com os dados divulgados pelo Ministério da Educação, cada qual pode fazer o seu próprio ranking das escolas e os jornais correm para as parangonas e as vendas, mas também para trabalhos mais ou menos aprofundados, mostrando e tentando demonstrar
há sempre ilações a retirar, por vezes ao abrigo de cuidadas reservas pois nem sempre o que parece é e a evolução trai muitas conclusões precipitadas
mas há que analisar, do elementar para o refinado
sabe-se que a qualidade/falta de qualidade de uma escola não tem o poder de contrariar o ambiente mais ou menos favorável de um estudante ou de um conjunto de alunos em relação às condições efectivas de acesso à educação e à progressão no sistema de ensino
ainda assim, é forçoso reparar em alguns elementos de distribuição geográfica: recorrendo à lista de "10 mais" e "10 menos" publicada pelo Diário de Notícias, verifica-se que nas melhores estão 6 escolas de Lisboa, 2 do Porto, 1 de Cascais e outra de Coimbra; as piores escolas são da Beira Interior, do Alentejo Interior, dos Açores, da Guiné, de Angola e, talvez não por acaso, 2 do Porto
é claro que olhar só para as "mais" e as "menos" apenas permite ver casos limite, o que impede conclusões seguras mas talvez possa indiciar tendências - fica no entanto a ressalva de que se deixa por analisar a maioria das escolas e os diversos casos em que poderiam talvez extrair-se apreciações mais relevantes
e a tendência, com as devidas ressalvas, confirma a regra geral de maior influência do ambiente socio-económico sobre os resultados escolares dos alunos do que a hipotética situação individual das escolas
talvez a análise bairro a bairro não trouxesse grandes novidades quanto à relação entre a localização e os resultados
há contudo um aspecto a considerar: em muitas das melhores escolas, sobretudo nos colégios particulares (incluindo cooperativos, mas quase sempre pertencentes a proprietários privados e não aos pais dos alunos) mas não só, os estudantes não são exclusivamente habitantes do bairro onde se localiza a escola - os pais escolhem a escola (havendo vaga e por vezes com antecedência considerável) e asseguram os meios necessários para as deslocações
já no ensino público a regra (com excepções) é a da afinidade residencial, quer por imposição regulamentar e burocrática, quer pela exiguidade de meios de deslocação que impõe a frequência da escola circum-vizinha, como aliás é mais racional
e assim o ranking vem mostrar à luz do dia as diferenças do estatuto socio-económico que os meios públicos e a política não conseguem superar
observacões são bem vindas
2007-10-29
2007-10-28
bons ares
o Ditos dá as boas vindas a um magnífico fotoblog, de seu nome 'fotografares', de muito preço e boa respiração !
à socapa e em genuina prova de estima, surripia-lhe a primeira gaivota, na gusma de outras mais !!
que as há !!!
observacões são bem vindas
2007-10-26
há Sexta
estreia hoje um semanário gratuito: O Mundo à Sexta
ancorado em dois jornais de referência, o Público e a Bola
segundo um responsável, o Sexta antecipa e projecta a realidade
enfim, comum a tantosperiódicos, diários e semanais, pagos, gratuitos ou assim assim (subsidiados) os jornais já quase não trazem notícias
alguns ainda insistem, como o Correio da Manhã ou o (cada vez mais parecido mas ainda assim…) Diário de Notícias
mas as notícias sabem-se logo de manhã e durante o dia pela rádio, televisão e Internet
os jornais ficam-se então pela análise, comentário e, quando assim é, pela investigação
e são trunfos de monta!
justificam a competição acesa pelo mercado de publicidade, em que também concorrem as revistas, aliás uma verdadeira miríade, sob qualquer ou nenhum pretexto
no primeiro editorial, o Director, João Bonzinho, jametinhadito que o Sexta fará a diferença por olhar para onde os outros olham menos e por ser mais criativo que descritivo, procurando um desequilíbrio dos textos grandes em favor de grandes textos
se assim for pode ser uma boa notícia
sobretudo para quem gosta de ler
boa sorte, à Sexta!!
