2008-10-14

coração árabe

o Autor Adalberto Alves, poeta e ensaísta, estudioso e viajante incansável pelos vestígios da cultura e língua árabes no nosso País mas também pelas pontes de encontro dos povos ocidentais e orientais, das suas tradições, sensibilidades e religiões, foi laureado com o prémio Sharjah 2008 para a cultura árabe, atribuído pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

jametinhamdito que o nosso coração é árabe e oxalá o insígne arabista português prossiga a verdadeira viagem ao mundo das rosas que é a cooperação entre os povos, em especial no âmbito das relações luso-árabes e do seu dicionário, em curso de elaboração, de vocábulos portugueses de origem árabe



observacões são bem vindas

1 comentário:

Anónimo disse...

Adalberto Alves, presidente do Centro de Estudos Luso-Árabes, merece certamente o prémio da Unesco. Ele e Cláudio Torres, um excelente arqueólogo e, como Adalberto, um islamista, são possivelmente as pessoas que em Portugal mais se dedicam a estes temas. Foi sintomático para mim que estes estudos fossem tão raros. Portugal, seguindo a velha tradição católica cristã, exclusivista, sempre se preocupou em apagar rastos de outras civilizações. Já terei contado, aqui ou no azweblog, que fiquei boquiaberto quando em Rabat - lá onde a terra acaba e o mar começa - no planalto sagrado das mesquitas deparei com aquela que foi a maior mesquita do mundo muçulmano com as suas impressionantes ruínas espalhadas por uma vastíssima área. (Ainda hoje tenho uns slides do local.) Indaguei qual tinha sido o motivo da destruição daquela monumental mesquita, com as suas 365 colunas e um altíssimo minarete decepado quase pela base. Um terramoto, disseram-me. Perguntei quando fora. Em 1755. Exactamente o mesmo terramoto que afectara Lisboa. E os livros que eu lera, as aulas que tivera, nunca tinham mencionado uma linha sequer sobre aquela grandiosa mesquita! Não interessava, "eles" não eram dos nossos. Já foi há cerca de 40 anos que tive essa experiência. A partir daí, interessei-me muito mais, mesmo nos cursos de turismo que dava, pelos vestígios árabes em Portugal. Mértola é uma das terras principais, mas que dizer do vocabulário e da toponímia portuguesa? E dos costumes? Dos moinhos? Das ruínas de mesquitas que cá temos, soterradas como a dos claustros da Sé de Lisboa? Fiz para os meus alunos um pequeno vocabulário, que neste momento não sei onde pára mas que ainda existe, com palavras de origem árabe. Redigi-o em inglês (para que os guias-intérpretes tivessem mais informação para os turistas que eles conduzem).
Já agora, António, tenho cá em casa uma modesta mas interessante edição de um tal Frei João de Sousa intitulada "Vestígios da Língua Arábica em Portugal". Enquanto não sai o dicionário do Adalberto, se a quiser ver tenho todo o gosto em emprestá-la, ao mesmo tempo que lhe devolvo o livro sobre os últimos dias de Camões. Vale?
jmco