2010-08-12

Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Ou seja, férias!

E a leitura de intervalo das leituras de férias, de onde foi emprestadado o web log de hoje, é um abençoado "Fernando Pessoa, Quando fui outro", Alfaguara, Julho 2010, antologia em boa hora organizada pelo jovem (pois, 1961 ...) romancista brasileiro Luiz Ruffato, com brevíssimo e suculento prefácio das mãos de Inês Pedrosa!!

A mais seremos obrigados ?

Se bem jametinhamdito, a muito mais!!!



observações são bem vindas ;->>>

4 comentários:

mafY disse...

Também eu nas férias andei de olhos, de olhos e de sentires, pousados neste poeta. Pouco importa se chegamos tarde a aprender as suas palavras mas chegando a apreender poucas que sejam, é poder sentir presente este maravilhoso “Intervalo” que pode ser a Vida.
Mesmo que Alberto Caeiro diga que: “Sentir é estar distraído”.

zeka disse...

Não será um poeta... nem um escritor... mas um fenómeno feito de poetas e de escritores?

mafY disse...

É certamente um fenómeno! De uma impiedosa lucidez.

Sofá Amarelo disse...

Cartas de amor,
Quem as não tem?
Cartas de amor,
Pedaços de dor,
Sentida de alguém.

Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem
Levam bem saudades minhas
Cartas de amor,
Quem as não tem