PS – a página do Sexta para navegação na Internet é espectacular!!!
observacões são bem vindas
ancorado em dois jornais de referência, o Público e a Bola
segundo um responsável, o Sexta antecipa e projecta a realidade
enfim, comum a tantosperiódicos, diários e semanais, pagos, gratuitos ou assim assim (subsidiados) os jornais já quase não trazem notícias
alguns ainda insistem, como o Correio da Manhã ou o (cada vez mais parecido mas ainda assim…) Diário de Notícias
mas as notícias sabem-se logo de manhã e durante o dia pela rádio, televisão e Internet
os jornais ficam-se então pela análise, comentário e, quando assim é, pela investigação
e são trunfos de monta!
justificam a competição acesa pelo mercado de publicidade, em que também concorrem as revistas, aliás uma verdadeira miríade, sob qualquer ou nenhum pretexto
no primeiro editorial, o Director, João Bonzinho, jametinhadito que o Sexta fará a diferença por olhar para onde os outros olham menos e por ser mais criativo que descritivo, procurando um desequilíbrio dos textos grandes em favor de grandes textos
se assim for pode ser uma boa notícia
sobretudo para quem gosta de ler
boa sorte, à Sexta!!
PS – a página do Sexta para navegação na Internet é espectacular!!!
observacões são bem vindas
2007-10-25
2007-10-22
cheque à matemática
Há mais algumas escolas no País que seguem o método. É sempre bom que o assunto seja noticiado, pois em tempos de resistência e muitos constrangimentos à aprendizagem todos os incentivos são bem vindos, sobretudo se constituídos por exemplos práticos e eficazes.
Faltar dize que há países em que o método é generalizado no ensino.
Por ora, fica a transcrição do 'Público' (post in progress)
Escola da Parede apostou no xadrez para melhorar os resultados
22.10.2007, Isabel Leiria
Na Escola 31 de Janeiro, o xadrez é uma disciplina como todas as outras, de frequência obrigatória e com direito a programa e avaliação. Os resultados são positivos
A aula é de Matemática, só que no quadro branco não estão algarismos, nem contas, mas um enorme tabuleiro de xadrez colado e algumas peças. Perante duas dezenas de alunos do 2.º ano, o professor Vítor Guerra faz a revisão da matéria dada na semana anterior. Como se pode mover o bispo, o cavalo e a torre? Pergunta quem quer ir mostrar e são vinte braços espetados no ar, acompanhados de muitas vozes a pedir: "Eu! Eu! Eu!"
Vítor Guerra, responsável pelo ensino de xadrez na Escola 31 de Janeiro, num projecto que faz pioneiro no país este quase centenário colégio na Parede, tenta convencer os alunos a trocar um peão por um bispo ou um cavalo por uma rainha. Fazem-se as contas aos pontos de cada peça e exercita-se o cálculo. De boca aberta e olhos arregalados, a turma assiste à negociação entre Vítor e Daniela. O professor quer o rei que a aluna tem e oferece um cavalo e uma dama. Duas. Três. A cada proposta sobem de tom os conselhos dos colegas: "Não aceites, não aceites!", como se tentassem evitar uma tragédia. Entre jogadas e peças comidas, a hora passa rapidamente e os alunos regressam à sua sala habitual."Gosto mais destas aulas porque nas outras aprende-se no caderno e aqui aprende-se a jogar. É divertido, tem muitas peças que parecem pessoas", diz Tomás, sete anos.Raciocínio e saber perderHá quatro anos que o xadrez faz parte do currículo do ensino básico (no 1.º ciclo integra a componente da Matemática) e todos os quase 400 alunos da Escola 31 de Janeiro, do 2.º ao 9.