2011-06-29

interpolações


em dia dos 2 santinhos do governo, S. Pedro e S. Paulo, ainda populares, o Ditos exprime respeitosa vénia perante as vítimas de acontecimentos fatídicos recentes:

Salvador Caetano, veio para ficar na história da indústria automóvel portuguesa e repousa na ala das indústrias eternas, um verdadeiro, admirável e velho empreendor, um exemplo, um homem construtor de um mundo melhor, beneficiando e exigindo progressos em seu redor, com um passado de realizações a pulso assente em sucessivos passos de conquista (o presente enquanto ponte entre o real e o sonho) no quadro de um projecto visionário, de futuro, quase inteiramente confirmado pelo recheadíssimo passado!

Angélico Vieira, um jovem, embora já repleto de reconhecimento e exposição, mas infelizmente surpreendido pela voracidade da velocidade e uma acumulação de factores desfavoráveis, incluindo alguma imprevidência, além do apelo das sensações de multiplicidade, simultaneidade e ansiedade que tanto caracteriza a vida de hoje, o nosso presente...

crianças, sujeitas a terríveis distracções involuntárias dos seus tutores ante um diabólico chamamento de brincadeira, descoberta ou aventura num modesto lago ou na improvável armadilha de um automóvel estacionado, portas abertas para indesejáveis tragédias e inúteis perdas de futuro...

jametinhamdito que há uma ditadura ou perversão do apetite de Futuro

na sua autenticidade, o conceito de Futuro inspirou António Vieira a propor-nos a respectiva História com particular eloquência e pedagogia até à expressão amorosa, embora esta deva ser repartida por quem lê!!

António Vieira, lembrando que os Padres antigos não disseram tudo, afirma que o que é novo também merece credibilidade, explicando muito bem o porquê (além do mais, quer porque o antigo foi a seu tempo novo, quer porque se algumas coisas melhoram e amadurecem com o tempo, outras gastam-se e geram perigo, sendo nesse caso as novas mais fortes e aptas para a segurança e fortaleza) e que o apetite de futuro integra o desígnio de um destino (para Portugal, o melhor, nada menos que o V Império!!!) de progresso e nobreza, integrando a profecia, o sonho, realizações materiais e espirituais do maior relevo

mas se o ritmo em que somos assolados nos obriga frequentemente a desconhecer, esquecer ou relativizar o passado, do mesmo passo faz-nos viver o presente em ansiedades e pressas, dispersos de valores e da atenção necessários a uma fruição de qualidade a que podemos aspirar enquanto viventes, relegando-nos a meros (aliás apenas tentativos, mesmo se arrogantes) sobreviventes...

e que (de) futuro?

realizar, sim! _ mas a quem ajudamos se corremos apenas por nós, pela nossa carreira, pela nossa ânsia de festa, resultados ou gratificação imediata? a quem queremos bem? com quem estamos e a quem proporcionamos momentos de intensidade humana e alegria genuína? que passado recordaremos? que "agora" aproveitámos verdadeiramente? que destino queremos ou procuramos?

o que partilhamos, afinal?

tem que haver passado e futuro, tudo a conquistar, a aprender e partilhar, para além do fogo fátuo de uns euros, de uns cargos, papéis, sem tempo para o sonho, sem tempo para os nossos próximos, sem tempo para viver

e para haver passado e futuro, tem que haver presente, presente consciente, a vida a ser vivida com lucidez, plenamente, ajuizando que não acaba já, nem amanhã!!!

haja luz ;_)))






observações são bem vindas ;_)))

1 comentário:

Anónimo disse...

Texto de procura, no meio do dédalo da crise - económica e financeira mas principalmente social e humana - de mudanças necessárias e "obrigatórias". Mas quem obriga o poder? António, estamos de facto num período altamente conturbado em que há muitos justos a pagarem pelos pecadores.
Porém, é sempre melhor acreditar do que desesperar!

jmco