2007-01-29

Otana

com pompa e circunstância, o Ministro Máro Lino anunciou liturgicamente o modelo de privatização da ANA - Aeroportos de Portugal, S.A., a realizar conjuntamente com a adjudicação da construção e exploração do novo aeroporto, a implantar na Ota

a venda da ANA, através da transmissão maioria do respectivo capital representa, afirmou, a garantia da "atractividade dos capitais privados"

a par, também anunciou o aumento do montante total do investimento previsto e o alargamento do prazo de concessão, que era de 30 anos mas será ampliado

ou seja, mudança de pressupostos

aquilo que foi explicado publicamente já não é bem assim...

afinal, nem investimento nem concessão nem tráfego nem modelo serão os anteriormente anunciados

provavelmente, também não serão estas as condições finais, pois até ao lavar dos cestos é vindima

ainda subsiste o local, talvez o mais difícil de explicar, dadas as desvantagens óbvias decorrentes da distância, incómodo e previsíveis prejuízos que decorrerão do percurso a vencer para o principal destino dos passageiros e carga - Lisboa

curioso é o argumento da "atractividade dos capitais privados"...

os capitais privados ficarãp com o conjunto da gestão aeroportuária, talvez para não haver surpresas desagradáveis pós privatização, como tantas vezes sucedeu, assumindo-se claramente o Estado como estrito vendedor da banha da cobra pronto a alterar as regras a meio do jogo

é análogo à concessão das duas pontes, em Lisboa, no esquema financeiro da construção da nova ponte sobre o Tejo - aos privados foi assegurado que não há concorrência; há outros exemplos de concessões nestas circunstâncias, veremos se não são sempre os mesmos beneficiários, por sinal grandes paladinos do "mercado" que no entanto se dão tão mal com a existência de concorrência e a eliminam logo nos cadernos de encargos e contratos de concessão

é obra !

mas não é obra da mão invisível, é tudo ministerialmente conseguido à custa da intervenção do Estado!

e não são planos quinquenais, são concessões a 30 anos e mais !!!

jámetinhasdito, ó Ministro Mário Lino

veremos se não é mais um fogo fátuo da Gare Marítima de Alcântara, que em democracia já testemunhou vários fiascos quase tão megalómanos como os da utopia do Império

com projectos e artes de comunicação e imagem pagos a peso de ouro pelo erário público





observacoes sao bem vindas

2 comentários:

Anónimo disse...

Jametinhasdito que somos uns grandes otários ou, agora otarianos… Eu, que sou avesso a mudanças esquisitas, além de não perceber a lógica da concorrência entre a OTANA e a o OTANA, continuo sem perceber porquê OTA…
Bem lido o estudo do ADP (Aeroportos de Paris) percebe-se, eles deixam-no muito claro, que a Ota é a pior das localizações: muito pior e muito mais cara do que Rio Frio, que ainda deixaram estudar em duas versões, dificilmente certificável c/ 2 pistas e sem capacidade de expansão sem se arrasar a Serra da Estrela para fazer a plataforma… Concluem dizendo que, estando vedada a opção por qualquer das alternativas Rio Frio… serve… mal, mas serve… aí por uns 20 anos, no máximo… depois logo se vê…
E, sendo burro como os que o são, não percebo:
- qual a vantagem ambiental que pode resultar da movimentação de milhões de inertes para material de aterro,
- nem o impedimento da zona de Rio Frio,
- e, muito menos, embora abandonado há anos, a recusa da solução Montijo-Alcochete (é verdade que esta solução pode ser ambientalmente incompatível, ou pelo menos prejudicial, com o passeio de fardas militares mas é, reconhecidamente a melhor solução económica – até as expropriações já são do tempo do Santos Costa – e aeronáutica). Aliás, economicamente 3 vezes: mais próxima de Lisboa, com uma única entrada de TGV em Lisboa (menos 1000 Milhões nas contas baixas que vão sendo referidas…)  e sem os prejuízos alegados pela gente do Norte… se vêm apanhar o avião ao Montijo, é uma hora de TGV, se este não vier a ser, como o Alfa, um CVB (comboio de velocidade baixa). Os franceses, burros como são, vão aumentar a velocidade do TGV deles para continuar a ganhar ao avião de centro a centro de cidade até 1000 Km…
A opção da Ota é muito vantajosa, apenas, para Beja (se não continuar enleada em eleições e destituições de administradores…) e para Cuidad Real, cujas pistas já vão tomando forma, numa plataforma que comporta até 6!!! (duas estão quase concluídas e não caem do aterro, como acontecerá à segunda da Ota…
Abraço,
M.

Anónimo disse...

Apreciei post e comentário bem informados, com os quais na generalidade concordo.