º, têm obrigatoriamente de frequentar esta disciplina. É aliás uma actividade levada tão a sério que tem programa - da posição inicial das peças à técnica do mate com 2 cavalos aprendida no último ano - e é sujeita a avaliação. "Há seis, sete anos começámos a sentir que havia alguns problemas com a Matemática. Por outro lado, notávamos que os alunos davam muitas opiniões mas eram incapazes de argumentar. Não conseguiam construir um caminho para chegar a uma conclusão. Sabíamos de experiências do uso do xadrez em escolas lá fora e decidimos avançar", explica Vítor Rodrigues, director da escola. E ao fim de quatro anos, Vítor Rodrigues não tem dúvidas de que já se notam melhorias, sobretudo entre os alunos que já praticam há mais tempo. "Avançou-se muito ao nível do pensamento lógico, da argumentação. E por causa dos jogos e dos torneios, os miúdos habituam-se a saber ganhar e a saber perder."Formado em Matemática, jogador profissional, árbitro e professor de xadrez, Vítor Guerra é o responsável por este projecto - este ano iniciou-se num outro colégio em Sintra - praticamente desde o início. "Há estudos que indicam que, com a prática do xadrez, há um implemento de 12 a 15 por cento na melhoria dos resultados escolares. Sobretudo entre os que praticam com regularidade e se preparam para os torneios."Na turma que se segue, do 4.º ano, Vítor Guerra já identificou os dois alunos que gostaria que tivessem uma preparação especial. É que para além da hora semanal frequentada por todos, há cerca de 80 que, por demonstrarem grande interesse ou apetência, têm aulas de apoio à competição, em horário pós-lectivo. Inês, 9 anos, é uma delas. Aprendeu a jogar com o avô, continuou a praticar na escola e agora garante que já lhe ganha. "Gosto de jogar porque se pode fazer truques em que as peças ficam encurraladas e comer", explica. De resto, já são visíveis frutos do investimento feito e uma equipa do escalão menores de 10 anos venceu este ano o torneio mundial de escolas, na República Checa. Para muitos, o xadrez tornou-se mais do que uma disciplina e não é raro encontrar alunos a jogar nos intervalos, nos pátios e corredores da escola.Dentro da sala, a prática também é levada a sério. Frente a frente, 26 alunos do 4.º ano protagonizam 13 jogos em simultâneo, como se de um torneio se tratasse. Há uma folha de registo das jogadas para cada um e na mesa só há lugar para o tabuleiro, o lápis, a borracha e o afia. "Estão prontos? Silêncio. Cumprimentem-se [neste momento todos apertam a mão ao seu "adversário"]. Podem começar", indica o professor. Ouve-se pouquíssimo barulho na sala, mas Tomás tem dificuldade em concentrar-se e pede a Vítor que faça os colegas falar mais baixo. "A partir de três, quatro anos de experiência, estes alunos já têm uma grande capacidade de concentração e conseguem ficar três horas a jogar", explica. E a ideia é começar ainda mais cedo, diz Vítor Rodrigues. "Dentro de dois anos esperamos começar com o xadrez como matéria obrigatória logo a partir do 1.º ano. Mas isto implica mudanças na aprendizagem ao nível do pré-escolar."E se no início as famílias estranharam, "agora procuram-nos por causa do xadrez", afirma o director.
observacões são bem vindas
Faltar dize que há países em que o método é generalizado no ensino.
Por ora, fica a transcrição do 'Público' (post in progress)
Escola da Parede apostou no xadrez para melhorar os resultados
22.10.2007, Isabel Leiria
Na Escola 31 de Janeiro, o xadrez é uma disciplina como todas as outras, de frequência obrigatória e com direito a programa e avaliação. Os resultados são positivos
A aula é de Matemática, só que no quadro branco não estão algarismos, nem contas, mas um enorme tabuleiro de xadrez colado e algumas peças. Perante duas dezenas de alunos do 2.º ano, o professor Vítor Guerra faz a revisão da matéria dada na semana anterior. Como se pode mover o bispo, o cavalo e a torre? Pergunta quem quer ir mostrar e são vinte braços espetados no ar, acompanhados de muitas vozes a pedir: "Eu! Eu! Eu!"
