2006-11-17

gastação

era início de Novembro e estava a Av. da Liberdade em sessão de embelezamento natalício, com esferas a frutificar nas árvores, algumas das quais azuis, bem promissoras...

parecia cedo para a iluminação de Natal e tarde para a antecipação de Santana Lopes, o "Estável", longe que vão os tempos da iluminação natalícia a rodos logo no início de Outubro

depois chegou a notícia: por razões de contenção, as luzes acendem apenas duas semanas mais tarde que o previsto, a 25 de Novembro

ainda assim, um mês para alegrar a cidade, animar o comércio e iluminar os munícipes

entretanto, Eduardo Prado Coelho acolheu o tema no "Fio do Horizonte", inquieto com as despesas ainda assim excessivas em época de crise - debatia-se o Orçamento do Estado por esses dias e invocava-se a dificuldade financeira que a Câmara causou ao Município de Lisboa

pareceu estranho, quase merecia um jametinhasdto de júbilo!

pelo raro e oportuno acerto de sensatez tanto como pelo inusitado lampejo de económica racionalidade vindo de quem de esquerda política, literária e cultural !!!

é claro que estabelecimentos há que já iluminam tudo al redor para captar fidúcia ao freguês, es la vida - mas aí o caso é privado, o investidor assume o investimento, o risco e a despesa inicial, embora no final o Cliente acabe por pagar, na despesa que faz, a despesa da luz do Natal

nas Avenidas e na Baixa a conversa é bem outra, pagamos nós a investidura da Câmara no alento dos comerciantes, no embelezamento da urbe e no extasiar dos transeuntes

ora, vem hoje à luz que a Câmara de Lisboa já contabiliza mil milhões de euros de encargos financeiros, dos quais duzentos milhões em dívida de curto prazo, tudo sujeito a juros, portanto

espera-se um especial esforço de contenção

há bem pouco tempo uma carta ao director de um jornal diário falava na falta de verba que foi invocada oficialmente para não se avançar com um projecto de edições de obras da literatura portuguesa, desperdiçando-se importantes apoios de fundações americanas; e citava António Hespanha que perante o mesmo tipo de cortes recorria ao argumento de comparação com a despesa em efémeros fogos de artifício

apesar da agradável sensação que os espectáculos de fogos de artifício proporcionam, a crescidos e graúdos, a evocação deixa um nó na garganta: em tempo de contenção alto e pára o baile, o foguetório fica para depois, quando houver excedente ou suficiente margem de manobra para folias, satisfeitas que estejam as obrigações fundamentais do Estado e da Autarquia, sem prejuízo algum para projectos prioritários

se a hora é de poupar, a Câmara tem que dar o exemplo e não gastar o que tem e o que não tem

e é bom que alguém veja claro por entre as zangas de comadres com que nos empoeiram os olhos

poupe-se na artificial mas... haja luz !!!


observacoes sao bem vindas

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