2006-07-21
2006-07-13
o contador de gaivotas
(Donde sopra esta brisa assim e quente que me segreda aos ouvidos?)
Ofício difícil, este de vaguear pela praia.
Aceitei uma vaga azul,
a sul
do paralelo de Mú.
Faço-o com empenho,
mas não é fácil.
Sem horários,
o tempo é tecido nas marés,
pela dança do sol com a lua.
O recenseamento das gaivotas
é registado com rigor no quadro da areia da praia.
Mas isso tem os seus preceitos e não pode ser em qualquer sítio.
Tem que ser naquela zona onde o mar vem ler.
Desconheço o que acontece depois,
mas seguramente o mar guardará tudo na memória
em água e sal
para eterna conservação.
Tenho ainda outra missão
e dela só posso falar muito genericamente
por causa do segredo profissional.
Guardo pares de pegadas
deixadas ali muito paralelamente
na areia molhada de quando a maré se agacha.
A seguir o mar, na sua regularidade, recolhe-as e, depois de tratada a informação, permite a leitura aos interessados.
É por isso que os amantes procuram a beira-mar,
sobretudo naquela hora mágica que antecede o crepúsculo.
E quando dizem “amo-te” é porque se asseguraram
que isso está escrito lá ao fundo,
na horizontal do mar,
só para quem sabe ler na água.
Gregório Salvaterra, contador de gaivotas e poeta público
(transcrito de "Mar Algarvio", Maio 2006, CCDRAlgarve e Município de Portimão
observacoes sao bem vindas
Ofício difícil, este de vaguear pela praia.
Aceitei uma vaga azul,
a sul
do paralelo de Mú.
Faço-o com empenho,
mas não é fácil.
Sem horários,
o tempo é tecido nas marés,
pela dança do sol com a lua.
O recenseamento das gaivotas
é registado com rigor no quadro da areia da praia.
Mas isso tem os seus preceitos e não pode ser em qualquer sítio.
Tem que ser naquela zona onde o mar vem ler.
Desconheço o que acontece depois,
mas seguramente o mar guardará tudo na memória
em água e sal
para eterna conservação.
Tenho ainda outra missão
e dela só posso falar muito genericamente
por causa do segredo profissional.
Guardo pares de pegadas
deixadas ali muito paralelamente
na areia molhada de quando a maré se agacha.
A seguir o mar, na sua regularidade, recolhe-as e, depois de tratada a informação, permite a leitura aos interessados.
É por isso que os amantes procuram a beira-mar,
sobretudo naquela hora mágica que antecede o crepúsculo.
E quando dizem “amo-te” é porque se asseguraram
que isso está escrito lá ao fundo,
na horizontal do mar,
só para quem sabe ler na água.
Gregório Salvaterra, contador de gaivotas e poeta público
(transcrito de "Mar Algarvio", Maio 2006, CCDRAlgarve e Município de Portimão
observacoes sao bem vindas
2006-07-05
intromissão
hoje as equipas de Portugal e França disputarão um lugar na final do campeonato mundial de futebol
ao certo, uma defrontará a Itália, já apurada, e a outra encontrará a Alemanha, candidata ao 3º lugar caseiro
se fosse a brincadeira "descubra o erro", a solução era facílima: Portugal raramente vai à fase final seja do que for, apesar de nem estarmos mal representados pelo futebol, francamente acima da média das nossas possibilidades num ror de modalidades desportivas
pior, bem acima da média de muitas modalidades económicas, políticas, educativas, culturais e de desenvolvimento social e humano em geral
talvez por isso e porque a massa humana é feita muito de emoções, os adeptos estão entusiasmados e muitos cidadãos tornaram-se adeptos durante a fase mais intensa do campeonato do mundo
e como se vê na imagem, a competição pode restringir-se ao terreno de jogo, ficando a rua para a expressão de desportivismo alegre e salutar, como é de boa vizinhança entre países com muitos lações fraternos
o desemprego, os azares da vida, o desalento, tudo pode esperar, adiando a má onda enquanto se aproveita a onda festiva
sim, porque haver uma onda de expectativa é já bom motivo de festa !
e por falar em festa, talvez o factor decisivo possa resultar de um alento especial com que os franceses não poderão contar - os industriais de ovos moles apoiam a selecção portuguesa, com a conta, peso e medida de uma receita doce de Aveiro, de onde também há boas notícias
oxalá esta receita supere a poção de Asterix, Obelix e Zidanix
assim os nossos Figolo, Ricardo Mãos de Aço e Cristiano Sem Pavor, provem a doce receita da vitória por que todos esperamos
já agora que nos intrometemos no campeonato dos grandes, era lindo trazer-lhes a taça para não serem sempre os mesmos a ganhar!
