque não mostram trabalho feito de boa vontade na resolução das divergências sem as tornar conflituosas e nocivas para a empresa, para os seus Clientes e para a comunidade.
A empresa pública Metropolitano de Lisboa aparece em 279º lugar na classificação das mil maiores empresas não financeiras feita pelo jornal “Público”, com vendas de 71,6 milhões de euros.
Mas apresenta 162 milhões de euros de prejuízo, ou seja, mais do dobro do que facturou em 2005.
E as vendas diminuíram 4,4% apesar do aumento do preço dos bilhetes e assinaturas.
Há portanto um problema estrutural e há responsáveis pelo problema estrutural. Haverá solução para o problema estrutural ?
A criação de condições para o estado permanente de greve parece agravar a situação da empresa e do estado dos transportes da cidade.
Quem manda ? quem gere ? quem decide ?
Aliás, a crise estende-se ao sector: no extremo errado da classificação do Público aparece a CP com a orbital quantia de 1.444,6 milhões de euros de capitais próprios negativos – tenebroso.
Compara com o déficit do sector eléctrico, de 400 milhões de euros, que tanta celeuma deu.
Mas o sector dos transportes continua, avassalador: mais algumas centenas de milhões de euros preenchem a negro o fundo da tabela classificativa dos capitais próprios negativos.
Estão lá a Carris, de Lisboa, a STPC, do Porto, a EMEF, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, a Fiat Portuguesa (privada) e outras, manchando o sector e, por arrastamento, uma boa parte da nossa economia.
Com índices assim, é fácil concluir que a recuperação vem longe...
E em casa onde não há pão, trabalhadores, gestores públicos e governantes, todos ralham sem razão, e quem paga a fava é o povão.
A greve não ajuda a resolver a crise da empresa e atinge sobretudo quem precisa de recorrer à rede pública de transportes. Os responsáveis - sindicais, patronais e governamentais - têm é que apresentar trabalho e resultados.
Assim, não !
observacoes sao bem vindas
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