se há quem passe a vida a buzinar no trânsito, também os há bem ordeiros e delicados, de tal modo que precisam de incentivos educados para tanto atrevimento e ainda assim apenas em casos devidamente justificados
e se os há calminhos mesmo em caso de acidente, sem uma pestanejadela que seja, para não perturbar as manobras de socorro, não os há tão ponderados cá por latitudes mais mediterrânicas, em que estamos mais habituados a sinais de trânsito a (tentar) proibir a espontânea buzinadela por tudo e por nada
pelo sim, pelo não, se vir um escocês distraído ou desatento,
jametinhamdito que de quando em quando voltam a clamar pela independência mas com muita serenidade, pelo menos até ver, embora haja quem acredite que ainda nesta geração poderá ouvir: my name is Scotland, Independent Scotland
com os olhos postos no umbigo e nas carreiras partidárias ou políticas mais do que em Timor Leste, no Tibete, no Kosovo ou no País Basco, muitos governantes fazem tábua rasa do provérbio sobre os telhados de vidro e vão olimpicamente atirando pedras aos vizinhos - ou será apenas para obtenção de ganhos negociais no esplendoroso mercado chinês ?
observacões são bem-vindas
1 comentário:
Vejo que ainda se encontra a fazer a digestão da sua viagem à Escócia, tal como eu estou claramente ainda a digerir o meu tour de uma parte da Índia. A Escócia é um país muito interessante, com gente trabalhadora e hospitaleira. Estou convencido de que a fama dos escoceses forretas radica na faceta inglesa de gostarem de ridicularizar os vizinhos (Irlanda católica, Escócia, Holanda), até porque não são ou foram sociedades totalmente concordantes com a sua.
A Escócia tem boas condições para se tornar independente, como Sean O'Connery pretende. O seu petróleo offshore ajuda-a bastante. É interessante que os ingleses fizeram com a Escócia muito do que fizeram com Portugal; para além de tratar ambos como aliados de 2ª classe, a Inglaterra aproveitou-se, e bem, das artes locais para ganhar bom dinheiro com espirituosos: veja-se o caso do whisky escocês e dos vinhos do Porto e Madeira portugueses. Relativamente aos escoceses, os ingleses têm uma certa dor de cotovelo por Adam Smith ter nascido na Escócia e por Stuart Mill ter sido filho de pais escoceses e educado como tal. Terá sido por isso que a noção de economia é associada aos escoceses?
Quanto ao "Please sound horn", constitui uma solução obviamente pragmática, e os escoceses são gente pragmática. (Pessoalmente, gostei muito de ver à entrada de várias terras escocesas o letreiro "No tipping".)
E daqui salto para a Índia, onde os camiões trazem, na traseira da viatura, escritos do género: Blow horn!, Horn, please! e também Keep distance!
Por seu lado, os condutores indianos dizem-nos que para se conduzir bem um automóvel na Índia são necessárias três coisas: Good brakes, good horn, and good luck! Concordo inteiramente com eles.
Já agora, buzinar à noite nas ruas das cidades indianas é perfeitamente comum, assim como não é raro encontrar um ciclista na rua, em sentido contrário e sem luz. Outra coisa: todos os condutores que conheci conduzem à noite com os máximos acesos!
Mais do que plano, como alguns pretendem, o mundo é, antes de mais,relativo.
jmco
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