Vítor Guerra, responsável pelo ensino de xadrez na Escola 31 de Janeiro, num projecto que faz pioneiro no país este quase centenário colégio na Parede, tenta convencer os alunos a trocar um peão por um bispo ou um cavalo por uma rainha. Fazem-se as contas aos pontos de cada peça e exercita-se o cálculo. De boca aberta e olhos arregalados, a turma assiste à negociação entre Vítor e Daniela. O professor quer o rei que a aluna tem e oferece um cavalo e uma dama. Duas. Três. A cada proposta sobem de tom os conselhos dos colegas: "Não aceites, não aceites!", como se tentassem evitar uma tragédia. Entre jogadas e peças comidas, a hora passa rapidamente e os alunos regressam à sua sala habitual."Gosto mais destas aulas porque nas outras aprende-se no caderno e aqui aprende-se a jogar. É divertido, tem muitas peças que parecem pessoas", diz Tomás, sete anos.Raciocínio e saber perderHá quatro anos que o xadrez faz parte do currículo do ensino básico (no 1.º ciclo integra a componente da Matemática) e todos os quase 400 alunos da Escola 31 de Janeiro, do 2.º ao 9.º, têm obrigatoriamente de frequentar esta disciplina. É aliás uma actividade levada tão a sério que tem programa - da posição inicial das peças à técnica do mate com 2 cavalos aprendida no último ano - e é sujeita a avaliação. "Há seis, sete anos começámos a sentir que havia alguns problemas com a Matemática. Por outro lado, notávamos que os alunos davam muitas opiniões mas eram incapazes de argumentar. Não conseguiam construir um caminho para chegar a uma conclusão. Sabíamos de experiências do uso do xadrez em escolas lá fora e decidimos avançar", explica Vítor Rodrigues, director da escola. E ao fim de quatro anos, Vítor Rodrigues não tem dúvidas de que já se notam melhorias, sobretudo entre os alunos que já praticam há mais tempo. "Avançou-se muito ao nível do pensamento lógico, da argumentação. E por causa dos jogos e dos torneios, os miúdos habituam-se a saber ganhar e a saber perder."Formado em Matemática, jogador profissional, árbitro e professor de xadrez, Vítor Guerra é o responsável por este projecto - este ano iniciou-se num outro colégio em Sintra - praticamente desde o início. "Há estudos que indicam que, com a prática do xadrez, há um implemento de 12 a 15 por cento na melhoria dos resultados escolares. Sobretudo entre os que praticam com regularidade e se preparam para os torneios."Na turma que se segue, do 4.º ano, Vítor Guerra já identificou os dois alunos que gostaria que tivessem uma preparação especial. É que para além da hora semanal frequentada por todos, há cerca de 80 que, por demonstrarem grande interesse ou apetência, têm aulas de apoio à competição, em horário pós-lectivo. Inês, 9 anos, é uma delas. Aprendeu a jogar com o avô, continuou a praticar na escola e agora garante que já lhe ganha. "Gosto de jogar porque se pode fazer truques em que as peças ficam encurraladas e comer", explica. De resto, já são visíveis frutos do investimento feito e uma equipa do escalão menores de 10 anos venceu este ano o torneio mundial de escolas, na República Checa. Para muitos, o xadrez tornou-se mais do que uma disciplina e não é raro encontrar alunos a jogar nos intervalos, nos pátios e corredores da escola.Dentro da sala, a prática também é levada a sério. Frente a frente, 26 alunos do 4.º ano protagonizam 13 jogos em simultâneo, como se de um torneio se tratasse. Há uma folha de registo das jogadas para cada um e na mesa só há lugar para o tabuleiro, o lápis, a borracha e o afia. "Estão prontos? Silêncio. Cumprimentem-se [neste momento todos apertam a mão ao seu "adversário"]. Podem começar", indica o professor. Ouve-se pouquíssimo barulho na sala, mas Tomás tem dificuldade em concentrar-se e pede a Vítor que faça os colegas falar mais baixo. "A partir de três, quatro anos de experiência, estes alunos já têm uma grande capacidade de concentração e conseguem ficar três horas a jogar", explica. E a ideia é começar ainda mais cedo, diz Vítor Rodrigues. "Dentro de dois anos esperamos começar com o xadrez como matéria obrigatória logo a partir do 1.º ano. Mas isto implica mudanças na aprendizagem ao nível do pré-escolar."E se no início as famílias estranharam, "agora procuram-nos por causa do xadrez", afirma o director.
observacões são bem vindas
2007-10-15
Luz boa
vai ameno o Outono, os dias têm corrido luzidios e isto não dura sempre...
há, pois, que registar a devida homenagem ao benfazejo e prazenteiro clima que nos tem amenizado a estação, na primeira metade de Outubro!