querem a taça ? jametinhasdito !!
a taça é nossa !!!
observacoes sao bem vindas
PS - o Ditos cumpriu o segundo centenário, de aqui fica discreto sinal; mas diz o ditado que "ao ano andante, aos dois falante", será que é melhor estudar como é que se põe audio nisto ? aceitam-se dicas e obrigado, por tudo !
abortar a lei
o Tribunal de Aveiro reapreciou um processo em que eram acusados 17 arguidos, anteriormente absolvidos por falta de provas incriminatórias, uma vez que certos exames médicos acusatórios haviam sido considerados realizados sob irregularidade processual
com a atribuição, pela Relação de Coimbra, de valor probatório aos ditos exames, ginecológicos, o novo julgamento divergiu do primeiro e condenou 5 dos arguidos: o médico responsável pela clínica, a técnica de saúde e 3 das mulheres que abortaram
haverá certamente recursos por parte da defesa e muitos julgamentos no passado concluiram pela absolvição de mulheres que abortaram, tendo ainda havido um indulto presidencial no mandato de Jorge Sampaio
mas ficam a doer muitas perguntas: só as mulheres são condenadas ? estarão sozinhas no assunto ? protegem os seus maridos e companheiros ?
jametinhasdito!
já a intervenção pública da Ordem dos Médicos contém elementos positivos, questionando o papel atribuído à lei e às punições para resolver algo que pertence à esfera dos valores, apelando à reflexão da sociedade
quanto ao médico, se bem que talvez para as aparências, o corporativismo promete acrescentar mais uma punição - disciplinar - assim receitando a eliminação da coerência...
também estranhamente, a Ordem dos Médicos não se pronuncia sobre o problema de saúde pública que alegadamente subsiste em Portugal, sem que se conheça desmentido oficial
então há diagnóstico mas não há terapia ?
jametinhasdito!!
se houver consciência e bom senso, alguém ficará a remoer a abstenção ao referendo de 1998
mas mais ainda quem caíu na armadilha do referendo
e de alguma forma todos quantos se deixaram enredar na inércia desde pelo menos 1974 - subsiste na lei portuguesa a condenação discriminatória e vexatória da mulher por ser mulher, o que deveria pura e simplesmente ter acabado no 25 de Abril, deveria decorrer da Constituição e deveria impor-se por força dos conceitos irrenunciáveis da igualdade de direitos e oportunidades
enquanto os legisladores, parlamentares e governantes, forem maioritariamente homens, como manda o Cavaco, Portugal pode ganhar jogos de futebol mas permanecerá uma vergonha no campeonato da civilização
jametinhasdito!!!
observacoes sao bem vindas
com a atribuição, pela Relação de Coimbra, de valor probatório aos ditos exames, ginecológicos, o novo julgamento divergiu do primeiro e condenou 5 dos arguidos: o médico responsável pela clínica, a técnica de saúde e 3 das mulheres que abortaram
haverá certamente recursos por parte da defesa e muitos julgamentos no passado concluiram pela absolvição de mulheres que abortaram, tendo ainda havido um indulto presidencial no mandato de Jorge Sampaio
mas ficam a doer muitas perguntas: só as mulheres são condenadas ? estarão sozinhas no assunto ? protegem os seus maridos e companheiros ?
jametinhasdito!
já a intervenção pública da Ordem dos Médicos contém elementos positivos, questionando o papel atribuído à lei e às punições para resolver algo que pertence à esfera dos valores, apelando à reflexão da sociedade
quanto ao médico, se bem que talvez para as aparências, o corporativismo promete acrescentar mais uma punição - disciplinar - assim receitando a eliminação da coerência...
também estranhamente, a Ordem dos Médicos não se pronuncia sobre o problema de saúde pública que alegadamente subsiste em Portugal, sem que se conheça desmentido oficial
então há diagnóstico mas não há terapia ?
jametinhasdito!!
se houver consciência e bom senso, alguém ficará a remoer a abstenção ao referendo de 1998
mas mais ainda quem caíu na armadilha do referendo
e de alguma forma todos quantos se deixaram enredar na inércia desde pelo menos 1974 - subsiste na lei portuguesa a condenação discriminatória e vexatória da mulher por ser mulher, o que deveria pura e simplesmente ter acabado no 25 de Abril, deveria decorrer da Constituição e deveria impor-se por força dos conceitos irrenunciáveis da igualdade de direitos e oportunidades
enquanto os legisladores, parlamentares e governantes, forem maioritariamente homens, como manda o Cavaco, Portugal pode ganhar jogos de futebol mas permanecerá uma vergonha no campeonato da civilização
jametinhasdito!!!
observacoes sao bem vindas
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