mas por falar em contemplação, há quem entenda do assunto com a elevação e a espiritualidade de um ano renovado em cada dia
há dias, a crónica de Faíza Hayat versava sobre como renascemos nas árvores que nos rodeiam; do tremendo abraço de árvore tratava também o magistral e místico "A um deus desconhecido", de John Steinback; outros artistas, poetas, pintores, a consagraram como elemento salvífico e vivificador, a modos que divino, telúrico e mágico...
desde que o mundo é mundo, sempre os humanos - e não só - alimentaram e alimentaram-se do fascínio prodigioso, do encantamento e do sagrado que há na árvore, na sua força, quietude e pulsão, enraizada à nutrição da terra, que por sua vez sustenta em cooperativa alquimia
contemplação, então:
«Cada árvore é um ser para nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses»
António Ramos Rosa
In edição in-líbris, ilustrada por fotografias de Paulo Gaspar Ferreira e por um CD de sons gravados em Belgais com a participação de Pedro Piquero Ferreras e o Rebanho da Catarina
observacões são bem-vindas