2010-03-03

atravessar ou não


foi hoje (ontem, 2 de Março de 2010) novamente anunciado um reforço da fiscalização policial relativamente ao problema dos atropelamentos de peões, tema cíclico em que as vítimas são sobretudo crianças e idosos

na reportagem da TSF, o comandante da PSP, Paulo Flor, refere-se expressamente ao objectivo "repressivo" do policiamento à paisana e a generalidade das notícias alardeia o propósito policial de reforçar as ameaças de multas...

então a polícia à paisana é para multar e reprimir, em vez de ensinar, prevenir e evitar acidentes? pois jametinhamdito !

quem afinal ajuda os idosos? um dos exemplos mais referidos, até pela expressiva quantidade de acidentes e vítimas mortais, é a fatídica Estrada de Benfica e os casos relatados atingem sobretudo idosos que atravessam fora das passadeiras

ora, bem se vê que faltam passadeiras e condições adequadas ao atravessamento da via em segurança por parte de pessoas idosas

trata-se de uma via percorrida essencialmente por transportes públicas, a que estão reservados inúmeros troços

claramente, o problema não pode ser solucionado com multas aos idosos e muito menos repressivamente, isto é, depois de serem atropelados ou de correrem esse risco - importante e mais eficaz seria a acção pedagógica e a prestação de auxílio, além da adequada gestão do tráfego automóvel, que precisa de acalmia e redução drástica das velocidades, sobretudo quanto a veículos pesados!!!

a concepção dos arruamentos é também decisiva, uma vez que nas enormes alamedas, avenidas e outras artérias de considerável extensão se propicia a velocidade excessiva

por outro lado, o sistemático estacionamento de automóveis nos passeios e em segunda fila prejudica a visibilidade aos peões que pretendem atravessar e aos transeuntes em geral, escândalo caótico nas barbas dos polícias e das respectivas esquadras, bem como sob os olhos dos responsáveis pelos serviços da Câmara Municipal de Lisboa e do respectivo presidente, todos revelando contumaz incompetência na matéria, apesar das ilusórias e interesseiras promessas

essa incompetência grosseira prova-se pelos péssimos resultados de aumento da sinistralidade e da sua gravidade, atingindo os mais vulneráveis - os peões e os idosos

e as medidas "repressivas" anunciadas, além de odiosas, deverão agravar mais os problemas criados pelos serviços e responsáveis incompetentes

livra...



observações são bem vindas
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2 comentários:

Anónimo disse...

Siso e sabedoria, como o autor do texto demonstra, são urgentemente necessários por parte das autoridades.
jmco

Sofá Amarelo disse...

O problema das passadeiras para peões é mais complicado que o simples 'pára e deixar passar!'.
Por um lado, todos nós somos peões e automobilistas ciclicamente e temos atitudes diferentes consoante estamos atrás de um vidro ou com os pés no chão.
Se os automobilistas precisam ser postos na linha também os peões precisam aprender que não se pode chegar a uma passadeira e passar sem olhar... 'quem vem lá que pare!'! Por outro lado, um cidadão exemplar deixa passar um carro, se no horizonte só vier esse carro - manobra-se melhor o corpo humano que uma máquina.
Por outro lado ainda, as entidades responsáveis não colocam candeeiros na maioria das passadeiras à noite... e como os portugueses são um povo que veste muito escuro qualquer pai de filhos e bom marido se pode tornar um assassino de um momento para o outro... a localização de algumas passadeiras não lembra nem ao diabo (vou fazer fotos disso).
Tudo isto não desculpa aquela senhora que está a ser julgada por ter atropelado 3 mulheres no Terreiro do Paço, mas penso que tanto os automobilistas como os peões precisam de cursos intensivos de andar na rua.

Forte abraço!!!