com os dias claros, a luz tem azulejado os céus e favorecido Lisboa com a claridade tão especial que a distingue
no horizonte, o sol continua a aquecer o oriente - pelas manhãzinhas, a cada dia mais tarde, é certo, mas elevando-se para uma dura prova de fogo de quem está fechado em fábricas, comércios, escritórios ... e para gáudio de quem espreita a rua ou, mais feliz ainda, se percorre jardins e praças, em caminhos de cidade que chegam a parecer tão bucólicos como os que vemos fora de portas ou nos relatam de outros lugares - e a entardecer afogueado a ocidente, em acobreados quase de fantasia, irreais de tanto privilégio
mais próximo das gentes, outros espectáculos são assegurados pela floração sempre inesperada de algumas espécies, em contraposição sinfónica visual com o amarelecimento das folhas, aliás algo interrompido pelo andar soalheiro do Outono que sustém o ouro nos céus e no horizonte, enquanto não nos amareleja ruas, praças e jardins
é o caso das corízias de que o exemplar acima dá boa imagem, ilustração gentilmente emprestadada ao Ditos na sequência de inspirador post do activo AZblog
outro bem haja !
observacões são bem vindas
2007-10-12
2007-10-03
obviar à razão
o Sr. Director da Polícia Judiciária exarou a cessacção da comissão de serviço de um Sr. Inspector destacado no Algarve para ivestigar o desaparecimento de uma criança
interpelado, comunicou que tomou tal atitude por "razões óbvias" ...
razões óbvias ?
jametinhasdito!
venham de lá as razões e bem explicadas
para se saber e para legitimar a decisão
mas também para a poder sindicar
eis o racional democrático da obrigação de fundamentação dos actos da administração pública
era o que faltava se qualquer funcionário público se abstivesse de justificar as respectivas decisões, com efeitos na esfera do erário público, recorrendo a uma fórmula vazia e alheada do interesse dos cidadãos em geral e dos interessados no processo em particular
Humebrto Delgado proclamou celebremente um distinto "obviamente, demito-o" dirigido ao afastamento de Salazar em caso de vitória da democracia por via eleitoral - o que não sucedeu por fraude do ditador
mas esse "obviamente" tem natureza política e justifica-se inteiramente no campo da disputa eleitoral, sobretudo onde a censura obrigava ao recurso a subentendidos e meias palavras, sob pena de corte por acção de zelosos revisores do lápis azul
naturalmente, se Delgado tivesse ganho, a óbvia demissão do apegado Presidente do Conselho teria que ser fundamentada
desde logo em norma habilitante, de onde provém a indispensável competência para o acto
e depois pela indicação da razão de ser da decisão, a menos que coubesse dentro da margem de arbítrio - que não de arbitrariedade - que a lei ou a Constituição conferem a certos actos políticos - mas não aos actos de administração, como é o caso da nomeação ou desnomeação de um funcionário em determinada comissão de serviço
há dias, Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros, também invocou "razões óbvias" para justificar a decisão do Governo não receber o Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano
trata-se igualmente de uma fuga à explicação, decerto controversa, inteiramente imputável a patente manobra de cinismo político muito ususal, aliás, no campo das relações políticas internacionais, como é precisamente o caso uma vez que o dito mal recebido também se apresenta como líder da resistência tibetana à ocupação chinesa e Portugal desempenha actualmente a presidência da União Europeia
mas essa gincana ministerial cabe dentro do arbítrio admitido aos políticos, que são julgados por via eleitoral e da opinião pública, uma vez sujeitos à crítica da oposição, dos grupos de interesse em presença, da comunicação social e dos cidadãos em geral ou mesmo da acção moderadora de outros órgãos de poder, através do sistema democrático de balanços e contrapesos - e Jaime Gama, na qualidade de segunda figura do Estado que decorre das funções de Presidente da Assembleia da República, recebeu o Dalai Lama !
ou seja, aos políticos fica mal recorrerem à fórmula vazia para descartarem o inconveniente de uma justificação ou da falta dela
mas podem agir assim, submetidos que estão ao crivo da popularidade, da opinião de adversários ou comentadores e do voto de cada um nas eleições seguintes
já aos agentes administrativos do Estado, Regiões ou Autarquias é inconcebível semelhante comportamento, sob pena de ilegalidade, desresponsabilização e perpetuação da mediocridade
é que as razões óbvias podem não ser assim tão óbvias
e podem até não ser sequer razões
se o fossem, a explicação seria natural, espontânea e acessível à livre interpretação de todos
com a explicitação das razões, o demitido poderá defender-se, justificar-se ou aprender em caso de erro
e faltará sempre a pedagogia pois os funcionários vindouros que o substituírem no cargo terão balizado o comportamento e o desempenho que se espera e exige, o mesmo se aplicando a agentes com idênticas funções ou sujeitos a exigências análogas
caso não apareçam as explicações e as razões, óbvias ou não, a suspeição recai sobre o decisor e ficam por julgar, à falta de elementos de apreciação, o desempenho ou os resultados que deveriam estar sob exame crítico
e sem crítica informada e livre não há cidadania nem Estado de Direito
observacões são bem vindas
interpelado, comunicou que tomou tal atitude por "razões óbvias" ...
