2011-02-23

xeque árabe


jámetinhamdito que a Europa, vergonhosamente, se apressa agora a descobrir a inaceitável corrupção de Ben Ali, Mubarak ou Kadhafi, tendo antes feito interesseira vista grossa à notória falta de democracia e negócios sujos na Tunísia, no Egipto e na Líbia...

é bem verdade!

em alguns casos de ditaduras impiedosas prolongadas, até pode ter havido sanções ou embargos, por sinal amplamente criticados, mas geralmente contra países sem grandes recursos!!

só que importa lembrar que a culpa não pode ser só da comunidade internacional, dos parceiros ou de países terceiros!!!

a principal responsabilidade continua a ser dos ditos ditadores sanguinários que se eternizaram abusivamente no poder; a seguir, de quem os apoia internamente; e depois, infelizmente, de gerações sucessivas do povo que pactuou e pactua com tais senhores, até um dia a juventude acordar desesperada e tentar mudar, com o preço da própria vida e de muitas outras vidas inocentes, assim a situação desavergonhada se disponha a matar manifestantes pacíficos e desarmados em vez do tradicional encarceramento e discreta eliminação!!!

mas atenção: não é só a tenda do Kadhafi que está a estrebuchar em xeque, despeitada e impiedosa, muitos palácios por este mundo fora estão certamente a reforçar a repressão, a trancar portas e a exportar fortunas, colocando familiares a salvo no estrangeiro, pois se em Lisboa, Gdansk e Timisoara foi possível restabelecer liberdade, esperança e democracia, longe mas muito longe disso ficaram Tiananmen, Minsk, Teerão, Cabinda, Moldávia e Birmânia, só para dar alguns exemplos à flor da pena e esquecendo - até quando? - Luanda, Havana e Caracas

oxalá a juventude seja capaz de encontrar formas harmoniosas de superação da culpa de tantas décadas de conivência das gerações antecedentes e seja capaz de expulsar os esbirros sem os substituir por outros da mesma estirpe ou porventura menos civilizados

sim, que ainda a procissão vai no adro... e se muitos Países europeus temem agora a migração massiva dos ... situacionistas, colaboracionistas e outros oportunistas expulsos pelas revoltas populares árabes, a menos que sejam portadores de estupendo cheque árabe, certo é que mais à contraluz se realça a necessidade de uma política de acolhimento de migrantes continente africano, de modo a assegurar um reequilíbrio harmonioso Norte / Sul, económico, demográfico e cultural

;_)))



ps - nem por acaso, a secção "oil & energy" da Reuters acaba de despachar uma curiosa partilha de preocupação sobre a reacção líbia à revolta popular contra 42 anos de tirania, assimilando a vizinha e eterna euro-candidata Turquia aos mais ousados Estados europeus que já se manifestaram - Portugal, entre outros países, parece estar a salvaguardar a integridade e o regresso dos seus nacionais, antes de maiores declarações, estando ainda muito presente a célebre visita de Kadhafi e as vicissitudes da sua bela tenda beduína (entretanto oferecida ao amigalhaço Chavez, que pretendia dar-lhe uso nas cheias de Dezembro passado em Caracas) em que assentou arraiais e recebeu a nata portuguesa em 2007, no Forte de São Julião da Barra, bem como as 4 (!) visitas de Estado feitas por Sócrates nos últimos anos, a mais recente em Setembro passado, para uma reunião de 20 minutos entre 10 países ribeirinhos do Mediterrâneo e uma noitada de comemorações da revolução líbia, incluindo a especial distinção de ir para a festa no carro do próprio Kadhafi, tudo sob a justificação dos 35 mil milhões de euros em negócios entre Portugal e a Líbia, destacando-se o petróleo para a Galp, a construção civil e... numa prova de isenção das confissões, o Banco Espírito Santo...


observações são bem vindas ;->>>

1 comentário:

Sofá Amarelo disse...

Dentro de poucos anos serão os políticos europeus a sofrer na pele aquilo que estão a apanhar aqueles que eles apoiam desavergonhadamente! Esta geração de políticos europeus vai ser julgada e condenada porque as coisas mudam muito depressa e ninguém está imune aos ciclones das gentes...