dia cedo, vias escassas, tempos rarefeitos, trajectos repetidos e ... numa imperceptível fagulha, curva apertada, cruzamento apressado, estacionamento roubado e eis senão que ... recíprocas e lancinantes apitadelas, chiados travados no asfalto disputado, faixas em contra-mão a assegurar a adrenalina em urbana competição, a chuva dissolvente em modo trânsito automóvel do stress quotidiano ...
e é então nesse crescendo que, de dois carros bruscamente parados no verde saiem dois condutores, mais outros espectadores, transeuntes, apaziguadores ou nem por isso de mais nervosos que os próprios contendores, que se fitam, irados, ameaçadores, no ar quilómetros de provocação encurtados a distâncias de um arregaço de mangas sustido já em embrião, os punhos atrás na culatra e na câmara um fatídico palavrão _ meia branca!
_ meia branca! _ atira venenosamente ao outro o mais incendiado em olhos raiados a faíscas provocadoras, na preparada espera de uma reacção, preparada também, pois então, que as cartilhas das horas de ponta já não deixam um automobilista sem resposta preparada a não ser que ...
surpresa? a não ser no caso raro, mesmo improvável, que a infâmia da ofensa teime em acertar na carapaça de uma insuportável indiferença, na muralha de um implausível auto-controlo ou ... será o caso? na desarmada armadura paralisante da ... estupefacção !!
meia branca?
jametinhasdito!!
ora... assim precocemente acaba o que poderia ser uma contagiante, bela (mas perigosa, se acaso resvala às vias de facto) e modo geral interminável discussão!!!
abençoada a gaveta das peúgas quando oferece arma notória a quem se atreve, a certas horas, a entrar de carro no bulício da cidade
observações são bem vindas
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2 comentários:
Como é mesmo, António? Meia branca para ti, meia branca para mim? Mas se uma branca inteira às vezes não chega e tem de se ir buscar outra - ou de cor diferente - algures para total satisfação. Bem, é de deixar um homem a pensar. Sem reacção. É baixo e sovina falar em meia branca.
Lembra-me a história do indivíduo que pergunta ao outro: "O que pesa mais: meio frango vivo ou meio frango morto?" Sem pensar muito, o amigo, conhecedor de algibeiradas deste tipo, responde: "Pesam o mesmo." Aí o espertalhão atira-lhe: "Ah, ainda és daqueles que acreditam que há meios frangos vivos!"
Meia branca... É chapada de luva branca. Arruma de facto com qualquer indivíduo, António.
pois arruma!
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