razões óbvias ?
jametinhasdito!
venham de lá as razões e bem explicadas
para se saber e para legitimar a decisão
mas também para a poder sindicar
eis o racional democrático da obrigação de fundamentação dos actos da administração pública
era o que faltava se qualquer funcionário público se abstivesse de justificar as respectivas decisões, com efeitos na esfera do erário público, recorrendo a uma fórmula vazia e alheada do interesse dos cidadãos em geral e dos interessados no processo em particular
Humebrto Delgado proclamou celebremente um distinto "obviamente, demito-o" dirigido ao afastamento de Salazar em caso de vitória da democracia por via eleitoral - o que não sucedeu por fraude do ditador
mas esse "obviamente" tem natureza política e justifica-se inteiramente no campo da disputa eleitoral, sobretudo onde a censura obrigava ao recurso a subentendidos e meias palavras, sob pena de corte por acção de zelosos revisores do lápis azul
naturalmente, se Delgado tivesse ganho, a óbvia demissão do apegado Presidente do Conselho teria que ser fundamentada
desde logo em norma habilitante, de onde provém a indispensável competência para o acto
e depois pela indicação da razão de ser da decisão, a menos que coubesse dentro da margem de arbítrio - que não de arbitrariedade - que a lei ou a Constituição conferem a certos actos políticos - mas não aos actos de administração, como é o caso da nomeação ou desnomeação de um funcionário em determinada comissão de serviço
há dias, Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros, também invocou "razões óbvias" para justificar a decisão do Governo não receber o Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano
trata-se igualmente de uma fuga à explicação, decerto controversa, inteiramente imputável a patente manobra de cinismo político muito ususal, aliás, no campo das relações políticas internacionais, como é precisamente o caso uma vez que o dito mal recebido também se apresenta como líder da resistência tibetana à ocupação chinesa e Portugal desempenha actualmente a presidência da União Europeia
mas essa gincana ministerial cabe dentro do arbítrio admitido aos políticos, que são julgados por via eleitoral e da opinião pública, uma vez sujeitos à crítica da oposição, dos grupos de interesse em presença, da comunicação social e dos cidadãos em geral ou mesmo da acção moderadora de outros órgãos de poder, através do sistema democrático de balanços e contrapesos - e Jaime Gama, na qualidade de segunda figura do Estado que decorre das funções de Presidente da Assembleia da República, recebeu o Dalai Lama !
ou seja, aos políticos fica mal recorrerem à fórmula vazia para descartarem o inconveniente de uma justificação ou da falta dela
mas podem agir assim, submetidos que estão ao crivo da popularidade, da opinião de adversários ou comentadores e do voto de cada um nas eleições seguintes
já aos agentes administrativos do Estado, Regiões ou Autarquias é inconcebível semelhante comportamento, sob pena de ilegalidade, desresponsabilização e perpetuação da mediocridade
é que as razões óbvias podem não ser assim tão óbvias
e podem até não ser sequer razões
se o fossem, a explicação seria natural, espontânea e acessível à livre interpretação de todos
com a explicitação das razões, o demitido poderá defender-se, justificar-se ou aprender em caso de erro
e faltará sempre a pedagogia pois os funcionários vindouros que o substituírem no cargo terão balizado o comportamento e o desempenho que se espera e exige, o mesmo se aplicando a agentes com idênticas funções ou sujeitos a exigências análogas
caso não apareçam as explicações e as razões, óbvias ou não, a suspeição recai sobre o decisor e ficam por julgar, à falta de elementos de apreciação, o desempenho ou os resultados que deveriam estar sob exame crítico
e sem crítica informada e livre não há cidadania nem Estado de Direito
observacões são bem vindas
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